Orquestra Municipal de Jundiaí apresenta-se no próximo dia
14, sob a direção de sua regente titular, Claudia Feres, no Teatro
Polytheama, em Jundiaí.
No programa, obras de Copland, Elgar, Finzi e Holst. ENTRADA
FRANCA.
No mês de julho, a OMJ traz um programa dedicado a
compositores de língua inglesa que desenvolveram suas obras nos últimos anos do
século XIX e primeiras décadas do século XX. A reunião de compositores ingleses
e um norte-americano em um mesmo concerto pode parecer que ouviremos um
concerto dedicado a uma música nacionalista, o que não é verdade. Antes de mais
nada esta noite nos convida a ouvir uma música que se apóia na própria tradição
musical européia construída nos séculos anteriores.
Na história da música, o século XX é um período marcado por
grandes transformações. O sistema tonal, baseado nas escalas maior e menor, que
havia se estabelecido desde o período barroco e desde então se tornado a base
para a linguagem musical ocidental, estava em cheque. Compositores como Claude
Debussy e Richard Wagner, haviam, de formas distintas, levado o sistema ao
limiar de sua dissolução. Também nas primeiras décadas do século XX é que
Arnold Schoenberg iria declarar a morte do sistema tonal que deveria ser substituído
pelo dodecafonismo. Sem dúvida, a música do século XX espelhava os anos
conturbados que se anunciavam.
Porém, os compositores que apresentamos no concerto desta
noite preferiram se manter à margem destas transformações, buscando em suas
obras dar continuidade ao legado musical do passado. Isso não significa que
tenham produzido obras conservadoras, mas sim que diante da ruptura anunciada
pelo século XX, preferiram se manter nos trilhos da música tonal, fazendo com
que ela falasse a “língua” do século que se iniciava.
Aaron Copland (1900-1990), nascido no Brooklyn, em uma
família de judeus lituanos emigrados da Rússia, é considerado o decano dos
compositores norte-americanos. Decidido
a seguir uma carreira musical, transferiu-se aos dezessete anos para Paris,
onde, vivendo e estudando por cinco anos, travou contato com as tradições
musicais européias ao mesmo tempo em que era testemunha da efervescência da
música moderna. Em Paris foi aluno de Nadia Boulanger, figura importantíssima
na formação de muitos dos principais compositores do século XX.
Dessa formação que reuniu a tradição e a linguagem moderna,
resultou uma obra profundamente marcada por um “sotaque” americano, permeada
por uma linguagem moderna. Seu ballet “Rodeo”, escrito em 1942, é um conto
sobre um casamento no campo. Nessa obra é possível reconhecer canções
folclóricas intercaladas com música original do compositor. A Orquestra
Municipal de Jundiaí abre o concerto com um dos movimentos da obra: Hoe Down.
Aqui o compositor procura imitar uma rabeca tocando uma música de quadrilha
americana, emprestando um tema bem conhecido, de uma versão da canção
“Bonypart” muito usada em filmes que buscam uma atmosfera “Country”.
Sir. Edward William Elgar (1857-1934), é considerado um dos
mais importantes compositores ingleses, e bastante conhecido por sua exuberante
obra “Pompa e Circunstância”. Ao contrário dos compositores de cunho
nacionalista do final do século XIX e início do XX, Elgar considerava a música
folclórica como algo menor, pouco digna de servir de material para suas
composições. Também cultivava um certo desprezo pelos compositores ingleses do
passado mais remoto, considerando nomes como William Byrd (1540-1623) e seus
contemporâneos como “peças de museu”. No entanto dedicava profunda admiração a
Henry Purcell (1659-1695), considerando-o como um dos maiores compositores
ingleses de todos os tempos. Sua obra parece estar influenciada pelos grandes
compositores do final do romantismo, como Brahms, Dvorak e Wagner.
Em grande contraste com uma obra de marcada por grandes
massas sonoras, como “Pompa e Circunstância”, já citada, ou as variações
“Enigma”, o compositor escreveu sua Serenata Op. 20 com dimensões
modestas, em 3 movimentos curtos, mas
que já mostra grande maturidade. Composta em 1892, acredita-se que essa obra
tenha sido derivada de uma outra serenata que foi perdida, escrita nos anos de
1880. A Serenata teve sua primeira execução na Antuérpia, somente 4 aos após
ter sido completada.
Gerald Raphael Finzi (1901-1956). Nascido em Londres, em uma
família de judeus, de origem italiana por parte do pai e alemã, pelo lado
materno, Finzi produziu uma obra tipicamente inglesa, onde fica clara a
influência de Elgar, Vaugham Williams e outros compositores que não estavam
preocupados em trazer novas experiências ou construções modernas para suas
composições. O fascínio do compositor pela vida no campo, que o levou a
abandonar a capital britânica trocando-a pelo condado de Witlshire, onde
dedicava-se também ao cultivo de maçãs, se reflete em sua obra, marcada por um
lirismo pastoral. Mesmo nas obras instrumentais pode-se perceber também uma
forte influência da escrita coral a qual o compositor dedicou boa parte de sua
obra.
Em um catálogo de suas obras Finzi escreveu: “A essência da
arte é a ordem, a conclusão e a realização. Algo é criado do nada, a ordem do
caos; e quando temos sucesso em transformar um material intratável em coerência
e forma, um alívio vem à mente... deve ficar claro, especialmente no caso de um
trabalhador lento, que somente uma vida longa pode ver a conclusão dessa projeção. Consequentemente, essas
poucas obras de minha publicação podem somente ser consideradas fragmentos de
uma construção”.
Gustav Theodore Holst (1874-1934), pertence a mesma geração
de outro importante compositor inglês do início do século XX, Ralph Vaugham
Williams. Foi através do colega de estudos que Holst travou conhecimento com a
música de Ravel que, unida a um forte interesse pelo espiritualismo hindú e
pela música folclórica inglesa, ajudou-o a forjar um estilo próprio. Este
estilo pode ser bem ilustrado pela suite orquestral “Os Planetas”, uma de suas
obras mais importantes.
Holst também desenvolveu uma notável carreira como educador
musical, tornando-se mestre de música no Saint Paul’s Girls School em 1905. Foi
para a orquestra formada pelas alunas desta escola que ele escreveu a Suite
Saint Paul em 1913. Ao escrever música para um conjunto formado por jovens
estudantes Holst incorpora-se a uma longa tradição britânica de ensino musical.
Basta lembrarmos que a primeira ópera inglesa, “Dido et Aeneas”, de Purcell,
foi escrita para ser executada também em uma escola de meninas, em 1688.
Apesar de ter sido escrita para um conjunto amador a Suite
St. Paul não pode ser descrita como uma obra simples. A própria filha do
compositor havia comentado que nunca chegaria o dia em que a orquestra
conseguiria tocar o segundo movimento da suite. A suite Saint Paul utiliza
materiais de canções tradicionais inglesas. Em seu terceiro movimento aparece
uma melodia com influência moura e ao final o famoso Greensleeves faz
contraponto para mais um tema tradicional inglês.
Serviço:
Orquestra Municipal de Jundiaí, regência Claudia Feres.
dia 14 de julho, sábado, às 20h.
Teatro Polytheama
Rua Barão de Jundiaí, 176, Centro, Jundiaí - SP
ENTRADA FRANCA
www.facebook.com/orquestramunicipaldejundiai
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