segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Antonio Meneses inaugura ano acadêmico da Escola de Música da UFRJ

Antonio Meneses ensaiando com Karajan (c.1984)

Antonio Meneses, um dos maiores violoncelistas brasileiros de todos os tempos e inegavelmente um dos grandes especialistas desse instrumento na atualidade, é o convidado especial da cerimonia de abertura do ano letivo na Escola de Música (EM). Ele ministrará a aula inaugural da instituição no próximo dia 16 de março, às 11 horas, na Sala da Congregação e abordará o tema "O violoncelo e a técnica da interpretação". O instrumentista é atualmente professor do Conservatório de Berna, na Suíça, e vem oferecendo nos últimos anos numerosos workshops e cursos de aperfeiçoamento na Europa, Américas e Japão.
Antonio Meneses ensaiando com Karajan (c.1984
Meneses faz cerca de oitenta apresentações por temporada, seja como solista de orquestra (a convite de regentes consagrados como Claudio Abbado e Sir Simon Rattle, para citar apenas dois), seja como integrante do conjunto de câmara Beaux Arts Trio. Embora viva há décadas no exterior, entre os Estados Unidos e países da Europa, vem ao Brasil com frequência para apresentações.

O músico começou a estudar violoncelo por influência do pai, trompista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1977, aos 19 anos, foi o vencedor do prestigiado Concurso Internacional de Munique e em 1982 do Concurso Tchaikovsky o que lhe valeu um convite para gravar ao lado do lendário Herbert von Karajan - um dos mais emblemáticos regentes do século XX. O encontro com Karajan foi decisivo para a carreira de Meneses, pois ampliou seu prestígio como intérprete e expandiu enormemente o público dos seus concertos e recitais.

"Eu notei logo que o importante para o Karajan era organização e a forma - a forma para ele era de uma importância imensa mesmo", lembra o músico, em sua biografia lançada no final do ano passado, os primeiros encontros com o carismático maestro.

O livro, cujo título é Antonio Meneses - Arquitetura da Emoção (Algol Editora), foi escrito pelos jornalistas João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros a partir de quase sessenta horas de entrevistas com o músico.

Ele tem valorizado um repertório pouco usual. Gravou, por exemplo, o concerto D'Albert, várias obras de David Popper e três concertos para violoncelo e cordas de Carl Philipp Emanuel Bach. A música brasileira aparece com frequência em suas apresentações ao vivo e nos seus CDs, com destaque para a de Heitor Villa-Lobos, de quem gravou os dois concertos para violoncelo e orquestra, a fantasia, também para violoncelo e orquestra, as Bachianas Brasileiras 1 e 5, e, com Cristina Ortiz, a integral da obra para violoncelo e piano do compositor.

Aliás, é impressionante a sua produção fonográfica, sempre de altíssimo nível. Antonio Meneses protagonizou mais de 20 gravações, muitas das quais, como os registros do Don Quixote, de Richard Strauss, e do Concerto Duplo, de Brahms (que contou também com a violinista Anne-Sophie Mutter), em colaboração com Karajan, são consideradas modelares.
UFRJ

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