Com 115 imagens de 26 artistas a exposição Moderna para
Sempre – Fotografia Modernista Brasileira apresenta um dos momentos mais
importantes dessa arte no país. “Esse movimento deixou marcas na fotografia
brasileira até hoje. A fotografia brasileira vem de uma trajetória documental,
porém, tentou, da ruptura que os modernistas propuseram, mudar a sua forma”,
explica o curador Iatã Cannabrava sobre a mostra que pode ser vista no Itau
Cultural, na Avenida Paulista, região central da capital.
A partir da década de 1940, o movimento modernista começou a
estabelecer no Brasil uma estética própria para a fotografia. “Nessa ruptura da
escola paulista, eles discutem uma forma própria para a fotografia. Uma sintaxe
própria para o fazer fotográfico. Uma linguagem própria para a fotografia. Não
era uma releitura da pintura. Não era uma releitura documental da própria
fotografia. Era uma linguagem própria que se baseava, como tema, na própria
discussão da forma elaborada na alquimia do laboratório fotográfico”, explica Cannabrava
sobre os trabalhos que experimentavam diversas possibilidades, como a fusão de
fotos e fotomontagem.
Apesar da inventividade da produção fotográfica iniciada no
Foto Cine Clube Bandeirante de São Paulo, havia, segundo o curador, uma linha
clara que guiava a produção de imagens. “É um material contundente, uníssono,
ele tem um som amarrado. Ele tem uma cara bastante bem amarrada. Você tem a
sensação de que aquilo era um autor ou dois autores, aí você percebe que era um
grupo. Um grupo coeso, organizado”, destaca sobre as fotografias de artistas
consagrados como German Lorca, José Yalenti e Marcel Giró.Entre os mais
influentes, Cannabrava aponta o fotógrafo e designer Geraldo de Barros, grande
influência na fotografia da atualidade. Ousado, Barros buscou levar sua arte
além dos limites do fotoclube. Os núcleos, que reuniam aficionados por essa
arte, eram importantes centros de estudo e intercâmbio de informações. No
entanto, também delimitavam regras para os participantes.
“Ele rompeu inclusive com o fotoclube. Chega um momento em
que ele corta as fotografias, rompendo com a forma externa”, pontua o curador
sobre Barros. Na exposição, podem ser vistas 11 fotografias do artista, em um
trabalho fortemente marcado pelas formas geométricas. Entre elas estão: Cadeira
Unilabor, Fotoforma, Estação da Luz e Fotoforma, Pampulha.
Outro artista que aparece com destaque na mostra é Marcel
Giró. Catalão exilado no Brasil, foi um dos principais representantes da
chamada Escola Paulista. Em uma de suas fotos, Esboço, o fotógrafo faz uma
leitura sensível a partir dos traços de um lago com plantas aquáticas. “Isso dá
uma especial delicadeza ao jogo com as formas, tão inerente ao movimento da
fotografia moderna”, destaca Cannabrava.
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