De caráter internacional, o
projeto “Arte e Estado” foi contemplado no edital Conexão Artes Visuais/Minc/Funarte/Petrobras
O ciclo de debates Arte e
Estado: Possíveis Relações entre o Sistema das Artes e as Políticas Culturais
no Período da Ditadura Civil-militar Brasileira será realizado de 25 a 28 de
junho, a partir das 19h, no Centro Cultural São Paulo, na capital paulista.
O encontro propõe discussões em
torno da relação dos diversos agentes das artes visuais e o estado autoritário
no contexto latino americano, com ênfase no regime ditatorial brasileiro.
“Nosso objetivo é aprofundar e reavaliar certas asserções que relacionam a arte
contemporânea e seus principais agentes à ditadura civil-militar brasileira,
especificamente às políticas públicas de fomento e difusão cultural
implementadas no período de 1964-1985 e à apropriação da memória desses anos de
chumbo como tema central de poéticas artísticas contemporâneas”, afirma
Fabrícia Jordão, idealizadora do projeto.
Partindo dessa perspectiva, o
ciclo de debates Arte Estado se propõe a atualizar a discussão em torno dessa
contraditória e complexa relação histórica e política, que a arte contemporânea
mantém com poder/estado brasileiro desde a instauração da ditadura até os dias
de hoje.
O Artista e o Estado
Autoritário (25/06), Produção Artística e o Estado Autoritário (26/06), Arte,
Ditadura e Feminismo (27/06) e Arte Contemporânea e o Estado Autoritário
(28/06) são os temas que compõem as mesas de debates.
Entre os debatedores estão o
pesquisador Marcos Napolitano (USP); o artista multimídia Paulo Bruscky; as
pesquisadoras Dária Jaremtchuk (USP) e Vivian Braga (USP); os artistas Janaína
André, Marta Penner, Fulvia Molina, GOTO e Sebastião Oliveira Neto; e as
artista e pesquisadoras Gabriela Leirias, Rosa Blanca, Lina Arruda e Ana Paula
Simioni. Também participam como convidadas a artista, pesquisadora e curadora
independente María Inígo Clavo (Espanha) e Nadia Carolina Golder, que
representa o Grupo de Arte Callejero (Buenos Aires).
A coordenação é de Fabrícia
Jordão, Mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA-USP).
Confira a programação.
Dia 25 de junho
Mesa 1 – 19h
O Artista e o Estado
Autoritário
A atuação e produção de
diversos artistas durante o regime civil-militar brasileiro (1964-1985)
continuam sendo explicadas por meio da polaridade resistência-cooptação,
favorecendo uma análise superficial de uma complexa relação em que parte
significativa da cultura de oposição foi apoiada pela política cultural do
regime sem sucumbir à sua ideologia.
Diante da necessidade de
aprofundar essa discussão, a mesa se propõe a refletir sobre a relação do
artista com o estado autoritário. Foram
convidados o pesquisador Marcos Napolitano (USP), o artista multimídia Paulo
Bruscky e a pesquisadora Dária Jaremtchuk (USP), que fará a mediação.
Dia 26 de junho
Mesa 2 – 19h
Produção Artística e o Estado
Autoritário
A produção artística
brasileira, durante o período ditatorial, foi marcada por trabalhos de caráter
eminentemente experimental. Que aliavam questionamentos em torno do sistema,
natureza e função da arte a outros em torno do contexto cultural, social e político
brasileiro durante a ditadura militar brasileira. Esse processo culminou,
dentre outros, com o estreitamento das relações entre arte e política. As
transformações instauradas pela arte experimental brasileira nas décadas de
1960/1970 serão tensionados por uma vertente de coletivos artísticos que surgem
após a abertura política, culminando com uma prática/produção na qual ativismo
político/social e arte não se dissociam.
Participam como convidados o
Coletivo de Arte ENTORNO (Brasília), representado pelas artistas Janaína André
e Marta Penner; os artistas GOTO (integrante dos Coletivo EPA e E/Ou) e
Sebastião Oliveira Neto (integrante do grupo OCUPEACIDADE); a artista e pesquisadora Gabriela Leirias e a
artista, pesquisadora e curadora independente, especialista em arte brasileira,
María Inígo Clavo (Espanha).
Dia 27 de junho
Mesa 3 – 19h
Arte, Ditadura e Feminismo
Essa mesa propõe indagações
acerca da contribuição da arte feminista e queer para o estreitamento das
relações entre arte e política a partir do final da década de 1960, no Brasil e
nos Estados Unidos. Abordando os temas
da representatividade (presença e ausência de mulheres artistas no campo
artístico institucional), da representação e da auto-representação (imagens
produzidas por mulheres, lésbicas e representações queer), os debates
compreenderão os múltiplos aportes das proposições artísticas feministas e
feitas por mulheres considerando-se as transformações do sistema, natureza e
função da arte e atentando também para seus efeitos no âmbito sócio-cultural,
especialmente seus potenciais desestabilizadores dos valores heteronormativos.
Participam as pesquisadoras e artistas profª. Dra. Rosa Blanca, Lina Arruda e a
profª. Dra. Ana Paula Simioni.
Dia 28 de junho
Mesa 4 – 19h
Arte Contemporânea e o Estado
Autoritário
Para além de suas intersecções
anteriores, a confluência entre artes plásticas e Estado, no que diz respeito
aos períodos das ditaduras latino-americanas, é retomada a partir da década de
1990, com um visível aumento do incentivo estatal em financiar exposições de
produções contemporâneas, que têm nas memórias relacionadas às ditaduras
latino-americanas a temática central de seus trabalhos. Em concomitância,
soma-se a isto o aumento da visibilidade de propostas sobre esse viés, para além
do limite fronteiriço dos países aos quais as memórias estão, porventura,
relacionadas.
Participam o Grupo de Arte
Callejero (Buenos Aires), representado por Nadia Carolina Golder; a artista
brasileira Fulvia Molina (São Paulo) e a pesquisadora Vivian Braga (USP), a fim
de dar continuidade aos diálogos dos diferentes caminhos dessas produções
contemporâneas a partir de alguns pontos, dos quais se destaca o seguinte: como
abordar essas memórias deflagradas, por vezes de caráter hediondo, na esfera
pública?
Sobre Fabrícia Jordão
Mestre em Artes Visuais
(História, Teoria e Crítica de Arte) pela Escola de Comunicação e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA-USP), com pesquisa desenvolvida em torno da
atuação do Núcleo de Arte Contemporânea da Universidade da Paraíba no período
de 1978 a 1985. Em novembro de 2010, foi premiada na primeira edição do prêmio
Estudos e Pesquisas sobre arte e economia da arte no Brasil do Programa Brasil
Arte Contemporânea da Fundação Bienal de São Paulo. Paralelo às atividades acadêmicas,
desenvolve trabalhos relacionados com a formação continuada de professores de
artes visuais, coordenação em projetos educativos, elaboração/produção de
materiais didáticos e de projetos culturais. Possui artigos publicados em
livros, revistas e anais de eventos da área de Artes Visuais.
Serviço:
Ciclo de debates: Arte e
Estado: Possíveis Relações entre o Sistema das Artes e as Políticas Culturais
no Período da Ditadura Civil-militar Brasileira
De 25 a 28 de junho de 2013, a
partir das 19h
Local: Centro Cultural São
Paulo
Rua Vergueiro, 1000 –
Liberdade, São Paulo (SP)
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