Estudo mostra que o núcleo accumbens,
área do cérebro relacionada ao prazer e à recompensa, é a principal responsável
pela reação de uma pessoa ao ouvir músicas que ainda não conhece
Um dos
principais motivos pelos quais ouvir música é uma atividade prazerosa é o fato
de que ela está relacionada aos sentimentos e memórias de cada um. Porém esse
fato não explica o processo que leva uma pessoa a gostar ou não de uma música
quando a ouve pela primeira vez. Um estudo publicado nesta sexta-feira na
revista Science mostra que a memória musical, em conjunto com complexas regiões
do cérebro responsáveis pela identificação de padrões, ajuda a determinar a
reação de cada um diante de uma música desconhecida.Os pesquisadores utilizaram imagens de ressonância magnética para observar a atividade cerebral de 19 voluntários ao escutar trechos de músicas que eles nunca tinham ouvido antes. Para medir de forma objetiva se eles gostavam ou não das músicas, foi utilizado um programa de computador semelhante ao iTunes, software da Apple que permite ouvir e comprar músicas. Dessa forma, os participantes ouviam apenas trechos de músicas e, caso desejassem, podiam comprar a faixa completa usando seu próprio dinheiro.
A área do cérebro que apresentou maior relação com a decisão de comprar ou não uma música é o núcleo accumbens, região do cérebro relacionada à criação de expectativas e ao prazer. Quanto mais intensa a atividade observada nesta área cerebral enquanto a pessoa ouvia a música, mais ela se mostrava disposta a pagar pela canção.
Isso ocorre porque o cérebro está constantemente criando previsões. E, de acordo com a pesquisa, é isso que torna a música atrativa. “A música é uma recompensa intelectual, porque está relacionada à habilidade de identificar padrões e fazer previsões”, escrevem os autores.
Um exemplo dessa antecipação do cérebro é a sensação boa que acomete alguém que ouve os primeiros segundos de sua música favorita. Porém o cérebro faz previsões mesmo diante de uma música completamente desconhecida. Nesse processo, o núcleo accumbens trabalha em conjunto com o giro temporal superior, área do cérebro relacionada à memória musical.
Para os
autores, o estudo representa os primeiros passos para entender como estímulos
estéticos, como a música, que não têm uma relação direta com a sobrevivência,
também podem ser prazerosos para o homem. Além disso, a pesquisa também
contribui para o entendimento da razão pela qual as pessoas apresentam reações
tão diversas à música ou à arte de forma geral. “Todas as músicas que uma
pessoa já ouviu no passado determinam quais músicas ela vai gostar hoje. Isso
ajuda a entender por que as pessoas gostam de músicas diferentes”, afirma
Valorie.
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