Casa de Oxumaré, sob os mais variados
aspectos, constitui-se um dos mais relevantes templos da cultura
afro-brasileira.
Casa de
Oxumaré, sob os mais variados aspectos, constitui-se um dos mais relevantes
templos da cultura afro-brasileira.
O Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou nesta quarta-feira, dia 27 de
novembro, o tombamento do Terreiro Baiano de Candomblé Ilê Axé Oxumaré. “Muito
além das práticas religiosas, o terreiro exerce papel fundamental à luta e
resistência do povo negro, bem como na disseminação da rica cultura africana em
nosso país”, afirmou a Ministra da Cultura, Marta Suplicy, presente na
reunião. (Veja as fotos aqui )
Ela ressaltou
que há 29 anos o Conselho Consultivo do Patrimônio protegia o primeiro terreiro
e agradeceu aos Conselheiros e à equipe do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) por trabalhem para a preservação da história e
cultura nacional. Na ocasião, Marta Suplicy anunciou que será construído em
Brasília um Museu de Acervo Afro, mas que terá como foco trazer à luz histórias
desconhecidas do povo negro, bem como resgate da autoestima.
Agora, são
sete terreiros de candomblé protegidos pelo IPHAN, o que reafirma a postura da
instituição na consolidação de um conceito sobre o Patrimônio Cultural, que
inclui todas as manifestações que contribuíram para a formação da identidade
nacional ao longo dos séculos e envolve a sociedade na gestão deste patrimônio.
“Toda a história e resistência de um povo, representada neste espaço, que é o
Terreiro, foi reconhecida e agora é um bem cultural brasileiro, protegido“
celebrou a presidenta do IPHAN, Jurema Machado. Os terreiros já tombados pelo
IPHAN são Casa Branca, Ilê Axé Opô Afonjá, Gantois, Alaketu e Bate-folha, na
Bahia em Salvador, e a Casa das Minas Jejê, em São Luís (MA).
A
solicitação de tombamento do Ylê Axé Oxumarê – considerado um dos mais antigos
centros de culto afro-brasileiro da Bahia e de grande reconhecimento social –
foi feita em 18 de setembro de 2002, pelo sacerdote Babalorixá Agoensi
Danjemin, supremo dirigente do Ylê Oxumarê. O Babá Pecê do Terreiro,
Silvanilton Encarnação da Mata, ressaltou que a proteção é um reconhecimento da
contribuição do povo africano que trouxe e deixou no Brasil seu conhecimento,
sua cultura, seu legado. Para o Diretor do Departamento de Proteção ao
Patrimôniuo Afro-Brasileiro da Fundação Palmares, Alexandre Reis, o tombamento
reafirma o momento histórico vivido no país onde se consolidam as políticas de
ações afirmativas pelo poder público e sociedade na superação das
desigualdades. Na mesma linha, a Senadora Lídice da Mata ressaltou os avanços
frente ás políticas culturais de igualdade racial e celebrou ainda o tombamento
do Teatro Castro Alves, também na Bahia. Só na cidade de Salvador há mais de
mil sedes de cultos afro-brasileiros.
Mas, o
Superintendente do IPHAN-BA, Carlos Amorim, afirma que nem todos esses templos
precisam ser tombados pelo IPHAN para terem o seu valor cultural reconhecido.
Ele ressalta que a preservação de templos e locais sagrados da cultura
afro-brasileira é recente e se limitou, nos últimos 25 anos, à inscrição nos
livros de tombo oficiais. No entanto, “as novas políticas públicas de preservação
revelam um processo de amadurecimento das instituições federais na gestão dos
bens da cultura afro-brasileira e um maior envolvimento das comunidades
religiosas”, conclui.
Oxumarê é
simbolo da riqueza
A Oxumarê é
o orixá do movimento e dos ciclos vitais que geram as transformações, que o
santuário é consagrado. Na tradição ioruba, os orixás correspondem a ancestrais
divinizados e que correspondem às forças da natureza. Portanto, seus arquétipos
estão diretamente relacionados às manifestações dessas forças.
Segundo a
tradição, Oxumarê é simbolo da riqueza, da continuidade e da permanência, é a
serpente-arco-íris, que representa a união entre o céu e a terra, o equilíbrio
entre os orixás e os homens. É uma divindade muito antiga, participou da
criação do mundo enrolando-se ao redor da terra, reunindo a matéria e dando
forma ao Mundo. Sustenta o Universo, controla e põe os astros e o oceano em
movimento. Rastejando-se pelo Mundo, desenhou seus vales e rios. É a grande
cobra que morde a cauda, representando a continuidade do ciclo vital. Sua
essência é o movimento, a fertilidade, a continuidade da vida.
O dia da
semana de culto à Oxumarê é a terça-feira; suas cores são o amarelo e o verde
(ou preto), além das cores do arco-íris; seus símbolos são o Ebiri (espécie de
vassoura feita com nervuras das folhas das palmeiras), a serpente, o círculo e
o bradjá (colar de búzios); e sua saudação é: A Run Boboi!!!
O Conselho
Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho
que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de
diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são
22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o
Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de
Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério
das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus –
Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes
da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Nesta 74ª
reunião o Conselho também avaliará a proposta de tombamento do Teatro Castro
Alves, em Salvador (BA), e a proposta de Registro da Festividade do Glorioso
São Sebastião da Cachoeira do Arari, na região do Marajó, no Pará.
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