O
concerto apresenta peças raramente executadas dos compositores italianos do
século XVIII Antonio Vivaldi, Baldassare Galuppi, Francesco Durante, Francesco
Mancini, Giuseppe Valentini e Pietro Antonio Locatelli. As obras representam,
de forma ilustrativa, a estética da Teoria dos Afetos no Barroco italiano, cuja
proposta era tornar a música capaz de suscitar uma variedade de emoções
específicas em cada ouvinte. Formada em 2007, a Orquestra Arte Barroca
interpreta repertório camerístico e orquestral dos séculos XVII e XVIII,
orientando-se pelo estudo de tratados de época por meio de elementos
estilísticos, históricos e biográficos, e busca uma sonoridade diferenciada
utilizando cópias de instrumentos barrocos. A partir de pesquisas em
bibliotecas da Europa e em sites especializados, a orquestra traz ao público
obras de compositores menos conhecidos e de interpretação ainda inédita.
CONCERTOS
RAROS ITALIANOS - Gli affetti italiani
No
século XVIII, a Península Itálica estava sob a dominação estrangeira dos
Habsburgos austríacos e passava por um relativo momento de paz após longos
períodos de guerra. Os Estados papais e os ducados de Este e de Savoia eram
alguns dos poucos Estados independentes, de modo que a região em si apresentava
grandes discrepâncias sociais entre suas cidades. A despeito disso, três
cidades elevaram-se culturalmente e exerceram sua influência ao largo de toda a
região: Roma, Veneza e Nápoles.
A
Igreja Católica Romana ainda era a grande patrona das artes, e seu movimento de
Contra-Reforma para conter a ascensão do protestantismo empregava arte de
maneira emocional, realista e dramática como meio de propagação da fé. Apesar
disso, a produção de música secular puramente instrumental era bastante grande
por parte dos compositores, e estes empregavam largamente a estética da “teoria
dos afetos”, onde a proposta era fazer uso de certos procedimentos musicais a
fim da música tornar-se capaz de suscitar uma variedade de emoções específicas
a cada ouvinte em particular. Devido a sua influência econômica, Roma era a
principal rota para inúmeros jovens compositores que migravam em busca de
aperfeiçoamento estilístico e melhores condições de trabalho. Lá se instalou o
compositor Pietro Antonio Locatelli, advindo de outra localidade à procura de
ascensão artística. Assim, enquanto Roma atraia uma grande quantidade de
eminentes compositores e artistas em geral a fim de melhores oportunidades, as
demais da Península Itálica encontravam-se ainda em lento desenvolvimento
social. Veneza, por exemplo, era uma cidade comercial sobre-a-água, uma
República independente da Igreja Católica, que havia sido lugar de grande
riqueza, obras-primas arquiteturais e grande influência musical, mas cujo poder
econômico e riqueza estavam já num vertiginoso declínio do qual a cidade nunca
mais se recuperaria. Ali nasceu Antonio Vivaldi, o “padre ruivo”, que teria num
orfanato feminino seu principal meio de sustento, e pouco mais tarde nasceria
Baldassare Galuppi para a honra da ilha de Burano. Nápoles, por sua vez, era um
reino superpovoado e caótico, sofrendo com crises por falta de saneamento
básico, mas que malgrado estas diferenças sociais rivalizava com Roma em
influência musical, se não também em seu esplendor artístico e arquitetônico.
Nápoles mereceu esta posição na música graças a um sem número de talentosos
músicos, entre os quais Francesco Durante e Francesco Mancini, e se vangloriava
de possuir alguns dos melhores conservatórios de música da Europa na época.
O
presente concerto apresenta peças raramente executadas destes compositores
citados que ilustram perfeitamente os ideais da “teoria dos afetos” no Barroco
italiano, tanto pelos subtítulos associados à cada música quanto pela sua
descrição em som. De Vivaldi, “IL PROTEO Ò SIA IL MONDO AL ROVESCIO” (O Proteu,
ou o mundo está de dentro para fora), narra a lenda de Proteu, que segundo a
religião grega e romana, é uma divindade menor do mar e profeta que,
metamorfoseando-se, assume aparências marinhas monstruosas e assustadoras quando
da aproximação de humanos. De Locatelli, ouviremos “IL PIANTO D'ARIANNA” (O
pranto de Ariana). Filha de Pasífae e Minos e meia-irmã do Minotauro, diz o
mito grego que esta chorou ao acordar numa manhã e encontrar-se abandonada por
Teseu que a deixou completamente sozinha em praia estrangeira após tê-lo
ajudado a encontrar a saída do labirinto de Dédalo onde ele havia matado o
Minotauro. Bastante pictórico também é o concerto de Francesco Durante
intitulado “La Pazzia” (A loucura), onde as diferentes seções servem para
contrastar as diferentes variações de humor de alguém ficando louco,
literalmente. Esta récita fica completa com os afetos Francesco Mancini e
Baldassare Galuppi, este último cuja série de “7 CONCERTI A QUATTRO” são
claramente experimentos iniciais do que logo se tornaria o quarteto de cordas
clássico.
CONCERTOS
RAROS ITALIANOS - Gli affetti italiani
ANTONIO
LUCIO VIVALDI (1678-1741)
IL
PROTEO Ò SIA IL MONDO AL ROVESCIO
Concerto
para violino, violoncelo, cordas e basso continuo em Fá maior (RV 544)
I. Allegro
II. Largo
III. Allegro
PIETRO
ANTONIO LOCATELLI (1695-1764)
dos
VI CONCERTI À QUATTRO: Op. 7 n. 6
IL
PIANTO D'ARIANNA
Concerto
à quattro para cordas e basso continuo em Mi bemol maior
I. Andante, allegro, adagio, andante,
allegro
II. Largo
III. Largo andante
IV. Grave
V. Allegro
VI. Largo
BALDASSARE
GALUPPI (1706 - 1785)
dos
7 CONCERTI A QUATTRO
Concerto
n. 4 para dois violinos, viola e basso continuo em dó menor
I. Grave
II. Allegro
III. Andante
FRANCESCO
DURANTE (1684-1755)
Concerto
No. 8 para cordas e solistas em Lá maior "La Pazzia"
I. Allegro
– Affetuoso
II. Affetuoso
III. Allegro
FRANCESCO
MANCINI (1672-1737)
Sonata
decima nona, para dois violinos, flauta e basso continuo em Mi menor
I. Allegro – Allegrissimo
II. Largo – Larghetto
III. Fuga
IV. Moderato
V. Allegro
Duração
: 60 min
Classificação
indicativa livre
Serviço:
Concertos
Raros Italianos
24/03/13
- 11h (Domingo)
Escola
Waldorf Rudolf Steiner
Rua
Job Lane, 900, Alto da Boa Vista, São Paulo – SP
(11)
5523-6655
Entrada
franca
Classificação
indicativa: Livre
06/04/13
– 20h (Sábado)
FAU
Maranhão
Rua
Maranhão, 88, Higienópolis, São Paulo - SP
(11)
3091 4801
Entrada
franca
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