O que será que faz de Brasília musa inspiradora para tantos poetas e compositores? Há quem diga que é o traço do arquiteto. Outros preferem exaltar o céu — cujo horizonte, “imenso e aberto”, sugere mil direções, como escreveu Fernando Brant. As asas, o concreto, as árvores retorcidas e o Lago Paranoá também estão entre assuntos prediletos dos artistas que se referem à cidade. E se você tivesse a oportunidade de cantar Brasília que aspectos gostaria de enobrecer? No mês em que a capital federal completa 53 anos de idade, no próximo dia 21, o Correio Braziliense convida os leitores a participarem da homenagem. É o concurso cultural Canta, Brasília, que recebe, até amanhã, vídeos com canções autorais que tragam a capital idealizada por Juscelino Kubitschek e sonhada por Dom Bosco em seus versos.
Para
se inscrever, é necessário entrar na página
www.correiobraziliense.com.br/canta-brasilia e enviar um vídeo de 1 a 4 minutos
com a música, além da letra da canção e do nome dos autores. As faixas poderão
ser conferidas e votadas pelo público entre 12 e 14 de abril. Os cinco
concorrentes com mais cliques estarão na etapa final, na qual uma comissão
escolherá a grande vencedora. O primeiro lugar receberá uma guitarra da marca
Fender e a gravação da música em estúdio. Além disso, um trecho da canção será
veiculado na rádio Clube FM.
Os artistas locais receberam a ideia com satisfação. É o caso do baiano Renato Matos, que vive em Brasília desde 1974 e acredita que há um pouco da cidade em todas as suas músicas, mesmo as que não a citam explicitamente. O compositor é autor da emblemática Um telefone é muito pouco (“Pra quem ama como louco/ E mora no Plano Piloto”), além de Guará 1 e 2 via Eixo, Chorinho do Beirute e Menina do Parque. Esta, em parceria com Luis Turiba, é tida por ele como a “garota de Ipanema” de Brasília.
Quando
soube do concurso, Matos logo soltou: “Vou me inscrever”. “Ninguém está muito
preocupado em fazer música sobre Brasília, mas, com essa iniciativa, garanto
que vai rolar um bocado de hino”, diz. Para o músico, a solidão da capital oferece
uma excelente matéria-prima. “No meio do país e distantes de tudo. Isso inspira
o que fazer, propõe que você crie, é um ambiente perfeito para inventar.”
O
sambista Carlos Elias tem pelos menos três composições sobre a cidade-avião:
Isto é Brasília, Declaração de amor e Exaltação a Brasília. Esta, inédita e
ainda sem gravação, despertou no músico o desejo de candidatá-la no certame do
Correio. “Mas acho que não vai dar tempo”, lamentou. Além de apoiar o projeto,
ele sugeriu que, no dia do aniversário da cidade, as rádios públicas deem
destaque para a produção local, sobretudo, às canções que tenham a capital como
tema.
“Essa
dimensão só vai se concretizar à medida que assumirmos que não somos apenas uma
cidade, e sim a capital do país”, opina. “O Rio de Janeiro tentava passar isso
para o Brasil inteiro. Brasília começa agora e acredito que, daqui a uma
década, seremos considerados a capital musical do país. E, nesse contexto, o
concurso é muito bem-vindo.” Clodo tem sua música preferida sobre a cidade: Brasília,
sinfonia da alvorada, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. “Essa ainda me parece
imbatível”, considera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário