segunda-feira, 1 de abril de 2013


FRANCÊS – ERA ROMÂNTICA – 124 OBRAS
Vida. Compositor francês, Louis-Hector Berlioz nasceu em La Cote-Saint-André a 11 de dezembro de 1803, morrendo em Paris a 8 de março de 1869. Embora muito cedo revelasse talento musical, aos 18 anos a família enviou-o para Paris, a fim de fazer um curso de medicina. Atraído pelo Théâtre de I`Opéra e pelo movimento artístico da metrópole, não tardou em trocar a universidade de pelo conservatório: a desaprovação dos pais lhe custaria quase dez anos de dissabores.
Depois de várias tentativas infrutíferas, Berlioz conquista em 1830 o Prêmio de Roma. Escreve a cantata Sardanapale (1830) trabalho inacabado e não publicado. É no mesmo ano que compõe a Symphonie fantastique: épisode de la vie d`um artiste(1830; Sinfonia fantástica: episódio da vida de um artista), expressão retumbante de seu amor pela atriz inglesa Harriet Smithson. Três anos depois estão casados, mas profundamente infelizes. Berlioz não consegue fazê-la aceitar a sua arte: a miséria material o perseguirá até os últimos dias. O ambiente de Paris lhe é em tudo adverso: a música sinfônica e instrumental é inteiramente desprezada, em benefício de uma voga de óperas medíocres, de Auber Halévy e outros.
Escritor espirituoso, Hector Berlioz colabora no Jornal des Débats (Jornal dos Debates) como critico de música, para sobreviver. De 1840 em diante, viaja como regente de orquestra. Recebe, contudo, o estímulo de um reconhecimento entusiástico por parte de Paganini. É dessa época a sua paixão por Marie Recio, cantora sem sucesso e que não lhe traria menos infortúnios do que a primeira mulher. Em 1852 Liszt organiza em Weimar uma “Semana Berlioz”, cujo êxito não chega a equilibrar a situação material do compositor. Os últimos anos são os mais amargos do sofrido Berlioz, salvando-o do naufrágio total apenas a viagem à Rússia, em 1867: dá uma série de concertos em Moscou, conhece a música dos “Cinco”, descobre o gênio de Mussorgsky.
Caracterização. Hector Berlioz é um romântico autêntico, com todas as qualidades e defeitos do movimento do qual, na França de seu tempo, Victor Hugo e Delacroix são os protagonistas. O fascínio pelo monumental, pelo destemido, embora prejudicando sensivelmente resultados estéticos de seu trabalho, acabou por levá-lo a uma das suas principais realizações: a revolução da técnica orquestral. A riqueza, o colorido das combinações instrumentais já se fazem sentir na Symphonie fantastique, obra vigorosa, cativante pela magia do movimento lento, pelo naturalismo do macabro da “Marcha para o patíbulo”.
Mas a admirável orquestração de Berlioz, que faz de seu réquiem Messe dês morts(1837; Missa dos mortos) a mais aparatosa música fúnebre já composta, chega ao ponto mais alto em Romeo et Juliette (1839), sinfonia dramática dedicada a Paganini, que lhe encomendara, alguns anos antes, a sinfonia Harold em Italie (1834), pitoresca viagem musical pela paisagem italiana e até hoje uma das obras mais executadas do compositor. A contribuição historicamente mais importante de Berlioz para a música do séc. XIX é a invenção da música de programa, fruto de sua sensibilidade principalmente literária, e que exercerá influência prolongada sobre Liszt, Richard Strauss, Smetana e muitos outros. No talento inquieto e generoso de seu criador, a prática salvou a teoria, sendo a melodramaticidade dos programas redimida por uma indiscutível inventividade melódica.
Essa última qualidade faz de La Damnation de  Faust (1846; A Danação de Fausto), cantata cênica baseada – muito livremente – na obra de Goethe, uma de suas melhores criações e daria ao oratório L`Enfance Du Christ (1850-1854; A infância do Cristo) uma beleza serena e surpreendentemente sóbria. Em suas últimas composições, Berlioz supera os transbordamentos românticos peculiares às outras fases, conseguindo dar à ópera Les Troyens (1856-1859; Os Troianos) um sabor virgilianamente clássico e momentos de  verdadeira grandiosidade, sobretudo em sua segunda parte, “Lês Troyens à Carthage”. A teatralidade, tanto no plano criativo como no biográfico, teve um peso demasiado no desempenho de Berlioz, não o impedindo, todavia, de marcar com uma influência toda especial a música do séc.XIX.

 

 

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