quarta-feira, 17 de abril de 2013

Música e Deficiência: educação musical ou musicoterapia?



Diferentemente da musicoterapia, que tem como meta alcançar por meio da música resultados para a saúde, a educação musical, mesmo voltada para as pessoas com deficiências, tem o aprendizado com o objetivo central. 
Desde que comecei a pesquisar, escrever e lecionar música para pessoas com deficiências,  me deparo sempre com a mesma pergunta: você é musicoterapeuta? Não, não sou (nada contra a musicoterapia) sou professora de música? As pessoas acham que a música, quando direcionada para pessoas com deficiências, é sempre voltada para a reabilitação, mas isso não é verdade. Precisamos esclarecer as diferenças entre essas duas aplicabilidades da música.
A musicoterapia é um processo sistemático de procedimentos em que o terapeuta ajuda o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais. Esse processo requer planejamento e monitoramento, e o que importa é a relação da música com o paciente e não ela em si mesma; ou seja, não é aprender música.
Na musicoterapia, o mais importante é utilizar os elementos fundamentais da música e os efeitos produzidos por eles para ajudar a prevenir e reabilitar doenças, Sendo assim, não é o gosto musical do terapeuta que está em jogo, que guia as sessões, mas o gosto musical do paciente ou o conjunto de sons que compõem a todo o psicoficiológico do paciente, ou seja, sua identidade sonora (ISO).
A educação musical, apesar de muitas vezes surtir resultados benéficos para a saúde, não pode assim ser considerada, pois os objetivos são pedagógicos. Outra forte diferença entre a educação musical e musicoterapia, é o que diz respeito à relação professor/aluno e terapeuta / paciente. Um estudante geralmente não leva problemas pessoais ou de saúde para o professor a não ser que esses afetem seu aprendizado, assim como um cliente não leva problemas educacionais para o terapeuta, a não ser que esses afetem diretamente a saúde.
Um professor motiva o estudante a aprender a matéria ou as dominar uma habilidade que, em nosso caso, é a música, ou quisermos ser mais específicos, a instrumental.  Em contra partida, o terapeuta ajuda o cliente a alcançar a saúde, mesmo que seja por meio de um aprendizado.
Outro ponto é que numa relação terapêutica, normalmente, não é exigido do pacientem envolvimento com a música além das sessões. Já na educação musical, é esperado do aluno treino diário para a aquisição do conhecimento e habilidade no instrumento. Bem como é necessário que o aluno tenha instrumento escolhido em casa para seu estudo.
Assim, na educação musical, mesmo sendo ela voltada para pessoas com deficiências, o aprendizado musical é o objetivo central, já na musicoterapia, o foco é a música alcançar um resultado satisfatório ligado à saúde. Por esse motivo, é necessário que haja metodologias eficazes também para a educação musical dessas pessoas. E é em prol disso que pesquiso e publico meus livros.
E como saber se é melhor para essa pessoa musicoterapia ou educação musical? Bem isso vai depender de muitos fatores, o primeiro e mais importante deles: a intenção da pessoa. Se ela pretende aprender música, precisa procurar um professor de música, porém se ter contato com a música for indicação médica, com acontece muitas vezes, o ideal é procurar um musicoterapeuta ou um professor de música que trabalhe com reabilitação, pois o enfoque, nesse caso, talvez não seja somente a aprendizagem, mas também a utilização da música para a saúde.
Claro que, dependendo do nível de deficiência, nem m sempre será possível um aprendizado musical pleno. E aí entra a função do um bom professor: adaptar sua metodologia para tal aluno ou ajudá-lo a direcionar da melhor forma sua aprendizado. Por isso é importante os professores de música conhecerem as questões que permeiam esse universo.

Viviane Louro.


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