Diferentemente
da musicoterapia, que tem como meta alcançar por meio da música resultados para
a saúde, a educação musical, mesmo voltada para as pessoas com deficiências,
tem o aprendizado com o objetivo central.
Desde
que comecei a pesquisar, escrever e lecionar música para pessoas com
deficiências, me deparo sempre com a
mesma pergunta: você é musicoterapeuta? Não, não sou (nada contra a
musicoterapia) sou professora de música? As pessoas acham que a música, quando
direcionada para pessoas com deficiências, é sempre voltada para a
reabilitação, mas isso não é verdade. Precisamos esclarecer as diferenças entre
essas duas aplicabilidades da música.
A
musicoterapia é um processo sistemático de procedimentos em que o terapeuta
ajuda o cliente a promover a saúde utilizando experiências musicais. Esse
processo requer planejamento e monitoramento, e o que importa é a relação da
música com o paciente e não ela em si mesma; ou seja, não é aprender música.
Na
musicoterapia, o mais importante é utilizar os elementos fundamentais da música
e os efeitos produzidos por eles para ajudar a prevenir e reabilitar doenças,
Sendo assim, não é o gosto musical do terapeuta que está em jogo, que guia as
sessões, mas o gosto musical do paciente ou o conjunto de sons que compõem a
todo o psicoficiológico do paciente, ou seja, sua identidade sonora (ISO).
A
educação musical, apesar de muitas vezes surtir resultados benéficos para a
saúde, não pode assim ser considerada, pois os objetivos são pedagógicos. Outra
forte diferença entre a educação musical e musicoterapia, é o que diz respeito
à relação professor/aluno e terapeuta / paciente. Um estudante geralmente não
leva problemas pessoais ou de saúde para o professor a não ser que esses afetem
seu aprendizado, assim como um cliente não leva problemas educacionais para o
terapeuta, a não ser que esses afetem diretamente a saúde.
Um
professor motiva o estudante a aprender a matéria ou as dominar uma habilidade
que, em nosso caso, é a música, ou quisermos ser mais específicos, a
instrumental. Em contra partida, o
terapeuta ajuda o cliente a alcançar a saúde, mesmo que seja por meio de um
aprendizado.
Outro
ponto é que numa relação terapêutica, normalmente, não é exigido do pacientem
envolvimento com a música além das sessões. Já na educação musical, é esperado
do aluno treino diário para a aquisição do conhecimento e habilidade no
instrumento. Bem como é necessário que o aluno tenha instrumento escolhido em
casa para seu estudo.
Assim,
na educação musical, mesmo sendo ela voltada para pessoas com deficiências, o
aprendizado musical é o objetivo central, já na musicoterapia, o foco é a
música alcançar um resultado satisfatório ligado à saúde. Por esse motivo, é
necessário que haja metodologias eficazes também para a educação musical dessas
pessoas. E é em prol disso que pesquiso e publico meus livros.
E
como saber se é melhor para essa pessoa musicoterapia ou educação musical? Bem
isso vai depender de muitos fatores, o primeiro e mais importante deles: a
intenção da pessoa. Se ela pretende aprender música, precisa procurar um
professor de música, porém se ter contato com a música for indicação médica,
com acontece muitas vezes, o ideal é procurar um musicoterapeuta ou um
professor de música que trabalhe com reabilitação, pois o enfoque, nesse caso,
talvez não seja somente a aprendizagem, mas também a utilização da música para
a saúde.
Claro
que, dependendo do nível de deficiência, nem m sempre será possível um
aprendizado musical pleno. E aí entra a função do um bom professor: adaptar sua
metodologia para tal aluno ou ajudá-lo a direcionar da melhor forma sua aprendizado.
Por isso é importante os professores de música conhecerem as questões que
permeiam esse universo.
Viviane
Louro.
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