É difícil
encontrar paralelo no mundo da música em relação à criatividade de Giuseppe
Verdi (1813-1901). Já ao compositor Richard Wagner (1813-1883) é atribuído,
entre outros, o feito de reinventar a ópera como drama musical. Sua meta foi
criar uma expressão artística que conseguisse congregar todas as demais:
poesia, drama, música, canção e até pintura. Por tudo isso, no ano em que se
comemoram os 200 anos de nascimento dos dois compositores, o cenário da música
erudita mundial se prepara para diferentes formas de celebração. No Brasil e, especialmente
em Minas Gerais, não será diferente.
A homenagem
mais relevante virá da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. O primeiro ato da
ópera 'A Valquíria', de Wagner, ganhará o palco do Grande Teatro do Palácio das
Artes em formato de concerto. A obra é um dos momentos mais importantes do
compositor e uma das quatro óperas que compõem 'O anel dos nibelungos'. Na
ocasião, Eliane Coelho, soprano brasileira de destacada carreira internacional,
e os cantores Eduardo Villa e Denis Sedov darão vida aos personagens do drama
musical. Ao longo da temporada, o grupo promete executar outras peças de
Wagner.
Giuseppe
Verdi, um dos compositores mais festejados do mundo da ópera, também será tema
de concertos da filarmônica, com execução de programas com presença de
solistas, além dos corais líricos de Minas Gerais e do Theatro Municipal de São
Paulo. Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Orquestra
Filarmônica de Minas Gerais, aposta nesse encontro como um das mais marcantes
dos últimos anos. “A execução do dramático e majestoso 'Réquiem' do grande
compositor promete uma noite imperdível”, aposta.
“Os dois
compositores não só consolidaram as tradições já existentes na ópera italiana e
alemã, como abriram novos caminhos a serem explorados subsequentemente,
especialmente Wagner, ao introduzir o conceito da obra de arte total”, salienta
Mechetti. O que mais impressiona o regente na obra dos compositores é o grau de
genialidade presente nas criações. “Eles conseguem tocar o público 200 anos
depois. Pouca coisa hoje em dia digna-se a tanto”, compara o maestro, que
destacará trechos mais sinfônicos das obras dos compositores.
Máscaras
Para festejar a arte de Verdi, a Fundação Clóvis Salgado também promete se
movimentar, com a apresentação, em outubro, de nova versão para o clássico 'Um
baile de máscaras'. Será a terceira vez que os mineiros verão a ópera, que já
foi apresentada nas extintas programações realizadas pelo Teatro Francisco
Nunes e, em 1977, pelo próprio Palácio das Artes. Desta vez, haverá participações
da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais, que subirão ao palco
do Grande Teatro do Palácio das Artes, provavelmente sob a regência do atual
titular, Marcelo Ramos.
'Um baile de
máscaras' é uma ópera do período médio de Giuseppe Verdi. Composta em 1857,
sinfonicamente, como explica o maestro Luiz Aguiar, pesquisador do assunto, é
mais evoluída em relação às demais feitas pelo italiano. Até então ele havia
explorado a presença da orquestra como coadjuvante, somente ilustrando o texto
cantado no palco. “Aqui começa a famosa fase em que resolve dar um salto maior,
explorando caminhos que, até então, a orquestra não havia alcançado. Quando a
melodia surge, o espectador sabe que representa um personagem específico”,
explica Aguiar.
Além de elenco
composto de vozes bastante apuradas, a remontagem de 'Um baile de máscaras' vai
exigir um exercício a mais dos realizadores, devido à complexidade da história.
Como o romantismo naquele período já demonstrava sinais de desgaste, Verdi opta
por ambientar a trama realizando uma espécie de retração de um fato histórico
real, inspirado na vida do rei Gustavo III, da Suécia. Dividida em três atos,
com texto de Antonio Somma, inspira-se no assassinato do rei, mas não é
historicamente exata.
Giuseppe
Verdi - (1813-1901)
O italiano
escreveu 42 obras, incluindo 28 óperas. Nascido na aldeia de Le Roncole, perto
de Parma, se destacou como um dos maiores compositores do período romântico
italiano e se tornou um dos mais influentes de seu tempo. Alguns de seus temas
transcenderam os limites do gênero se tornando populares, como “La donna è
mobile”, de Rigoletto, e “Va, pensiero”, de 'Nabucco'. Algumas de suas óperas,
como 'Macbeth', 'La traviata', 'Aída' e 'Rigoletto' se tornaram clássicos da
cultura universal, sendo ainda executadas nos principais teatros em todo o
mundo. A obra de Verdi está ligada à afirmação da Itália como nação unificada.
O canto em sua obra aparece acima de tudo. Segue a tradição italiana, que
valoriza a voz. A orquestra tinha mais a função de acompanhamento.
Richard
Wagner - (1813-1883)
Nascido em
Leipzig, na Alemanha, depois de uma temporada de estudos de música e literatura
foi nomeado maestro de coro de Würzburg, em 1833. Morou em várias cidades até
que, em Dresden, foi nomeado regente da ópera da corte. Estudou a poesia alemã,
que se tornou base de suas criações musicais. A virada na carreira se deu
quando o rei Ludwig II convidou-o para ir a Munique e patrocinou a ópera
'Tristão e Isolda', drama musical de amor e morte. A obra é descrita como um
marco do início da música moderna. Sua produção musical consta de 43 obras,
entre elas 13 óperas. Criou o Festival de Bayreuth, na Baviera, para apresentar
seus ciclos operísticos. Publicou ensaios polêmicos em que atacava a influência
dos judeus na cultura alemã. O maestro Luiz Aguiar explica que, melodicamente,
o canto wagneriano é uma declamação lírica e que cabe à orquestra a grande
função no espetáculo.
Verdi e
Wagner em concerto
EM MINAS
Orquestra
Filarmônica
Dia 4 de
Julho
Trechos das
obras de Verdi ('As vésperas sicilianas') e Wagner ('O navio fantasma'),
executadas pela pianista Lilya Zilberstein, darão início às comemorações aos
200 anos dos artistas.
Dia 16 de
julho
Primeiro ato
da ópera 'A Valquíria', de Richard Wagner. Eliane Coelho, Eduardo Villa e Denis
Sedov trarão à vida Sieglinde, Siegmund e Hunding.
Dia 25 de
julho
Os solistas
Mariana Ortiz (soprano), Elise Quagliata (mezzo-soprano), Fernando Portari
(tenor), Denis Sedov (baixo) e os corais líricos do Theatro Municipal de São
Paulo e de Minas Gerais estarão com a Orquestra Filarmônica para executar o
'Réquiem' de Giuseppe Verdi.
*Os
concertos serão realizados às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Ingressos de R$ 30 a R$ 60. Informações: www.filarmonica.art.br
Fundação
Clóvis Salgado
Outubro
Estreia da
remontagem de Um baile de máscaras, de Giuseppe Verdi, com participações da
Orquestra Sinfônica e Coral Lírico de Minas Gerais, no Palácio das Artes.
NO BRASIL
Theatro
Municipal do Rio de Janeiro
. 'Aída', de
Giuseppe Verdi – As récitas terão a direção musical de Isaac Karabtchevsky, a
direção cênica de Iacov Hillel e os cenários de Helio Eichbauer. No elenco,
Fiorenza Cedolins e Anna Smirnova. Dias 20, 23, 26 e 28 de abril e 1º de maio
. 'A
Valquíria', de Richard Wagner – Com direção musical de Luiz Fernando Malheiro,
direção cênica de André Heller-Lopes. No elenco, Eliane Coelho e Zvetan
Michailov. Dias 14, 17, 19 e 21 de julho.
Theatro
Municipal de São Paulo
. Aída, de
Giuseppe Verdi, com regência de John Neschling e participações da Orquestra
Sinfônica Municipal e Coral Lírico. Dias, 9, 11, 13, 15, 17, 18, 20, 22, 24 e
25 de agosto.
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