Após a repercussão negativa
gerada pela decisão da prefeitura do Rio de suspender o repasse de R$ 8 milhões
à Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira (Fosb) e da declaração de Eduardo
Paes de desejar fundir a OSB com a Orquestra Sinfônica Petrobras, o prefeito
decidiu manter o repasse anual ao conjunto. A decisão foi anunciada pelo
prefeito na tarde desta quinta-feira (2) durante reunião entre os conselheiros
da fundação, o prefeito e o secretário municipal de Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Além disso, para fortalecer os
vínculos entre o órgão municipal e a Fosb, foi acordado com a prefeitura que o
secretário Sérgio Sá vai integrar o corpo de conselheiros da Fundação Orquestra
Sinfônica Brasileira.
O repasse de R$ 8 milhões
estava suspenso até então e foi comunicado por meio de uma carta assinada por
Paes em 18 de março deste ano. O valor repassado pela prefeitura do Rio
equivale a um quinto do orçamento da OSB, de R$ 40 milhões captado, em sua
maioria, por leis de incentivo à cultura, aprovado pelo Ministério da Cultura,
que, de acordo com a orquestra, “fiscaliza todas as suas contas”.
Prefeito sugere fusão entre OSB
e Opes
Depois de cortar a verba para a
Fosb, Paes ainda disse nesta terça-feira (30) que desejava a fusão da OSB com a
Orquestra Petrobras Sinfônica (Opes) alegando que o orçamento ficaria mais
"volumoso" e que "os músicos que tocam na OSB e na orquestra da
Petrobras são, em muitos casos, os mesmos", o que foi negado pela Fosb,
que ficou "surpresa" com as afirmações do prefeito.
A Fundação possui duas
orquestras e, conforme informado ao JB, “na Orquestra Sinfônica Brasileira, os
músicos trabalham em regime de dedicação integral e com exclusividade”. Já os
35 músicos da Ópera e Repertório, segundo a OSB, “não têm regime de
exclusividade e apenas sete entre eles atuam também na Opes".
Já a Opes, em comunicado ao JB,
defendeu a existência da OSB e da Opes e disse que não se interessava pela
fusão. “A Orquestra Petrobras Sinfônica acredita que o Rio de Janeiro comporta
– e merece – muito mais que duas orquestras na cidade. As principais capitais
do mundo, como Berlim, Paris e Viena, têm, no mínimo, cinco orquestras. Tóquio,
por exemplo, tem 11 grupos sinfônicos. A Orquestra não está interessada em se
fundir a outro grupo, por defender a pluralidade artística”, diz o texto.
"Ter uma orquestra única
no Rio de Janeiro implicaria também na diminuição da oferta de espetáculos, do
mercado de trabalho e da abrangência geográfica dos concertos", diz a
Opes, que afirmou "nunca" ter tido o patrocínio da Prefeitura do Rio
de Janeiro.
Segundo ela, “seu orçamento
anual é composto principalmente pela mantenedora Petrobras, que patrocina a
Opes desde 1987, atualmente com R$ 11 milhões anuais”. Como ainda declara o
conjunto, “ele é gerido pelos próprios músicos”, contando ainda com os “apoios
culturais de: Avianca, Porto Bay Hotels, Fundição Progresso, Winebrands e Rádio
MEC FM”, completa.
A Opes conta ainda que nos anos
de 2011 e 2012 foi realizado um “convênio” com a Prefeitura para criar o
projeto educacional Série Metrônomo, que apresenta concertos para alunos da
rede pública de ensino, com investimentos de, respectivamente, R$ 550 mil e R$
350 mil em cada um dos anos.
Uma proposta à Prefeitura foi
enviada pela Opes para manter a parceria em 2013, mas segundo a orquestra, não
houve retorno até o momento.
Paes critica gestão da OSB e
diz que ela poderia dar mais projeção ao Rio
Questionado sobre a
possibilidade da Orquestra Sinfônica Brasileira gerenciar a Cidade das Artes, o
prefeito negou a ideia, porém garantiu que a orquestra terá destaque como
atração do local. Paes também se comprometeu a ajudar a OSB, no entanto, se
queixa da “projeção” que o grupo dá ao Rio.
“A OSB não é exatamente um
exemplo de gestão. A gente vê pelos problemas do passado. Eu vou pegar uma
coisa que não consegue gerenciar o seu grupo, para cuidar daquele prédio
enorme? Dar a Cidade das Artes para a OSB tocar, eu não acho que é conveniente,
agora a OSB tem que ser a âncora da Cidade das Artes. A principal atração da
Cidade das Artes permanentemente”, disse ele.
O prefeito pode ter se referido
à crise de 2011 com os funcionários, em que a orquestra propôs avaliações de
desempenho dos músicos, que se opuseram por temer demissões em massa. Em
seguida, 33 componentes da orquestra foram demitidos e depois readmitidos meses
após o ocorrido.
“Quero continuar ajudando a
OSB. Agora, acho que o dinheiro público tem que ser investido em coisas que de
fato deem projeção à cidade. A OSB podia dar mais projeção à cidade”, avaliou
na terça-feira.
Sem opinar sobre fusão, OSB
responde às críticas
Em resposta à crítica do
prefeito, a Fosb informou que “o orçamento [de R$ 40 milhões] é compatível com
seu nível de excelência e há anos a fundação vem cumprindo com seus
compromissos com os funcionários, tendo inclusive aumentado progressivamente os
salários dos músicos. Com isso, atrai ótimos novos profissionais, renovando
seus quadros”.
A fundação também alegou que
“todos os músicos das duas orquestras estão contratados pelo regime de CLT”, o
que, segunda ela, “é uma grande exceção, se comparado às demais orquestras
brasileiras. Gera um alto custo com pessoal que é, porém, a essência das
orquestras”.
“As despesas da Fundação OSB
são auditadas por empresa de auditoria externa e aprovadas por conselho fiscal.
Essas contas são apresentadas e aprovadas por todos os mantenedores, incluindo
a própria Prefeitura do Rio”, argumenta a instituição.
Fonte: Jornal do Brasil/Íris
Marini
Folha Sinfônica
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