“Sir Georg Solti disse, "cantar é a base de todo fazer musical". Nesse espírito, todo aspirante a regente deve aprender a cantar; quanto melhor você entender sua voz, melhor você irá preparar um coro e dar exemplos à orquestra. Cante em um coro, aprenda com outro regente, forme um grupo, frequente concertos, ouça gravações, faça tudo para ganhar experiência e aprender como a voz funciona.”
Vance
George,The Cambridge Companion to
Conducting.Cambridge: Cambridge
University Press, 2003.
p. 45 - 46
Ø Um coro com 15 integrantes ou com 150. É só uma questão numérica?
Coro:
formação homogênea (só vozes)
Falsa percepção:
qualquer repertório é possível para qualquer coro
Conceito de
“formação musical”: tipo de grupo musical, vocal ou instrumental, com
características próprias e repertório ideal, sempre em expansão. Exemplos :
orquestra de cordas, quinteto de sopros, banda de jazz tradicional.No canto coral: coro de câmara,
ensembles vocais/instrumentais, coro sinfônico, coro lírico.
Ø Coro sinfônico: possibilidades de distribuição em palco:
Ø Classificação das formações corais:
critérios
Vozes mistas
ou vozes iguais
Coro misto (pode varias o número de
vozes, desde que tenha vozes masculinas e femininas)Coro de
vozes iguais (feminino, masculino)Dentro desta classificação, estão muitas
formações diferentes. Exemplos: Cathedral choirs são coros de vozes masculinas,
unindo meninos nas vozes agudas e vozes masculinas adultas. Um coro de meninas e um coro de mulheres
adultas são ambos de vozes iguais, mas podem variar em seus repertórios Os madrigais
renascentistas costumam ser a 5 vozes, enquanto as canções do século XX são
geralmente a 4 vozes mistas.
Ø Cathedral Choirs (Reino Unido):
1.
Coros mistos:
Coro misto
(10 vozes)Perfil mais próximo do madrigal
Efeito de
conjunto, apesar de vozes solistas
Repertório preferencial:
renascença
Regente:
Peter Phillips
Ø Classificação das formações corais: critérios
Por gênero
de repertório:MadrigaisMotettkor
Coro lírico Pressupõem uma escolha dos tipos de vozes adequadas ao
repertório em foco.
No coro lírico, todos devem ser cantores treinados no repertório
operístico. No Motettkor, privilegia-se a homogeneidade das vozes, mais do que
as capacidades dramáticas. Os madrigais pedem vozes leves, sem muito vibrato,
com grande importância para a dicção do texto. Além
das características vocais, há outros requisitos, como por exemplo: Para os
madrigais: bom conhecimento de outros idiomas, sobretudo o italiano, inglês,
francês e alemão, e contato com a literatura. Para o coro lírico: habilidade
cênica. Para o Motetkor: conhecimento fonético, formação em música
contemporânea, boa escuta polifônica.
Ø Madrigal e Motettkor: definições pelo repertório
Classificação
das formações corais: critérios
Pelo vínculo
dos coralistas
Coro
profissional assalariado
Coro
profissional por cachê
Coros
ligados à participação em eventos(festivais, cursos, concursos, coro
laboratório) Coros amadores com quadro fixo
(ligados ou não a instituições)
Coros de estudantes
ligados à atividade institucional (ex: coros escolares, coros universitários com
matrícula)
Coros de
estudantes por livre frequência (ligados ou abrigados por instituições, mas sem
vínculo de matrícula)
Coros institucionais(de
empresas, instituições públicas ou religiosos, em que se pressupõe o vínculo com
a instituição)
Coros religiosos(em
que a participação no coro faz parte de uma vinculação mais ampla com a
instituição)
Coros independentes(em
que o próprio grupo gerencia as atividades, sem vínculo institucional ou
criando sua própria associação)
Coros de
aprendizado (coro como espaço educativo, ligado ou não a um curso)
Ø Classificação das formações corais: critérios Divisão entre Coro
acompanhado ou a capella
Ensembles
vocais ou madrigais
Ensembles
vocais/instrumentais
Coro de
câmara (a capella ou acompanhado)
Coro
sinfônico
Coro de
massa
Jazz choir
Show choir
Ø
EUA:
jazz e show choirs:
Ø Acompanhamento
A presença ou não do acompanhamento depende
tanto do repertório quanto do objetivo artístico.
Há corais
que podem cantar ora acompanhados, ora a capella. Outros definem-se mais
frequentemente como coro a capella ou acompanhado.
Repertório
com orquestra ou grupos instrumentais: geralmente ensaiados com piano.
Repertório
camerístico: há grande produção para coro
e piano, além de outras formações camerísticas.
Repertório
medieval, renascentista e barroco: instrumentos de época, cópias de
instrumentos antigos ou adaptação de instrumentos modernos.
Repertório
popular: pode ser acompanhado por instrumento de teclado ou de cordas
dedilhadas, além de percussão e outros instrumentos, que podem ser uma formação
fixa para a qual são feitos arranjos, ou variável,com instrumentistas
convidados.
Repertório
popular: instrumentos acrescentados de acordo com a performance, percussão
corporal, sons vocais como acompanhamento.
Repertório
tradicional étnico: acompanhados com instrumentos tradicionais. Ex: música
japonesa, cantos indígenas, música chinesa, música africana.Música eletroacústica: interação com sons eletrônicos, gravação
em estúdio.Repertório
religioso: dependendo da religião, pode ser com órgão, piano ou grupo
instrumental.
Ø Do coro para o repertório
Os músicos
costumam pensar nas obras como projetos ideais em busca dos intérpretes
perfeitos.
Há, no
entanto, outro caminho, mais comum na prática coral: a definição de um grupo
vocal fixo em busca de seu repertório.
Pensar do
coro para o repertório: conhecer os repertórios e, ao mesmo tempo, as vozes e
possibilidades do coro. Ampla variedade de repertório, dentro dessas possibilidades
descritas. Adaptações e experimentação de estilos podem levar a descobrir novas
sonoridades adequadas para o grupo.
Ø O mesmo repertório em diferentes contextos
Exemplos: Madrigais podem ser vistos como repertório especializado ou
como repertório didático.
Coros de
ópera podem ser incluídos em programas decoros sinfônicos ou de câmara.Canções populares costumam ser preparadas por coros de câmara
eruditos em arranjos elaborados musicalmente.
Temas de grandes obras do repertório
clássico podem ser adaptadas como
repertório didático infantil ou juvenil.
Cantatas de
Bach: pode-se preferir ouvi-las com vozes femininas, mas um coro infantil pode
decidir incluir uma cantata em seu repertório.
Transformações
na interpretação do repertório coral
A interpretação do repertório coral
acompanha as discussões estéticas e musicológicas presentes em outros campos
musicais.
Com relação
à ópera barroca, por exemplo, houve uma grande valorização desse repertório a
partir de estudos musicológicos.
Obras corais
sinfônicas têm sido feitas pelas grandes orquestras mundiais, construindo o
equilíbrio a partir da massa orquestral.
Coros de
câmara com grupos fixos, como os coros das rádios europeias, mantém ou convidam
grupos instrumentais que se equilibram com a massa coral.
Os coros
como geradores de repertório
O arranjo e a adaptação estão
valorizados na programação contemporânea, embora nem sempre isso tenha sido
assim, historicamente.
O repertório
coral contém arranjos e adaptações de toda ordem: do instrumental ao vocal, do
solista ao arranjo para coro, do oral ao escrito, de um idioma a outro, etc.Regentes corais têm sido grandes geradores de repertório:
como arranjadores ou compositores, fazendo encomendas ou simplesmente estreando
obras dedicadas ao coro ou ao regente.
Ø Festivais e outros eventos
Os eventos
da área, nacionais ou internacionais, são grandes divulgadores de repertório.
Festivais
corais costumam encomendar obras a compositores para eventos específicos. Os
oratórios de Mendelssohn são um exemplo de repertório surgido dessa prática.
“existir é
diferir”
O sociólogo
Pierre Bourdieu disse que, em arte, “existir é diferir”. A necessidade de
buscar um repertório diferenciado faz com que os coros busquem obras menos conhecidas,
do passado ou presente.
Ø Intérpretes, musicólogos e meios de comunicação
A relação entre intérpretes e musicólogos
gerou uma série de gravações a partir de edições e revisões musicológicas,
principalmente nos países latino-americanos, em que não havia gravações
decompositores fundamentais.
Rádio e TV
são veículos que, ocasionalmente, transmitem performances corais, sem
continuidade, no caso do Brasil. Em outros países, coros ligados a emissoras de
difusão estão ligados a grandes projetos de gravação (Ex: Coro da BBC de
Londres) e, assim como de outras culturas menos próximas.
Ø O Repertório coral é ligado à prática
Parto sempre
do princípio de que o repertório não é uma produção sacralizada. O repertório
surge na prática coral e é através dela que ele se mantém e se transforma. Cada
coro, cada regente e cada coralista, assim, são produtores de repertório!
Espero que minhas observações possam ajudar apensar o
repertório coral de forma ampla, com a riqueza que essa atividade cultural
possui.
Para citar
minhas opiniões:
IGAYARA-SOUZA,
Susana Cecília. Formações corais e seus repertórios. Material
didático(apresentação em powerpoint) do Curso de Introdução aos Estudos de
Repertório Coral. SãoPaulo, Universidade de São Paulo, 2011.
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