As
duas novas exposições no Museu de Arte Contemporânea da USP são as que melhor
lidam com o acervo da instituição, dentro do conjunto de mostras apresentadas
até aqui no edifício projetado por Oscar Niemeyer.
"O
Artista como Autor/O Artista como Editor", curada por Tadeu Chiarelli,
diretor do MAC, apresenta um debate que atravessa o século 20: como se constrói
o trabalho do artista.
Modernistas
poderiam ser caracterizados por defender o caráter autoral da obra, ao buscar
formas próprias e originais, enquanto contemporâneos, livres da necessidade de
assinatura, podem utilizar imagens já criadas, funcionando como editores. O
último caso faz parte do que o crítico e francês Nicolas Borriaud chama de
"pós-produção".
De
forma sábia, Chiarelli escapa dessa polarização, apresentando artistas que usam
esses procedimentos independentemente do período em que se encontram. Afinal,
modernos como Kurt Schwitters (1887-1948) já usavam técnicas de colagem
(portanto, de edição) no início do século 20, como se vê na obra em exibição,
"Duke Size".
Ao
mesmo tempo, a mostra apresenta uma pintura do contemporâneo Gerhard Richter,
"Claudius" (1986), que, mesmo trabalhando com uma técnica próxima do
que o curador aponta como edição, possui estilo inconfundível e bastante
autoral.
A
entrada desse Richter na coleção do MAC, em forma de depósito, é um caso à
parte. A obra foi apreendida pela Receita Federal de um colecionador que não
declarou o valor correto do trabalho e foi doada ao Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que a cedeu ao MAC.
Não
deixa de ser um escândalo que a pintura de cerca de 3 x 4 metros --com valor
estimado em R$ 20 milhões-- só tenha entrado em um museu brasileiro depois de
apreendida.
Ao
longo da mostra, essa tensão autor-editor segue em obras de artistas como
Fernand Léger, Miró, Robert Rauschenberg e Mira Schendel, atestando a
necessidade de uma sede de porte para o MAC.
Já
a mostra "José Antonio da Silva em Dois tempos", com curadoria de Ana
Magalhães, aborda um nome um tanto marginal da arte brasileira. Para uns,
tratou-se apenas um artista naïf (ingênuo). Para outros, como dizia o diretor
do Masp Pietro Maria Bardi, ele foi "o primeiro artista moderno
brasileiro".
A
mostra é composta basicamente de duas doações: 15 obras dadas por Ciccillo
Matarazzo e outras 25, por Theon Spanudis --o restante pertence ao MAM. Ao
proporcionar visibilidade a esse conjunto, o MAC já aponta para a importância de
Silva, qualquer que seja o rótulo a ele atribuído.
FABIO
CYPRIANO
O
ARTISTA COMO AUTOR/O ARTISTA COMO EDITOR E JOSÉ ANTONIO DA SILVA EM DOIS TEMPOS
QUANDO ter., das 10h às 21h, de qua. a dom.,
das 10h às 18h
ONDE MAC-USP (av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, tel. 0/xx/11/3091-3039)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO bom (ambas as mostras)
QUANDO
ONDE MAC-USP (av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, tel. 0/xx/11/3091-3039)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO bom (ambas as mostras)
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