Haydn
"A Criação" estreou no dia 30 de Abril de 1798 no
palácio de umas das mais nobres famílias de Viena, os Schwarzenberg. Foi uma
execução privada, ainda que tivesse havido um ensaio público no dia anterior.
Um ano mais tarde, em 19 de março, teve lugar a primeira apresentação pública
no Burgtheater, também em Viena, novamente com Haydn (1732-1809) na regência.
A base do libreto é o Génesis, acrescentado de materiais do
Livro dos Salmos e do Paraíso Perdido, o famoso épico de Milton. Foi traduzido
para a língua alemã pelo barão Gottfried van Swieten, um diplomata melómano que
fez carreira a serviço do Império Austro-Húngaro e que colaborou também com
outros compositores importantes como Mozart e Beethoven. Não se sabe ao certo a
proveniência do original inglês, mas terá sido provavelmente escrito pensado em
George Frideric Handel. Por sinal, é Handel a grande referência de Haydn para
esta obra, já que em 1791 o músico austríaco havia assistido em Londres a um
festival na Abadia Westminster onde ouviu oratórios daquele compositor.
A obra está dividida em três partes. A primeira trata dos
quatro dias iniciais da criação; o surgimento da luz, da terra e do mar, dos
corpos celestes e da vida vegetal. A segunda, da criação da vida animal: dos
bichos, das aves, dos peixes, do homem e da mulher. Finalmente, a terceira
parte, bastante mais curta, é inteiramente dedicada às figuras de Adão e Eva e
revela uma escrita musical que sugere um mundo idílico e perfeito, através de
um raro virtuosismo instrumental.
A partitura consiste num tríptico composto pelo mundo
inanimado, o mundo animal e o mundo do Homem. Numa continuada sucessão de
curtas partes instrumentais, árias muito semelhantes às da ópera, recitativos
particularmente elaborados, intervenções conjuntas dos solistas e coros de
grande efeito. Ao todo, são trinta e quatro os fragmentos que a compõem,
protagonizados pelos arcanjos Gabriel, Uriel e Rafael, aos quais se juntam na
terceira parte Adão e Eva.
SeTCOM
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