Uma versão do quadro O Grito, pintada pelo artista norueguês Edvard Munch (1863-1944), foi vendida ontem à noite pela casa Sotheby’s, em Nova York, por US$ 119,9 milhões, transformando-se no novo recorde de preço de uma obra arrematada em leilão. Seu valor ultrapassou as marcas anteriores já alcançadas nesse tipo de evento - o da pintura Nu, Folhas Verdes e Busto, de Pablo Picasso, leiloada pela Christie’s por US$ 106,5 milhões em 2010; e o da escultura L’Homme Qui Marche I, de Alberto Giacometti, vendida por US$ 104, 3 milhões no mesmo ano.
Em sua carreira, Munch realizou quatro versões de O Grito -
pintadas entre 1893 e 1910. A tela expressionista, símbolo da ansiedade humana,
retrata um homem gritando sobre uma ponte em meio a uma atmosfera de cores
tortuosas e fortes (com predominância do laranja, que forma as faixas do céu).
Simon Shaw, diretor da casa de leilões, afirmou que o quadro
“define a modernidade e é instantaneamente reconhecível porque corresponde a
uma das poucas imagens que transcendem a história da arte e que têm alcance
global comparado ao da Mona Lisa (de Da Vinci)”. A estimativa para O Grito era,
inicialmente, de US$ 80 milhões.
O leilão de ontem da Sotheby’s, nos EUA, ainda colocava à
venda obras de Chaim Soutine, Tamara de Lempicka, Constantin Brancusi e Alfred
Sisley, entre outros artistas. Além de O Grito, destaques do evento, com 76
lotes, também foram um retrato de Dora Maar pintado por Picasso e vendido por
US$ 29,2 milhões, e a obra Primavera Necrofílica, de Salvador Dalí, que chegou
a US$ 16,3 milhões.
A temporada de leilões de primavera nova iorquina começou,
na verdade, anteontem, com evento da outra prestigiada casa, Christie’s, que
vendeu 28 lotes arrecadando cerca de US$ 117 milhões - apenas 3 obras não
conseguiram compradores na ocasião. Nesse dia, os destaques foram os arremates
de uma aquarela de Paul Cézanne (1839-1906), por US$ 19,12 milhões, e de uma
natureza-morta pintada em 1907 por Henri Matisse, que chegou a praticamente à
mesma cifra.
A obra de Cézanne, Um Jogador de Cartas, representa um
esboço que o pós-impressionista francês criou em meados de 1890 para a
concepção de uma de suas mais famosas telas, Jogadores de Carta. A peça pertencia
à coleção privada de um médico que vivia em Dallas, no Texas, e morreu em
setembro. A obra não era vista pelo público desde 1953. Foi arrematada por
telefone, por colecionador anônimo.
Entre os destaques da Christie’s, ainda, O Descanso, retrato
de Marie-Thérese Walter, amante de Picasso, pintado pelo artista em 1932, foi
vendido por US$ 9,88 milhões. O evento também apresentou uma seleção de outras
obras do espanhol, criadas em diferentes épocas e de distintos estilos. Como
Femme Assise, de 1953, uma tela geométrica representando uma mulher que faz
lembrar Françoise Gilot, outra das amantes de Picasso e mãe de dois de seus
filhos.
Estima-se que a temporada de leilões de maio de Nova York
atinjam a cifra de US$ 1,5 bilhão em vendas.
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