No topo de prédios no vale do Anhangabaú, praça do Patriarca
e outros pontos do centro, seus homens metálicos lembram suicidas solitários
prestes a despencar no meio da multidão.
"Essas esculturas provocam uma espécie de acupuntura na
complexa matriz de uma grande cidade", disse Gormley. "Elas reativam
nossa relação com tudo aquilo que é palpável, visível e ao mesmo tempo com o
que só pode ser imaginado."
Gormley relembrou experiências passadas com esse mesmo grupo
de obras. Quando instaladas ao longo do Tâmisa, em Londres, o artista diz ter
visto nelas um caráter "lírico, pacífico". Espalhadas por
arranha-céus de Nova York, elas provocaram uma sensação de "pânico" e
"desespero", nas palavras do artista.
Gormley disse que as peças em Manhattan também evocaram a
lembrança de corpos despencando das Torres Gêmeas durante os ataques
terroristas de 11 de setembro de 2001.
Em São Paulo, no entanto, Gormley chega a duvidar se as estátuas
vão ser notadas. "A fluidez e variedade das coisas que acontecem nas ruas
da cidade são tão estimulantes que as pessoas vão acabar ignorando essas
esculturas", disse. "Espero que essa obra ajude a tornar esse
ambiente mais aberto, mais reflexivo."
Ele também defendeu a ideia de obras de arte espalhadas pelo
espaço urbano como um contraponto às "condições hospitalares" de
museus e galerias de arte, alegando que num mundo cada vez mais virtual essa
presença física pode reativar os sentidos.
Além das ruas do centro, Gormley também ocupa a partir deste
sábado (12) todo o Centro Cultural Banco do Brasil com uma ampla retrospectiva
de seus trabalhos. Outras esculturas do vencedor do prêmio Turner também estão
expostas num galpão da rua Agostinho Rodrigues Filho, na Vila Mariana.
Até domingo (13), o artista pode ser visto no estande de sua
galeria, a White Cube, na SP-Arte, no pavilhão da Bienal de São Paulo.
SILAS MARTÍ
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