Além disso, os senadores vão sugerir a criação de um ente
público com autonomia para fiscalizar e punir o Ecad, que atualmente dispõe de
ampla soberania para agir. Entre os fatos encontrados pela CPI estão excessos
cometidos por fiscais – que chegaram a interromper casamentos para cobrar as
taxas –, a não distribuição de cerca de R$ 90 milhões aos compositores em 2010
e o pagamento de pró-labores milionários para seus diretores.
Para o presidente da
CPI, senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), a principal constatação dos
parlamentares é o acúmulo de prejuízos aos artistas ao longo dos anos. Livre
para decidir preços cobrados para cada execução e os percentuais repassados aos
compositores, a diretoria do Ecad passou os últimos anos nadando num mar de
impunidade e independência, diz a CPI. “Foi uma brecha aberta pelo País e que
propiciou a formação dessa caixa-preta que é o Escritório Central. Ele não
conta com nenhum órgão que o fiscalize”, avalia Rodrigues.O preço da liberdade do Ecad foi pago pelos artistas, como ficou demonstrado no processo movido no Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), no qual o órgão já foi condenado em primeira instância.
As associações que
compõem o órgão de arrecadação estariam combinando os preços cobrados para a
execução das obras musicais e de fonogramas, o que configura formação de
cartel. Além disso, pesa contra o Ecad a acusação de descumprimento da lei
segundo a qual o órgão não teria finalidade de obtenção de lucro. Contrariando
a lei, em 2010, o Ecad arrecadou R$ 430 milhões e distribuiu apenas R$ 340
milhões. O restante foi parar em sua conwta.
Além disso, os
documentos da CPI mostram que a diretoria do Ecad utiliza créditos retidos
arrecadados de autores desconhecidos. Em tese, o dinheiro deveria ficar numa
conta separada à espera da manifestação dos respectivos artistas. As conclusões
dos trabalhos da CPI certamente vão exigir mudanças profundas no atual modelo
de arrecadação de direitos autorais. O fim da CPI do Senado marcará o início de
uma ofensiva a um órgão privado que abusa de suas prerrogativas e faz o que bem
entende com o dinheiro que deveria chegar às mãos dos artistas do País.
Nenhum comentário:
Postar um comentário