PROJETO MEMÓRIA MUSICAL
APRESENTA
OBRAS SINFÔNICAS INÉDITAS DE HENRIQUE
OSWALD, JOSÉ SIQUEIRA E JOÃO GOMES DE ARAÚJO
Curador do Projeto Memória Musical, o violinista Erich
Lehninger participa do concerto como solista do Concerto para violino e
orquestra, de José Siqueira
Serão dois concertos, com a Orquestra Sinfônica Municipal e
o Coral Lírico, sob regência do maestro Victor Hugo Toro − no Theatro
Municipal, na sexta-feira 27 de Abril, às 21 horas, e no domingo, 29 de Abril,
às 11 horas.
Henrique Oswald, José Siqueira e João Gomes de Araújo são os
compositores escolhidos em nova edição do Projeto Memória Musical. Liderado
pelo violinista Erich Lehninger e pela Nery Cultural, desde 1998 o projeto vem
resgatando e editando obras de compositores brasileiros.
Nesta que é a oitava edição do Projeto Memória Musical,
obras restauradas desses três compositores e até aqui inéditas serão
apresentadas em dois concertos da Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência
de Victor Hugo Toro, nos dias 27 e 29 de Abril:
"Festa", de Henrique Oswald
"Paisagem Sonora - Concerto para violino e
orquestra", de José Siqueira − sendo Erich Lehninger o solista e
"Sinfonia nº 4", de João Gomes de Araújo.
Trabalho de Garimpo − O Projeto Memória Musical é resultado
de pesquisas do violinista e maestro Erich Lehninger, e da iniciativa
empresarial da Nery Cultural.
O projeto vem resgatando manuscritos de compositores da
música erudita brasileira e colocandoos ao alcance de músicos nacionais e
internacionais − de 1998 até hoje foram recuperadas e restauradas partituras de
24 obras sinfônicas, de compositores como Alberto Nepomuceno, Leopoldo Miguez,
Lorenzo Fernandez, Brasílio Itiberê, Francisco Mignone, Alexandre Levy, Hekel
Tavares, Radamés Gnattali e Guerra Peixe, além dos antes mencionados.Erich Lehninger afirma que, em mais de 140 anos de produção de música erudita no País − é a partir dos anos 1870 que efetivamente começa a música sinfônica brasileira −, não há no Brasil edições razoáveis nem mesmo das peças mais famosas do vasto e valioso repertório brasileiro. Ele acrescenta: "Também não existem edições musicologicamente elaboradas com relatos críticos sobre as fontes. É um trabalho de garimpo e muitos dos velhos manuscritos encontram-se em precário estado de conservação, o que significa o risco de perda desse inestimável acervo".
"Nosso projeto
transforma manuscritos de difícil manuseio e leitura em um conjunto de
partituras digitalizadas e totalmente revisadas, possibilitando a execução das
obras por orquestras do Brasil e de outros países", diz Anna Nery de
Castro, diretora da Nery Cultural.
Ela conta que depois de digitalizadas e revisadas, essas
“obras-primas que estavam na gaveta” são enviadas para o Banco de Partituras de
Música Brasileira, da Academia Brasileira de Música, onde podem ser obtidas por
todos os interessados − através do site abmusica.org.br ou email para
bancodepartituras@abmusica.org.br.
Além disso, as obras recuperadas são sempre apresentadas em
concertos, como acontece agora.
O Projeto Memória Musical tem apoio do ProAC-Lei Estadual de
Incentivo à Cultura, Governo do Estado de São Paulo.
Ritmos marcantes, memoráveis − Henrique Oswald (Rio de
Janeiro, RJ, 1852 - Rio de Janeiro, RJ, 1931), compositor, pianista e
concertista, pode ser considerado o mais refinado, aristocrata e austero dos
grandes românticos brasileiros.
Em 1868 foi para
Florença, na Itália, onde viveu por mais de 30 anos e escreveu a maior parte de
sua obra. Regressou ao Brasil em 1903, para substituir Alberto Nepomuceno como
diretor do Instituto Nacional de Música, mas logo em 1906 demitiu-se para
dedicar-se ao ensino do piano e à composição. Suas obras, sobretudo seus trios,
quartetos e quintetos são notáveis pela perfeição de feitio e equilíbrio.
Um dos mais
importantes compositores brasileiros da virada dos séculos 19/20, por jamais
ter se engajado ao nacionalismo acabou sendo relativamente esquecido. O fato é
que hoje se conhece sua obra pianística e um pouco de suas peças de câmara, mas
quase nada das obras para orquestra.
É o caso do poema
sinfônico "Festa", escrito em 1885, sua segunda obra orquestral. A
peça tem ritmos marcantes, memoráveis, utilizando, com um toque pessoal,
recursos do impressionismo francês − na maneira de instrumentar, no modo de
organizar o material harmônico, melódico, contrapontístico. Composição para
grande orquestra, a obra tem ainda a participação de um coro, cantando uma
letra de caráter cívico.
Nacionalismo nordestino − José de Lima Siqueira (Conceição,
PB, 1907 - Rio de Janeiro, RJ, 1985) foi maestro e compositor e teve intensa
presença como líder da classe musical brasileira − fundou, entre outras
entidades, a Academia Brasileira de Música, a Ordem dos Músicos do Brasil e a
Orquestra Sinfônica Brasileira. Foi professor da Escola de Música da
Universidade do Brasil (hoje da UFRJ).
Siqueira teve brilhante carreira como compositor e regente
no Brasil e no Exterior, regendo intensivamente nos Estados Unidos (Orquestra
da Filadélfia), Europa e União Soviética − esteve por várias vezes em Moscou, a
partir do momento em que, por sua militância comunista, o regime militar de
1964 o aposentou.
Sua produção soma cerca de 300 composições, de todos os
gêneros, e nas quais usa uma linguagem nacionalista regional: óperas, sinfonias
oratórios, poemas sinfônicos, obras concertantes, peças de camara e solo, e
ainda dezenas de canções. Utiliza sem rodeios uma linguagem nacionalista
regional em obras de excelente fatura técnica.
Seu "Concerto nº 3 para violino e orquestra",
composto em 1972, foi dedicado a um dos maiores virtuoses soviéticos do século
20, Leonid Kogan. O concerto leva o subtítulo “Paisagem Sonora” e foi escrito
para grande orquestra. No concerto o solista será Erich Lehninger.
José Siqueira foi um nacionalista fortemente enraizado no
universo nordestino. "É relativamente conservador estilisticamente, mas
tem uma maestria admirável", afirma o Erich Lehninger, músico que tem uma
experiência direta com Siqueira, tendo tocado suas sinfonias com regência do
próprio compositor.
Brasilidade latente − João Gomes de Araújo (Pindamonhangaba,
SP, 1846 - São Paulo, SP, 1943), professor, regente e compositor, viveu
sucessivamente em sua cidade natal, no Rio de Janeiro, em Milão (Itália) e
finalmente em São Paulo − em 1906 participou do grupo que fundou o
Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, tornando-se professor da
instituição por muitos anos. Dedicou-se intensamente à composição, sendo autor
de várias óperas, missas, marchas, canções e ainda de seis sinfonias, estas
escritas entre 1899 e 1923.
Sua Sinfonia n° 4,
obra em quatro movimentos, foi composta 1904 e revela uma “brasilidade
latente”, produto do momento de transição do romantismo para o nacionalismo. As
linhas melódicas, por exemplo, parecem querer assumir-se como brasileiras,
apesar da moldura europeia.
Serviço:
PROJETO MEMÓRIA MUSICAL
Theatro
Municipal de São PauloSexta-feira, 27 de Abril, 21 horas
Domingo, 29 de Abril, 11 horas
Orquestra Sinfônica Municipal
Coral Lírico Municipal
Regente Victor Hugo Toro
Programa
HENRIQUE OSWALD (1852-1931)
Festa
Devagar / Andantino / Allegretto
Solista: Erich Lehninger
Sinfonia n°
4 em dó menor
Allegro
moderato / Andante cantabile / Scherzo / Allegro finale
Theatro
Municipal de São Paulo (1.533 lugares)
Praça Ramos
De Azevedo s/nº, Centro, tel. 3397-0327
INGRESSOS
R$ 60,00
[setor 1], R$ 40,00 [setor 2], R$ 20,00 [setor 3]Duração: 75 minutos
Indicação etária: não recomendado para menores de 7 anos
Realização: Nery Cultural
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