Ministério da Educação
observou grandes disparidades nas notas das instituições
Além da Universidade Paulista (Unip), outras 30 instituições
são suspeitas de fraudes para inflar as notas no Exame Nacional de Desempenho
dos Estudantes (Enade), uma das ferramentas de avaliação do ensino superior. O
Ministério da Educação (MEC) descobriu grandes disparidades nas notas dessas
universidades de um ano para o outro.
Questionado, o MEC não revelou a lista das instituições.
Também não há definição sobre quais serão as providências em relação a esses
casos, mas o ministério afirmou que vai "agir com o mesmo rigor" que
demonstrou com a Unip. O Estado apurou que o assunto tem sido tratado com cautela,
porque a pasta não teria estrutura para uma intervenção mais decisiva em todas
essas instituições.
Os casos não foram descobertos agora pelo MEC. Já eram
conhecidos pela pasta ainda na gestão do ministro Fernando Haddad (PT), que
deixou o cargo em janeiro. A pasta não informou exatamente quando apurou as
possíveis irregularidades e por que não tomou providências até agora ou se já
pediu esclarecimentos às instituições.
As suspeitas recaíram sobre as universidades porque elas
apresentaram melhoras consideradas incoerentes nos índices do exame. Esse salto
nos índices foi o que ocorreu com a Unip.
Inflar. Conforme o Estado revelou no início do mês, a Unip
apresentou grandes saltos nas notas de alguns cursos. No curso de Nutrição, por
exemplo, a nota subiu 207% do Enade de 2007 para o de 2010, muito acima da
melhora na média nacional, de 25%. Segundo especialistas, seria impossível
transformar e melhorar um curso superior em um prazo tão curto.
Para inflar as notas no exame, a Unip é acusada de lançar mão
de um esquema para que apenas os melhores alunos façam a prova. Quanto menor o
número de inscritos, melhor é o resultado da instituição. Estudantes de
desempenho acadêmico médio para baixo ficam com notas em aberto na época em que
as instituições devem fazer as inscrições dos alunos para o Enade.
Em 2010, estavam aptos a fazer o exame alunos do último ano
que tivessem completado pelo menos 80% da carga horária do curso até o dia 2 de
agosto. Com as notas em aberto, os piores não completam 80% da carga horária e
só os melhores da classe fazem o exame.
A Unip nega selecionar os melhores alunos para os exames.
Atribui a melhora no Enade à criação de uma comissão para analisar os cursos.
O MEC não sabe se as outras 30 instituições usaram a mesma
estratégia da Unip, mas as suspeitas vão nessa direção. O Enade é feito pelos
calouros e formandos do ensino superior para avaliar os estudantes. O exame
também compõe o conceito de qualidade das graduações. Grande parte das
universidades do País usam o desempenho no Enade em peças publicitárias para
atrair novos alunos.
Mudanças. Após as denúncias, o ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, alterou as regras do próximo Enade para tentar conter tentativas de
fraudes.Além dos alunos que se formarem em dezembro de 2012, como previa a norma atual, terão de fazer a prova, em novembro, estudantes que concluírem o curso seis meses depois, em agosto de 2013. Isso resolveria o problema de postergar a formatura de um grupo de alunos por um semestre para fazer com que só os melhores façam o exame.
O MEC também estuda medida que diz respeito a alunos
transferidos de uma universidade a outra no último ano da graduação. A ideia é
fazer com que a nota do estudante seja atribuída à instituição onde ele estava
originalmente matriculado. A medida visa a evitar que universidades reprovem em
massa estudantes de baixo desempenho antes do Enade.
O Estado de S.Paulo
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