Etmologia. O port. esp. it. coro; fr. choeur, ambos do século XII; ing. chorus; al. Chor, ambos do século XVII, é o lat. chorus; gr. khorós, dança em coro, coro, canto executado pelo "coro".
Definição. Conjunto de cantores
que executam, em uníssono ou a várias vozes, obras musicais. Extensivamente,
designação das composições polifônicas executadas por esses conjuntos, e cuja
característica fundamental é a presença de mais de uma voz em cada parte.
Para participar de
um coro, o cantor não precisa possuir dotes excepcionais. São necessários,
entretanto, afinação correta, que resulta da exata percepção dos intervalos
sonoros, sentido rítmico e alguma prática de solfejo, além da musicalidade,
conhecimento dos diversos estilos do repertório coral e disciplina rigorosa.
Nas sociedades
corais populares, a técnica vocal é geralmente rudimentar. Os grupos
profissionais devem apresentar, no mais alto nível, os requisitos mencionados,
tendo em vista as dificuldades das obras que interpretam e a responsabilidade
das apresentações públicas. Cantores que dispõem de vozes mais trabalhadas e
potentes muitas vezes perturbam as execuções, porque, num coro, é fundamental
evitar qualquer destaque individual.
Técnica. Independente do número de
participantes, o objetivo básico de todo coro é atingir uma perfeita
homogeneidade, de forma que nenhuma das partes desequilibre o conjunto quanto
ao volume e ao timbre.
Cabem ao regente e
ao assistente do coro a seleção e a preparação técnica das vozes, e a
unificação dos diversos timbres, mediante trabalho minucioso com cada parte
separadamente, para obter movimento expressivo das partes e transformar o coro
em instrumento dócil e fiel às intenções da obra a ser executada. Além disso, é
necessário que se articulem nitidamente todas as sílabas do texto literário que
inspirou a música. Os coros podem ser constituídos exclusivamente por vozes
masculinas, femininas ou infantis, ou podem ser coros mistos, de que participam
elementos de sexos e idades diferentes. O coro normal é a quatro vozes mistas:
soprano, contralto, tenor e baixo.
O repertório reúne
peças cantadas em uníssono, à oitava, ou composições polifônicas, com partes
diferentes. Há obras para coros múltiplos, compostos para mais de um conjunto.
O coro a cappella, ou, no Brasil, coro orfeônico, é aquele em que
seus componentes cantam sem nenhum acompanhamento instrumental.
O canto coletivo,
religioso ou profano, responde a uma necessidade de agrupamento, e sua função
socializadora é constante através dos tempos, em todas as civilizações. Desde a
pré-história os homens cantavam em conjunto, encontrando nessa prática uma
forma insuperável de integração nas suas atividades sociais.
A música na
Antiguidade caracteriza-se pela existência de grandes massas corais, que entoam
hinos religiosos, canções guerreiras e canções de trabalho. O teatro grego dá
ao coro, ora falado, ora cantado, um papel predominante.
Histórico. O canto gregoriano da
Igreja católica adota os coros em uníssono, ou à oitava, até o século X. Nas
primeiras tentativas polifônicas, principalmente entre os séculos X e XIII,
distinguem-se os registros graves e agudos das vozes masculinas e infantis,
para as partes diferentes do órgão ou do descante. O grande repertório
polifônico floresce e atinge o apogeu nos séculos XV e XVI. Os cantores deviam
ser dotados de qualidades extraordinárias, dada a complexidade das peças que
executavam. As grandes capelas disputavam cantores famosos. Introduzem-se os castrati,
que interpretam as partes de tessitura elevada.
Dos primeiros
tempos cristãos até o fim do Renascimento, cabe ao coro o papel de maior
importância em toda a música sacra. O repertório profano, de inspiração
popular ou erudita, tem seu clímax na canção francesa e no madrigal italiano,
para quatro vozes mistas.
Com o nascimento da
harmonia tonal e a criação da ópera, há uma renovação da música coral com a
utilização do coro na missa, na ópera e no oratório, gêneros que predominam na
Europa meridional, ao passo que os países de religião reformada desenvolvem a
paixão e a cantata religiosa. O coral luterano assegura a participação dos
fiéis no culto por meio do canto comunitário. Um novo estilo, com a realização
do baixo cifrado pelo órgão, acrescenta um discreto acompanhamento instrumental
às vozes. Todas as capelas requisitam músicos de importância e mantém corpos
estáveis.
No século XVIII,
desenvolvem-se as academias e os conservatórios, que roubam o monopólio
religioso da música vocal de conjunto. No século XIX, multiplicam-se as
associações corais regulares, às vezes de dimensões gigantescas, e a maioria
dos compositores dedica grande atenção ao coro, que, frequentemente, passa a
integrar obras sinfônicas.
Anualmente, é
grande a atividade musical no terreno erudito, e deve-se mencionar o
ressurgimento do repertório folclórico da tradição ocidental, harmonizando para
várias vozes, e o aproveitamento de motivos africanos, asiáticos e ameríndios.
No campo da música
erudita, verifica-se a restauração da declamação coletiva, o coro falado, nos
moldes da Antiguidade, que requer uma nova técnica quanto ao tom, à dicção e às
modalidades expressivas, e abre um novo caminho para a utilização do coro.
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