Quando o empresário Peter Glassman abriu sua livraria especializada em edições infantis
O modelo de negócio se provou sustentável até o fim de 2012, quando, enfim, as previsões contrárias se confirmaram e a empresa teve de recorrer a doações financeiras da clientela para sanar os prejuízos deixados pela crise e pelo avanço de competidores gigantes como a Amazon nos últimos anos.
Com US$ 100 mil arrecadados, Glassman não foi o único no setor de livrarias independentes que nos últimos seis meses concluiu que passar o chapéu seria uma alternativa para sobreviver à concorrência dos poderosos da internet.
Saídas como vender café, brinquedos e outras bugigangas para preservar os balanços já são status quo.
A estratégia que se consolida agora é o `crowdfunding’, prática que cresceu na esteira de sites que fazem a logística da arrecadação de fundos para novos pequenos negócios, como o Indiegogo e o Kickstarter.
As plataformas, entretanto, têm sido frequentadas por empreendimentos maduros como a The Bookstore, que opera há quase 40 anos na Califórnia.
A empresa estava às vésperas de fechar as portas no fim do ano passado quando seu administrador resolveu pedir dinheiro e alcançou mais de US$ 36 mil em fevereiro.
“Não pretendemos repetir o momento de dificuldade financeira. O negócio tem de sobreviver por si, mas é possível tirar o caráter de caridade oferecendo valor aos doadores”, diz Glassman.
Em troca, a empresa distribuiu cartões com ilustrações especiais e chegou a emprestar o espaço da loja para uma festa, no caso de uma doação mais generosa.
“Isso pode se tornar um novo tipo de comércio.”
Histórias semelhantes são narradas por livrarias como a Adobe Books, de San Francisco, que levantou mais de US$ 60 mil para enfrentar o aluguel, e pela Spellbound, de Asheville, que alcançou US$ 5,4 mil.
Apesar de ser reconhecida como insustentável no longo prazo, a estratégia é eficaz porque apela a um instinto de preservação, nostalgia e apreço por literatura.
“Vejo como uma tendência entre livrarias independentes que criaram um senso de comunidade entre seus clientes ao longo dos anos”, afirma Glassman.
A vaquinha também ajuda a expandir negócios saudáveis. “Não temos problema financeiro, mas pedimos apoio para comprar uma livraria que funciona num celeiro de 1873″, diz Zack Zook, da BookCourt, de Nova York.
Foram US$ 40 mil arrecadados entre clientes, escritores, editoras e colecionadores que possibilitaram a abertura da livraria focada em autores latinos
“Há dois anos, só nós e uma outra usávamos esse tipo de plataforma. Agora é mais comum”, diz a empresária, que também promove workshops no espaço,
“Hoje me procuram para falar disso. Há 15 dias, tivemos ingressos esgotados para palestras sobre crowdfunding”, diz.
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