Cosméticos franceses, vidros de perfume e um frasco de água de colônia com o (sugestivo) nome de "anti-catinga": tudo isso estava no lixo da Casa de Bragança, a dinastia portuguesa que governou o Brasil na época do Império.
O material foi encontrado durante as escavações que precederam a construção de uma fábrica de componentes para a expansão do metrô no centro do Rio de Janeiro. Antigamente, no local, era depositado o lixo do palácio imperial.
Antes de chegar ao que era um nobre "lixão", os arqueólogos tiveram que escavar sobre os escombros de casas e colinas que foram derrubados durante o plano de urbanização realizado no final do século XIX e início do século XX, época em que o Rio de Janeiro ainda era a capital do país.
A tal "lixeira" hoje revela um dos maiores achados arqueológicos do Brasil. Até agora, os pesquisadores catalogaram cerca de 210 mil de itens em bom estado de conservação, mas calcula-se que será possível recuperar até 1 milhão de peças no local.
Entre os objetos se destacam uma escova de dente com alusão ao imperador Dom Pedro II – ela contém uma inscrição em francês que diz "Vossa Majestade o Imperador do Brasil", o que pode indicar que pertencia ao imperador ou a alguém próximo a ele – pratos e vasilhas de cerâmica, cachimbos com restos de tabaco, produtos de herbário e farmácia.
Alguns itens encontrados são ainda mais antigos, como manufaturas indígenas do século XVII. Pesquisadores acreditam que esses objetos podem revelar aspectos sobre a sociedade da época até então desconhecidos – por exemplo: como era feita a coleta de lixo? Como eram as relações comerciais?
Como as obras de expansão do metrô carioca se prolongarão até 2016, as escavações precisarão ser interrompidas pelos próximos 3 anos. Depois disso, o trabalho de escavação da "lixeira" da família Bragança recomeçará.
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