Altos
preços, agendas feitas com antecedência, datas disponíveis nos teatros – não
são poucos os “inimigos” das sociedades privadas que promovem concertos
internacionais. Mas, em 2014, há um outro: a Copa. “Essas temporadas são feitas
com dois, três anos de antecedência. E imagine que já lá atrás tivemos
dificuldades para encontrar quartos de hotel em São Paulo para junho e julho”,
conta Sabine Lovatelli, presidente do Mozarteum Brasileiro. “Então resolvemos
não brigar com a Fifa (risos) e deixamos esses dois meses livres de concertos.”
Assim, a
temporada 2014 do Mozarteum terá apenas sete concertos. Mas Lovatelli acredita
que o número menor de apresentações não impediu que a programação mantenha o mesmo
caráter de anos anteriores. “Há um pouco de tudo, grandes e pequenos conjuntos,
com repertórios diferenciados, solistas e maestros de peso.”
O ano começa
em maio com duas apresentações: primeiro, o violinista Daniel Hope e, em
seguida, a Oslo Camerata. Em agosto, recital dedicado ao canto, com a soprano
Natalie Dessay e o barítono Laurent Naouri acompanhados pelo piano de Maciej
Pikulsi. A Philharmonia Orchestra, de Londres, volta ao Brasil em setembro após
quinze anos – e agora será regida por Vladimir Ashkenazy e terá solos do
pianista Nelson Freire.
Na
sequência, apresenta-se a Sinfônica Bruno Walter, no início de outubro, que
terá também concertos do violista Yuri Bashmet à frente dos Solistas de Moscou.
Quem encerra o ano é a Sinfônica de Pequim, com o maestro Tan Lihua e um
solista que ainda não foi definido.
“Hope é um dos grandes nomes da atualidade em
seu instrumento. Da mesma forma, ter a Philarmonia de volta por aqui já seria
ótimo, ainda mais com Ashkenazy e Nelson Freire. Contemplar o canto de modo
diferente, reunindo dois grandes solistas internacionais, também é algo que nos
anima”, diz Sabine.
Ela ressalta
também que, na hora de programar, uma preocupação é o caráter pedagógico. “A
Oslo Camerata, por exemplo, já desenvolve um trabalho educacional em Niterói, e
isso é algo que nos parece bastante interessante. O Mozarteum sempre teve essa
preocupação, desde os anos 80, mas me parece que nos últimos tempos mais
pessoas têm prestado atenção nisso.”
Segundo
Sabine, mais de cem músicos brasileiros já estiveram na Europa com bolsas
negociadas pelo Mozarteum – assim como parcerias permitiram a ida à Europa de
grupos como a Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo. “Nós não temos dinheiro,
mas temos os contatos com orquestras e pessoas que ajudam a possibilitar esse
intercâmbio.” Ela cita como exemplo o compositor paraibano Marcílio Onofre, que
voltou este ano de uma temporada de estudos na Polônia com Kryzstof Penderecki.
Os artistas
da temporada farão master classes – e é delas que sairão os principais
destaques. “Os professores de fora nos ajudam nesse processo, apontando nomes
com potencial e sugerindo locais onde eles poderiam estudar, professores ou
instituições que poderiam recebê-los. Assim, não há favorecimentos.”
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