Instalada na plataforma superior da Rodoviária do Plano
Piloto, a estátua de ferro fundido parece observar a Esplanada dos Ministérios.
Ela é parte da primeira exposição de Antony Gormley em Brasília, “Corpos
Presentes – Still Being ”, que ocupa até janeiro todas as galerias do Centro Cultural Banco do Brasil.
A mostra entra em cartaz nesta terça-feira (23) e é uma
retrospectiva que relembra os quase 40 anos de carreira do inglês. Para receber
o trabalho daquele que é considerado um dos maiores artistas plásticos da
atualidade, o CCBB construiu um pavilhão novo em seu jardim, perto do Lago
Paranoá.
Esculturas de Gormley também podem ser vistas na Esplanada
dos Ministérios e perto da Ponte JK. Em Brasília, o artista decidiu não
instalar as peças da série “Four times” em cima de prédios como fez em São
Paulo, Rio de Janeiro, Londres e Nova York. A escolha se deu devido à admiração
que Gormley tem pelo trabalho de Oscar Niemeyer e pelo desenho urbano da
cidade, que privilegia a observação do horizonte.
Ao todo, “Corpos Presentes” é formada por 11 instalações,
além de fotografias, vídeos e maquetes. Dizer que a obra de Gormley trata sobre
a tensão entre o corpo e o espaço que o cerca já se tornou senso comum – e,
como toda afirmação gasta pelo uso, a frase reúne ao mesmo tempo uma noção
incompleta do trabalho do artista inglês e uma interpretação simples, mas de
fácil compreensão da reflexão que ele desenvolve há quatro décadas.
Ocupando o novo pavilhão do CCBB, “Critical Mass” é o maior
destaque da mostra. A instalação é formada por 60 esculturas feitas de ferro
fundido, todas foram feitas com base no corpo do próprio Gormley. “Por que usar
outro corpo se tenho o meu?”, questiona e explica o artista.
Brasília é a última cidade brasileira a receber a exposição.
Em São Paulo e no Rio, as peças de “Four times” sofreram intervenções como
adesivos de tima e sacos plásticos. Antes mesmo da inauguração, uma peça
instalada perto do Palácio do Planalto também foi alvo de uma ação inesperada:
a estátua foi enterrada.
“É uma resposta natural. As pessoas não pediram por essas
esculturas em seu espaço urbano, então é uma resposta plausível e divertida”,
opina Gormley.
A mostra fica em cartaz no CCBB até 6 de janeiro, com
visitação gratuita de terça-feira a domingo, de 9h às 21h.
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