O profissional que planeja fazer um curso de especialização
ou línguas no exterior pode esbarrar em complicações como orçamento,
documentação e, principalmente, tempo. Tirar licença no trabalho exige jogo de
cintura para quem não pode utilizar o período de férias ou precisa de uma pausa
maior para a viagem.
Especialistas garantem que a missão não é impossível e apontam questões que os profissionais devem
levar em conta na hora de negociar como chefe:
1. Pesquisar cursos nas horas vagas
“Antes de conversar com a empresa, o profissional precisa
saber o que ele quer e mostrar uma posição consolidada para aumentar o poder de
barganha”, aponta Ricardo Betti, sócio-diretor da MBA Empresarial. Para o consultor,
quem já tem em mente o curso que pretende fazer, deve buscar admissão em escola
de renome para tornar mais fácil a negociação com o chefe.
Por outro lado, aqueles que não pensam em viajar sem que
haja a garantia do trabalho ao retornar, devem conversar com o superior sobre
possíveis datas. “A pessoa que procura discutir qual é o melhor período para a
sua saída, para que isso não afete o setor onde trabalha, mostra
comprometimento e tem mais chances de negociar o retorno”, diz Marcelo Cuellar,
headhunter da Michael Page.
2. Verificar as
alternativas de licença
Quem já está no mercado de trabalho e pretende estudar no
exterior deve ter em mente as três possibilidades de licença. “Há a opção de
pedir demissão e tentar ser readmitido no retorno, o acordo de licença
não-remunerada com garantia da manutenção do emprego e, por fim, a licença e
viagem patrocinada”, explica Betti.
Cada uma das alternativas implica em prós e contras que
devem ser colocados na balança. No primeiro e segundo casos, o funcionário pode
tomar as decisões de forma mais flexível do que quando a viagem é bancada pela
empresa.
“Ter a viagem patrocinada pela empresa e o emprego garantido
no retorno é uma grande vantagem para o profissional, mas não são todas as
empresas que oferecem programas do tipo. Entre as que oferecem, geralmente é
estabelecido em contrato um prazo após o curso que o funcionário deverá
permanecer na empresa”, esclarece Betti.
Segundo o consultor, um curso no exterior que dure dois anos
significa, em geral, três anos em que o profissional deve ficar na empresa
depois de retornar.
Ele próprio foi aluno do MBA no Massachusetts Insititute of
Technology (MIT) quando trabalhava no Banco Itaú, em programa financiado pela
empresa. “No meu caso, a negociação incluiu ainda a mudança de carreira, porque
eu era médico e pretendia trabalhar na área de recursos humanos. Fiz a proposta
e consegui ter o curso financiado pelo banco com a garantia de que voltaria”,
conta.
Oportunidades do tipo aparecem, geralmente, em grandes empresas
ou quando há possibilidade de retorno do benefício para a companhia. “É um
investimento de alto custo da companhia naquele profissional, por isso é feito
mais frequentemente em cargos ‘sênior’”, diz Cuellar.
3. Apresentar benefícios para a empresa
Quem pretende negociar com a chefe a possibilidade de
patrocínio da viagem precisa apresentar qual será o benefício principal para a
empresa. “Agregar benefício na proposta mostra que não é só um plano de
carreira ou algo pessoal, mas também um investimento que trará retorno para a
companhia”, diz Cuellar.
Verônica Rodrigues, especialista em coaching, concorda e
aponta que a negociação exige diplomacia do profissional. “Ele deve mostrar ao
chefe também as vantagens para uma melhor atuação em sua função, a curto, médio
e longo prazos, por exemplo a identificação de oportunidades de novos
negócios”, aconselha.
Uma outra forma de negociação, segundo Verônica, é propor
alguma forma de compensação da empresa para este período de ausência, seja
antecipando horas adicionais ou repondo esses dias após a viagem. A negociação
é mais fácil “se o chefe percebe o comprometimento do colaborador com o próprio
crescimento e desenvolvimento, mas também, com a manutenção dos resultados de
seu trabalho na empresa”, explica.
Caso o profissional não consiga que a empresa pague os
custos da viagem, os consultores aconselham procura por financiamento ou
programas de bolsas no exterior. “O importante é que ele não desista da ideia e
busque o aprimoramento profissional no curso desejado”, diz Cuellar.
4. Avaliar as condições ao retornar
Aqueles que conseguem a licença e vão estudar fora do país
precisam ficar atentos às alterações que ocorrerão no trabalho durante a
ausência. “Quanto maior o tempo em que o profissional estiver longe da empresa,
mais diferente estará o ambiente de trabalho quando ele voltar”, lembra
Cuellar.
A garantia do emprego não garante que o chefe, colegas e
rotinas de trabalho serão os mesmos. “É sempre um risco que deve ser avaliado
pelo profissional ao solicitar a licença no trabalho”, diz o consultor.
Betti avisa que, quem, no entanto, estiver preparado para as
mudanças que ocorrerão no retorno, chegará mais capacitado e com maior bagagem profissional para
reconquistar o espaço.
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