As vendas no mercado de arte no Brasil alcançaram 455 milhões de
euros (R$ 1,2 bilhão) em 2012, valor que corresponde a 1% do mercado mundial,
anunciou ontem a economista Clare McAndrew.
A constatação está em relatório encomendado pela Tefaf (The
European Fine Art Foundation, ou fundação europeia para as belas artes). Desde
2009, McAndrew realiza uma pesquisa sobre o mercado global de arte, mas esta é
a primeira vez que o Brasil foi incluído no relatório.
"Todo mundo tem interesse nos mercados emergentes. Já se
estudaram China e Índia, mas nunca se havia feito uma pesquisa internacional em
arte sobre o Brasil.
Esse estudo é apenas um começo, algo ainda superficial",
disse a economista, que dedicou 36 páginas de seu relatório e cinco meses de
trabalho ao país.
Em seu diagnóstico, a economista afirma que "um impedimento
ao desenvolvimento do mercado brasileiro se deve aos impostos e regras de
importação". Para comprar arte fora do país, os impostos no Brasil podem
chegar a 50%, enquanto na Europa estão em torno de 6%.
"Um curador brasileiro me contou que, para driblar isso,
convida artistas a criarem obras no país", diz a economista McAndrew.
POUCOS COM MUITO
O relatório aponta também a concentração de brasileiros em leilões
no exterior: "Nos últimos três anos, os cinco artistas mais vendidos
correspondem a 69% [das vendas]". A artista que mais cresceu foi Beatriz
Milhazes: de 2005 a
2012 seus trabalhos foram valorizados em 629%.
"Há quem diga que os brasileiros já estão supervalorizados no
exterior. Sem dúvida, é difícil manter quem cresce muito rápido", afirma
McAndrew.
Outra conclusão da economista é a particularidade do Brasil em
relação às casas de leilão, que correspondem a apenas cerca de 30% do mercado,
deixando os 70% restantes para galeristas e marchands de arte.
Na China, a situação é inversa: as casas de leilão concentram 70%
do mercado; já nos EUA e na Europa, ficam com quase 50% do total.
"Talvez isso ocorra no Brasil porque muitos colecionadores
preferem vender obras em leilões no exterior", avalia McAndrew.
O relatório também abordou a China como um mercado de arte muito
significativo: apesar da queda de 24%, de 2011 para 2012, o país comercializou
mais de 10 bilhões de euros (R$ 25,7 bilhões).
Assim, os EUA, que apareceram em segundo lugar na pesquisa de
2011, passaram a liderar as vendas em arte, com 14,2 bilhões de euros (cerca de
R$ 36,5 bilhões).
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