É uma espécie de psicologia inversa. Em vez de
mostrar geleiras derretendo, usinas soltando fumaça e animais banhados em
petróleo, Sebastião Salgado desperta de um hiato de mais de dez anos sem
exposições grandiosas para alertar sobre os mais graves problemas ambientais
focando justamente naquilo que ainda há de belo e de intocado.
O objetivo do fotojornalista é invocar a
percepção de que ainda há muito a ser salvo em um planeta que insiste em preservar
paisagens e vidas exuberantes apesar de toda a degradação proporcionada pela
ação humana. Gênesis, a nova mostra fotográfica de Salgado, chega ao Rio na
quarta-feira (29) com 245 imagens capturadas em oito anos de viagens aos
recantos mais selvagens do planeta.
A exposição ficará até o dia 26 de agosto no
Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico e depois vai para São Paulo, onde
abre, no Sesc Belenzinho, no dia 4 de setembro. A jornada para a composição de
Gênesis, que foi inaugurada no Museu de História Natural de Londres em abril,
começou em 2004 e durou até 2012. Salgado realizou 30 viagens utilizando aviões
de pequeno porte, helicópteros, barcos e canoas para atingir os pontos mais
remotos do planeta.
Consagrado pelas exposições Trabalhadores
(1986-1992) e Êxodos 1994-1999), o fotojornalista mantém na nova mostra sua
característica mais marcante. As imagens são congeladas em preto e branco,
aguçando as texturas e os contrastes em cenas impressionantes. Com curadoria de
Lélia Wanick Salgado, Gênesis é organizada em cinco seções, priorizando os
diferentes ecossistemas visitados pelo fotógrafo.
A seção Santuários se concentra
na singularidade de lugares como as Ilhas Galápagos, Nova Guiné, Sumatra e Madagascar.
Paisagens vulcânicas, populações anciãs e a peculiaridade da fauna intocada dão
o tom da amostra.
Em África, Salgado captura a
vida selvagem do continente em países como Botswana, Ruanda, Congo e Uganda.
Tribos da Etiópia e do Deserto Kalahari também são destacadas. Nessa seção,
também são enfatizados os desertos da Líbia e da Nigéria.
O extremo norte da América e da Rússia aparecem
na seção Terras do Norte. Além dos ursos polares, se destacam
os registros da tribo Nenet, no norte da Sibéria, que resiste às mais baixas
temperaturas do planeta.
A diversidade biológica dos trópicos aparecem na
seção Amazônia e Pantanal. Além da flora e da fauna
exuberantes, Salgado registra tribos isoladas, do Pantanal à região do Rio
Xingu.
Serviço:
Data: de 29 de maio a 26 de agosto (das
terças-feiras aos domingos)
Horário: das 9h às 17h.
Local: Museu do Meio Ambiente do Jardim Botânico
(Rua Jardim Botânico, 1008, Rio de Janeiro)
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