Em 1948 é criado o Groupe de Recherches Musicales (GRM) na França por
Pierre Schaeffer. Sem a utilização de partitura, o pioneiro da música
eletroacústica transformou e organizou os sons para realizar suas obras
musicais. Naquela época, esta modalidade de composilção foi batizada de musique
concrète, em oposição à música abstrata, escrita em partitura. Pierre
Schaeffer , Pierre Henry, Luc Ferrari e François Bayle
compuseram “de ouvido”, experimentando e realizando audições críticas dos sons.
A música concreta possibilitava a utilização de uma grande variedade de sons.
Sons de qualquer natureza podiam ser gravados para servir de material musical
ao compositor. Os compositores Herbert Eimert e Robert Beyer realizaram os
primeiros experimentos com equipamentos eletrônicos na rádio NDWR de Colônia. A
Música Eletroacústica passou a utilizar sons produzidos por sintetizadores buscando
a elaboração elementar do som a partir de suas propriedades físicas. Em 1951
Herbert Eimert cria o primeiro estúdio de Música Eletrônica na própria rádio
NWDR e inicia a Escola Senoidal formada por ele e outros compositores.
E no Brasil? Como surgiu e se desenvolveu a música eletroacústica? De
uma maneira muito resumida podemos citar alguns acontecimentos, compositores e
obras que colaboraram para a música eletroacústica em nosso país. Ainda que
incompleta, estas citações podem auxiliar as pessoas a conhecer um pouco mais
sobre o tema e procurar novas referências.
No Brasil, as experiências eletroacústicas iniciam com o compositor
Jorge Antunes que constrói seus instrumentos e cria as primeiras obras
eletrônicas: Pequena Peça para Mi Bequadro e Harmônicos (1961) e Valsa Sideral
(1962). É bem verdade que antes, mais precisamente em 1956, o compositor
Reginaldo de Carvalho, torna-se o primeiro brasileiro a criar uma peça
eletroacústica. Reginaldo compõe em Paris Sibemol ,
consistindo em um estudo para microfones com sons captados de dois pianos,
matéria plástica esticada e tamborim. De volta ao Brasil, Carvalho assume a
direção do Instituto Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, um importante centro para
pesquisa e divulgação da música contemporânea. Neste Instituto Jorge Antunes
encontra espaço para dar continuidade a suas
pesquisas em música eletroacústica.
Em 1965 ele inicia as pesquisas no domínio da correspondência entre os
sons e as cores e compõe uma série de trabalhos a que intitula de
cromoplastofonias, para orquestras, fitas magnéticas, luzes, usando também os
sentidos do olfato, do paladar e do tato.
Entre 1966 e 1967, o Cláudio Santoro compõe Aleatórios I, II, III para
fita magnética.
Os compositores brasileiros são beneficiados com a incorporação do
computador e outras tecnologias aos laboratórios das Universidades Brasileiras.
São inaugurados estúdios,
laboratórios, centros de pesquisa em composição na área específica
da música eletroacústica. Estes novos espaços não são estúdios para produção de
música comercial e/ou popular nem estúdios de gravação, mas núcleos destinados
à pesquisa e criação de música de vanguarda.
Além da influência provinda da Europa e dos EUA, outros
acontecimentos contribuiíram para despertar
o interesse ds compositores para a utilização das novas tecnologias na música
contemporânea. O sintetizador modular brasileiro é construído em 1975 por Guido Stolfi e Celso Oliveira, fruto de
uma pesquisa acadêmica na USP.
Em 1981, no Rio de Janeiro é
instalado, num quarto do atelier de restauração de quadros e gravuras, o
Estúdio da Glória. Placas acústicas nas paredes, porta dupla e um teto
rebaixado abrigaram as primeiras ferramentas de trabalho do que veio a
tornar-se o maior núcleo de produção eletroacústica do Brasil. Os pioneiros que
continuaram o estúdio após sua criação foram Tim Rescala, Rodolfo Caesar. A produção do Estúdio da Glória foi lançada
em CD.
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