Especialistas
recomendam atitudes positivas para serem tomadas antes, durante e depois o
período de avaliação escolar
Basta
a escola informar as datas previstas para a famosa ”semana de provas”para que
um clima de tensão se instale em sua casa e a rotina de estudos sofra uma
drástica mudança? Atenção. As provas são parte importante da avaliaçãoe, claro,
o baixo desempenho pode levar à repetência, porém, elas devem ser encaradas
como uma simples rotina.
Como
evitar o desgaste de perceber, na véspera da prova, que seu filho não absorveu
o conteúdo mínimo necessário ou que tem muitas dúvidas sobre determinado
assunto? Como ajudar diante da grande quantidade de disciplinas e assuntos que
são cobrados neste momento?
Dois
educadores ouvidos pelo Educar para Crescer apresentam uma fórmula infalível
para resolver estes problemas e fazer com que este período seja tranquilo e até
prazeroso: garantir que seu filho estude um pouco a cada dia, desde o começo do
ano, de forma organizada e contando com seu acompanhamento. Algo que, se não
está sendo feito, deve ser iniciado o imediatamente.
“Isso
significa fazer a lição de casa e os trabalhos solicitados, mas também rever o
conteúdo passado em cada aula, diariamente”, explica a psicopedagoga Marcia
Zebini. “O ideal é, junto com a criança ou adolescente, montar uma tabela com
as disciplinas que serão estudadas a cada dia da semana, determinando um
horário para que isso seja feito”. Ela sugere, por exemplo, no caso de quem
estuda pela manhã, que a segunda-feira à tarde seja dedicada para revisar os
conteúdos das disciplinas das aulas previstas para terça-feira. A estratégia
permite o aluno perceber se tem dúvidas e resolvê-las com o professor já na
aula seguinte e também deixa os assuntos “frescos” para a complementação que
virá.
A
orientação é compartilhada pelo professor Laércio da Costa Carrer, coordenador
do Ensino Fundamental 2 do Colégio Albert Sabin, que destaca a importância da
participação dos pais neste processo. “É envolver-se, acompanhar e motivar seu
filho, mostrando que o aprendizado tem um sentido e significado para além da
prova, pois o conhecimento adquirido na escola servirá para os desafios
pessoais e profissionais da vida”, afirma.
Ambos
ressaltam que o estudo contínuo deixa a aprendizagem mais fácil, amplia a
confiança do estudante para os momentos de avaliação e, assim, ajudam a tornar
a escola algo prazeroso.
Os
dois entrevistados apresentam 15 dicas sobre a melhor postura a tomar antes,
durante e depois do período de provas, mas ressaltam que elas apenas
complementam a orientação essencial, que é a do estudo contínuo.
ANTES
DAS PROVAS
1.
Estabelecer uma relação de confiança e responsabilidade
Mais
do que uma rotina de estudos, é preciso estabelecer um verdadeiro pacto por seu
cumprimento. A primeira recomendação dos especialistas é não infantilizar a
relação, achando que seu filho não dará conta de tudo ou que é muito esforço
para ele. Saiba que os conteúdos programados pela escola são pensados dentro da
capacidade de aprendizado de cada faixa etária. A segunda orientação é evitar
descumprir o combinado, permitindo que, por qualquer motivo, seu filho adie o
começo das tarefas. E o mais importante: mostre para seu filho que não vale a
pena “mentir para si mesmo”. Fechar-se no quarto dizendo estar estudando ou
ficar horas com o livro aberto, sem realmente estar prestando atenção no que lê
são formas muito conhecidas de somente fazer o tempo passar, sem real
utilidade. Vale uma conversa franca sobre responsabilidade e mostrar que se
está depositando confiança de que, no momento combinado, ele estará
verdadeiramente engajado e não enganando a si mesmo.
2.
Acompanhar anotações e atividades realizadas nos livros e cadernos
É
preciso avaliar se o conteúdo que está anotado no caderno está legível e
completo, se os exercícios do livro estão sendo feitos e corrigidos. Afinal,
eles servirão de base para o estudo em casa.
3.
Ficar atento à autocorreção
Como
é praticamente impossível que o professor corrija os exercícios
individualmente, é preciso dobrar atenção com as correções. Veja se há sinais
de que seu filho realmente corrigiu os exercícios, comente com ele a importância
de estar atento nas respostas passadas pelo professor. Se for um assunto que
você domine, vale conferir algumas respostas para checar o nível de correção.
Caso tenha dúvidas, o ideal é conversar com o professor.
4.
Incentivar o estudo com resumos
Sugerir
que seu filho faça um resumo do que entendeu da matéria dada é um ótimo
exercício. Isso faz com que ele mesmo perceba quais pontos não estão
suficientemente claros. Além disso, bons resumos serão ótimos aliados para
rever o conteúdo de aulas passadas.
5.
Comparar o conteúdo que será avaliado com o que foi ensinado
Para
ajudar a organizar os estudos, muitos professores indicam os principais temas
que serão abordados na próxima avaliação. Esta é uma ótima oportunidade para
verificar se o plano de estudo de seu filho não deixou nenhum item de fora ou
se é preciso complementar. Um bom sinal é quando seu filho não demonstra
estranhamento diante dos temas informados e sabe identificar facilmente qual
conteúdo está relacionado com cada um deles.
DURANTE
A SEMANA DE PROVAS
1.
Manter a coerência e demonstrar confiança
Se
seu filho seguiu uma rotina de estudos, não há porque fazer cobranças de última
hora, como resolver tomar todo o conteúdo nos dias que antecedem as provas.
2.
Explicar os objetivos das avaliações
Vale
lembrar para seu filho que as provas são importantes ferramentas para que os
professores possam identificar conteúdos que não foram bem assimilados pela
classe como um todo e por alunos em particular. Deixe claro que todo o esforço
deve ser para mostrar o quanto se conseguiu aprender, mas que também é possível
aprender com erros.
3.
Oferecer ajuda
Mostre-se
totalmente disponível para ajudar seu filho nos dias que antecedem a prova.
Vale abrir mão de alguma atividade rotineira caso ele mostre que quer sua
presença. Pergunte se ele quer que você faça perguntas sobre os temas previstos
ou que leia os resumos que ele resolver escrever. Caso ele não peça nada, diga
que ficará por perto, disponível, enquanto ele revisa algum ponto. O importante
é não querer impor o seu jeito de estudar exatamente neste momento.
4.
Não tolerar a “cola”
Caso
flagre seu filho criando algum artifício para colar ou combinado a prática com
um colega, seja rígido e não compactue com isso, deixando claro que não
aceitará qualquer tentativa neste sentido. Mostre que de nada adianta tentar
obter um resultado que não reflete o que ele realmente aprendeu, pois uma
dificuldade não resolvida agora só irá aumentar nas séries seguintes.
5.
Fazer seu filho enfrentar “o problema”
Se
seu filho estiver muito ansioso ou nervoso, poderá acordar no dia da avaliação
queixando-se de dor de cabeça ou de barriga e até mesmo ficar febril. É preciso
sensibilidade para identificar se os sintomas estão diretamente relacionados à
ocorrência da prova. Se for isso, os especialistas recomendam acalmar a criança
ou adolescente, mostrando que não há nada a temer e, preferencialmente, fazer
com que ele vá para a escola e enfrente a realização da prova. Isto para evitar
que a somatização vire uma “muleta”. Mas fique atento: caso a situação se
repita, é importante uma conversa com a orientação da escola e com o médico da
família para avaliar se o problema é físico ou emocional para procurar ajuda
especializada.
DEPOIS
DAS PROVAS
1.
Não se culpar por um mau resultado
Um
erro comum cometido pelos pais é assumir a responsabilidade pelo baixo
desempenho escolar do filho. É preciso evitar este tipo de sentimento, que
acaba, de forma indireta, menosprezando a capacidade do filho de lidar com suas
próprias responsabilidades.
2.
Rever a prova com seu filho
É
muito importante analisar, junto com seu filho, a prova corrigida. Com calma,
sem pressão, repasse questão por questão, valorizando os acertos e convide seu
filho a tentar enxergar qual erro cometeu e por quê. Não é o momento de
criticar se uma falta de atenção causou o erro, por exemplo. Adote uma postura
positiva para que seu filho realmente aprenda com os erros cometidos.
3.
Avaliar o aprendizado real
A
análise de erros e acertos na prova ajuda a avaliar mais profundamente o conhecimento
que seu filho possui, que vai além da nota registrada. O professor terá, claro,
de considerar errado um exercício de Matemática cujo resultado não seja o
esperado. Mas você pode perceber que seu filho conseguiu entender a lógica do
cálculo solicitado e errou em contas básicas, por exemplo. Ou que ele não soube
responder uma das questões de Geografia, mas que deu uma resposta completíssima
para outra pergunta.
4.
Reavaliar a rotina
Ao
receber os resultados da avaliação, vale refletir se as possíveis dificuldades
apresentadas podem ser solucionadas com mudanças na rotina estabelecida, como
por exemplo, dedicar mais tempo a determinadas disciplinas.
5.
Identificar possíveis problemas extraclasse
Se
você acompanha a rotina de estudos de seu filho e a nota que ele obteve em uma
avaliação foi muito abaixo do que você esperava, vale pena avaliar se há outros
fatores influenciando este resultado, como problemas familiares ou com amigos e
procurar ajuda especializada, como o apoio da psicologia.
Luciana
Fleury
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