Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como
Chiquinha Gonzaga, entra para o RankBrasil pelo recorde de primeira mulher a
reger uma orquestra no país.
Ousada, ela quebrou tabus no século 19, sacundindo o Rio de
Janeiro com suas músicas e seu talento. Em 1885 dirigiu os músicos do Teatro
Imperial (mais tarde São José) e a banda da Polícia Militar.
Com uma obra contendo mais de duas mil composições, entre valsas,
tangos, maxixes, serenatas e músicas sacras, Chiquinha é considerada uma das
maiores compositoras e instrumentistas da música brasileira. Ela desafiou e
transgrediu muitos costumes machistas da época em que viveu, deixando sua
marca.
Além de ser a primeira mulher a reger uma orquestra no
Brasil, ela compôs a primeira marcha carnavalesca do país: ‘Ó Abre Alas’,
música de sucesso criada em 1899, enquanto a recordista ouvia o ensaio do
Cordão Rosa de Ouro, no Andaraí, um dos bairros mais antigos do Rio de Janeiro.
Personalidade forte
Chiquinha nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1847
e era filha do rico militar José Basileu Neves Gonzaga e da mulata Rosa Maria
de Lima Gonzaga. Em uma época em que a mulher era fadada a se casar, ter filhos
e devotar sua vida à família, ela conseguiu fazer seus estudos de música.
A artista se casou aos 13 anos com o oficial da marinha
mercante Jacinto Ribeiro do Amaral, que nunca aceitou que a esposa fosse a
rodas boêmias, tornando seu casamento – imposto pelo pai – cheio de brigas e
muito rápido.
Aos 18 anos, deixou o marido e saiu de casa, um escândalo
para a época. Desfeito o casamento, apaixonou-se por um engenheiro de estradas
de ferro e os dois passaram a viver juntos. O amor também durou pouco e eles se
separaram, obrigando Chiquinha a começar a trabalhar, vivendo pobremente.
Carreira
Sozinha, precisou dar aulas de piano para sustentar os
filhos. Em um dos encontros com os músicos boêmios do Rio, em 1877, compôs, de
improviso, a música ‘Atraente’, seu primeiro grande sucesso. No ano de 1883,
escreveu e musicou a peça em um ato ‘Festa de São João’.
Dois anos mais tarde, musicou a opereta de costumes ‘A Corte
na Roça’, com poesia de Francisco Sodré. Foi com esta opereta que ela conseguiu
se impor na música nacional. Em 1887, fez no Teatro São Pedro, no Rio, um
concerto com 100 violões.
Além do Brasil, fez sucesso em Portugal. Apesar de sua
habilidade na música, Chiquinha enfrentou todos os tipos de preconceito, devido
à sua luta pela liberdade. Ela faleceu em 28 de fevereiro de 1935, aos 87 anos,
mas seu trabalho está eternizado na história da música brasileira.
Luta pela liberdade
Chiquinha Gonzaga participou ativamente do movimento pela
libertação dos escravos. Ela vendia de porta em porta suas partituras
(composições), a fim de angariar fundos destinados à Confederação Libertadora,
uma organização antiescravista.
Com o dinheiro que conseguiu vender a partitura da música
‘Caramuru’, ela comprou, em 1888, a alforria do escravo músico José Flauta,
antecipando-se poucos meses à Lei Áurea. A artista ainda atuou na campanha pela
proclamação da República.
Na TV e no cinema
A artista já foi retratada como personagem no cinema e na
televisão. Na minissérie ‘Chiquinha Gonzaga’, de 1999, exibida pela TV Globo,
foi interpretada por Regina Duarte e Gabriela Duarte. No cinema, por Bete
Mendes, no filme ‘Brasília 18%’, de 2006. Também foi fonte de inspiração para o
filme ‘O Xangô’, baseado no livro homônimo de Jô Soares.
Homenagem
Pela importância de Chiquinha Gonzaga para o Brasil, em maio
de 2012 foi sancionada a Lei número 12.624, que instituiu o Dia Nacional da
Música Popular Brasileira, a ser comemorado em 17 de outubro, data de
aniversário de nascimento da artista.
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