terça-feira, 8 de outubro de 2013

Tributo a Vinicius de Moraes abre festival literário semelhante à Flip no Reino Unido

Depois de ter mostrado aos brasileiros como se faz um festival literário, em Paraty, no Rio de Janeiro, a inglesa Liz Calder decidiu que era hora de ensinar um pouco de Brasil aos seus conterrâneos.
Com receita semelhante à da Flip, começa hoje, em Snape Maltings, cidadezinha no sudoeste da costa britânica, o festival Flipside.
Como na primeira edição da Flip, há dez anos, a festa começa com show em homenagem a Vinicius de Moraes, de quem se celebra o centenário neste ano.
"The Boys from Ipanema", nome do show, também festeja Tom Jobim. A direção é de José Miguel Wisnik, que terá a companhia no palco da cantora Paula Morelenbaum e do violonista Arthur Nestrovski, diretor da Osesp.
Sábado (5) começou a programação de debates literários, que inclui "encounters" entre grandes autores brasileiros e astros da literatura britânica, a exemplo da primeira atividade, às 10h30, na qual o brasileiro Milton Hatoum conversa com o inglês Ian McEwan.
Na mesma linha, haverá debates no sábado entre Bernardo Carvalho e Will Self, e uma mesa chamada "Brazil Chiaroscuro" com Patrícia Melo, Ana Maria Machado e o jornalista inglês Misha Glenny.
Se o festival é novo, o espaço que receberá estas conversas já tem tradição na cultura britânica.
CAIPIRINHA E FEIJOADA
"Snape Maltings é um complexo criado pelo compositor Benjamin Britten há 50 anos. Tem as melhores instalações acústicas do país e está cercado de um cenário de grande beleza e junto ao mar, como Paraty", diz Calder. Além de idealizar o evento, ela assina a direção de programação, coisa que nunca fez na Flip.
A editora britânica diz que cogita chamar, para as próximas edições, autores de outros países, mas que a primeira Flipside ela quis dedicar só ao intercâmbio entre Brasil e Inglaterra.
As conversas não serão restritas à literatura. Há outro show marcado, com Adriana Calcanhoto, debates sobre futebol (com Wisnik e o inglês Alex Bellos), exibição de filmes, atividades sobre literatura de cordel, oficinas de capoeira, além de degustação de caipirinha e de feijoada, preparada pela própria Calder.
O último evento, "Other Carnivals", com a participação dos escritores Bernardo Carvalho, Hatoum, Ferréz e Adriana Lisboa, marca o lançamento de um livro de contos brasileiros em inglês.
Editada por Ángel-Gurría Quintana, jornalista anglo-mexicano que já se tornou um mediador oficial de debates na Flip, a obra tem histórias de 12 autores, como André Sant'Anna, Marcelino Freire e Tatiana Salém Levy.
"Doze histórias não são nem de perto suficientes para sintetizar a riqueza da cultura literária do Brasil, mas espero que tenha sido uma seleção que represente a variedade dos estilos e temas mais importantes", diz Quintana, que traduziu os contos.
A obra, lançada pela editora Full Circle (da qual Calder é uma das fundadoras), traz ainda desenhos de Jeff Fisher, designer gráfico australiano que se encarrega da programação visual da Flip desde o início e, agora, da Flipside.

CASSIANO K MACELEHADO

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