Cérebro
musical
O
funcionamento do cérebro humano é muito mais harmônico do que os
neurocientistas acreditavam.
Antes
visto como uma rede onde sinais elétricos seriam enviados ao longo de fios
biológicos - e por isso comparado com os computadores - as pesquisas mais
recentes vêm mostrando um cérebro, por assim dizer, muito mais artístico.
Primeiro
se descobriu que o cérebro transmite informações em várias frequências, que
lembram muito as estações de rádio.
No
final do ano passado, em uma descoberta que mudou completamente a visão que se
tinha da chamada atividade neural, que era vista como uma sequência homogênea
de pulsos elétricos, cientistas descobriram que nosso cérebro toca sua própria
música.
Uma
música, aliás, que já está sendo usada para a elaboração de novas explicações
sobre a esquizofrenia.
Ritmo
dos neurônios
Agora,
uma equipe da Universidade de Stanford (EUA) descobriu que os movimentos
físicos do corpo humano não são controlados pelo cérebro como se este acionasse
interruptores que ligassem motores.
Na
verdade, os pesquisadores demonstraram que a atividade cerebral que controla o
movimento não codifica nenhuma informação espacial externa - como a direção, a
distância ou a velocidade com que um braço, por exemplo, deve se mover.
Em
vez disso, a atividade neural que controla os movimentos é rítmica por natureza
- o córtex motor é um gerador de dinâmico de padrões, e não uma chave
liga-desliga dos "motores musculares".
O
sinal elétrico que chega ao músculo é um amálgama dos ritmos compostos não por
neurônios que ligam e desligam, mas por neurônios que oscilam ritmicamente.
A
descoberta de Krishna Shenoy, Mark Churchland e John Cunningham desmonta as
teorias atuais sobre o controle dos movimentos pelo cérebro, com largas
implicações para a neurociência.
Ritmo
cerebral
Os
neurocientistas consideravam que os neurônios do córtex motor - aqueles que
controlam todos os movimentos do corpo humano - seriam semelhantes aos
neurônios ligados à visão, que transmitem uma espécie de mapa, uma
representação das cenas do mundo ao nosso redor.
Mas
essa consideração estava incorreta.
"Nossa
principal descoberta é que o córtex motor é um gerador flexível de padrões, e
envia sinais rítmicos ao longo da medula espinhal," explica o Dr.
Churchland.
Assim,
em uma analogia com um automóvel, os neurônios não são como o volante, que vira
as rodas para um lado ou para o outro - ou os braços, as pernas etc.
Cada
neurônio é como uma peça do carro, e apenas o seu funcionamento em conjunto -
um funcionamento ritmado, em que cada um cumpre uma tarefa particular -
consegue explicar o movimento final resultante.
Segundo
os pesquisadores, "a população inteira dos neurônios oscila de um modo
maravilhoso e perfeitamente coordenado".
"Cada
neurônio se comporta como um músico em uma orquestra. Quando os ritmos de todos
os instrumentistas de toda a orquestra são tomados em conjunto, emerge um
movimento fluido e preciso," disse Churchland.
"O
ritmo é o bloco fundamental com que se constrói o movimento," conclui ele.
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