segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Empresas tentam aumentar o acesso às obras de arte



Lista de compras: arroz? Sim. Papel higiênico? Sim. Um Matisse original? Sim.

Os fregueses on-line da Costco, enorme rede varejista norte-americana, vêm podendo levar em seus carrinhos de compras obras de arte como uma litografia de Andy Warhol por US$ 1.349,99, uma de Marc Chagall por US$ 1.199,99 ou uma litografia emoldurada de Henri Matisse por US$ 829,99.

Recentemente, a Costco incluiu "Belas-Artes" na seção "Casa & Sazonal" de seu site na internet, que também vende produtos alimentícios e para o lar.

Greg Moors, o marchand de San Francisco que está fornecendo as obras de arte para a Costco, disse que é motivado por sua visão da arte para todos.Para muitos galeristas e vendedores de arte na internet, disse ele ao "New York Times", "a transação é mais importante do que o cliente". Mas, com uma loja famosa com a Costco, "o freguês é mais importante do que a transação".

É possível que o mercado de arte, frequentemente exclusivo e caro, esteja se abrindo para um número maior de fregueses, aproximando-se das massas, enquanto a arte se transforma em coisa do dia a dia. A Artify começou a oferecer na Califórnia um serviço de assinatura com o qual fregueses podem alugar, por um valor mensal, obras criadas por artistas locais. A Artsicle é um novo empreendimento on-line que aluga arte a preços baixos, visando os colecionadores novatos com orçamentos reduzidos.

"As galerias deixaram muito claro que não estavam interessadas num comprador jovem que dispunha de apenas US$ 1.000", contou ao "New York Times" um dos fundadores da Artsicle, Alex Tryon, 26. "Encontrei essa atitude em muitos lugares. Ao mesmo tempo, conheci muita gente jovem interessada em arte. Parecia haver uma desconexão, uma ineficiência no mercado."

Essa ineficiência significava oportunidades. A Artsicle aluga cerca de cem obras por mês. A lista de artistas com os quais trabalha já chega a 150, e ela tem 3.000 obras em seu estoque on-line. Os clientes que alugam pagam entre US$ 25 e US$ 65 mensais e têm a opção de comprar os trabalhos, por entre US$ 500 e US$ 2.500.

"O serviço permite que você conviva com uma obra de arte, algo que, de outro modo, não teria a oportunidade de fazer", disse ao NYT Alexandra Portnova, que vive no Brooklyn e alugou uma pintura.

Idan Cohen, investidor na Artsicle, achou que o empreendimento poderia interessar a jovens ainda não expostos ao mundo da arte, mas que queiram algo que fique bonito em suas casas. Ele disse ao "New York Times": "Achei que o mercado das artes estava preparado para uma inovação, algo que o perturbasse".

Ou para a comercialização, simplesmente. Trabalhos de belas-artes podem estar fora do alcance financeiro da maioria das pessoas, mas, cada vez mais, artistas vêm colaborando com empresas de cosméticos para criar embalagens colecionáveis a preços diversos. Se elas não servem para ornar as paredes, pelo menos podem enfeitar o banheiro de quem os adquire.

"Eu abraço o mercado de massa", disse Scharf ao "New York Times". "Encontrei resistência à massa nos anos 1980 e fiquei surpreso, porque pensei na época que Warhol já tivesse superado essa resistência na década de 1960. Mais uma vez, parece que a massa finalmente está sendo aceita."

Folha.com

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