A
comunidade quilombola do Curiaú, localizada a 12 quilômetros do centro de
Macapá, ganhou uma nova sonoridade. A música erudita conquista meninos e
meninas que há quatro meses se encontram aos fins de semana na Escola José Bonifácio,
com o maestro Elias Sampaio. Em meio a rica cultura musical marcada pelo
tradicional marabaixo e batuque, surge a primeira Orquestra Quilombola do
Brasil.
A
iniciativa foi do próprio maestro, que por meio da Associação Educacional e
Cultural Essência (AECE), teve no ano passado o projeto selecionado pelo edital
da empresa de telefonia Oi, com um valor de R$ 160 mil. “O projeto foi
contemplado no ano passado, mas como foi uma doação e o Estado nunca havia
recebido uma doação, o governador teve de criar um decreto para podermos
acessar esse recuso. Com o empecílio, somente este ano conseguimos dar início
aos trabalhos”, conta a diretora do projeto Heloisa Batista.
O
projeto intitulado Sistema de Bandas e Orquestras do Estado do Amapá, tem como
objetivo disseminar a música pelos bairros carentes da capital. “O primeiro
local escolhido foi à comunidade do Curiaú, mas, em toda a capital, há outros
sete pólos com o projeto”, ressalta Heloisa.
Na
comunidade do Curiaú participam 100 crianças, mas, 60 fazem parte da orquestra
quilombola e 40, são crianças do ensino infantil, ainda processo de
musicalização. A orquestra fez sua primeira apresentação no dia 25 de outubro
na quadra da escola.
O
maestro Elias Sampaio contou que este não é um trabalho de profissionalização
musical. “É um trabalho de inclusão dessas crianças que não teriam acesso a uma
orquestra. Nós estamos levando isso a elas, e quem sabe, formando
multiplicadores dessa iniciativa”, explica o maestro.
A
iniciativa da AECE pretende até o final de 2013 formar 20 orquestras pela
capital atendendo cada vez mais crianças. “Tem sido muito gratificante realizar
este trabalho aqui na comunidade. No começo tivemos uma pequena resistência,
por se tratar de estilo musical diferente da realidade cultural delas, mas as
crianças têm gostado, e os pais também. Isso é uma satisfação muito grande”,
confessa o maestro Elias.
Para
o pequeno Alexandre Sousa, 12 anos, que escolheu o clarinete como instrumento é
uma grande alegria participar da orquestra. “Eu sempre gostei muito de música,
e nem tive muita dificuldade para aprender.
Agora
eu quero ser músico e tocar por aí”, anima-se Alexandre.
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