quarta-feira, 1 de julho de 2009

Volume é vilão dos fones de ouvido; saiba usar com segurança

Uma campanha de cidadania do Metrô de São Paulo classifica como desrespeitosa a atitude de ouvir música alta. Além da questão da educação — ninguém é obrigado a compartilhar o gosto musical alheio –, a iniciativa chama atenção para uma questão cada vez mais comum: o uso de fones de ouvido com volume exageradamente alto. A longo prazo, esse hábito pode causar zumbido, dificuldade de entendimento nas conversas e até perda de audição.
O volume alto é o principal problema no uso de fones — sejam eles de concha ou de inserção –, segundo especialistas . A questão já rendeu inclusive projeto de lei, que quer proibir a venda de aparelhos de mídia digital com volume que ultrapasse os 90 decibéis.
“Os tocadores digitais viraram o vilão dessa história, por conta de sua popularização. Não somos contra esses portáteis, mas achamos importante que eles sejam usados da maneira correta, para não apresentar danos à audição”, explica Ektor Onishi, médico otorrinolaringologista e coordenador da Campanha Nacional da Saúde Auditiva, ligada à Sociedade Brasileira de Otologia.
Otorrino e professor associado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Manoel de Nóbrega é da mesma opinião. “Os tocadores digitais vieram para ficar. Não adianta proibi-los, mas não dá para utilizá-los da maneira como os usuários fazem atualmente”, completa. Além dos danos para audição, ele lembra que o isolamento acústico pode causar acidentes – na semana passada, um jovem foi atingido por um trem no Reino Unido ao atravessar o trilho escutando seu iPod.

Confira dicas sobre uso correto do fone de ouvido*

Por segurança, nunca chegue ao volume máximo do tocador digital: o ideal é ir até 60% da capacidade.
Não use fones em ambientes barulhentos, como o metrô ou uma avenida movimentada – nestes casos, é preciso aumentar muito o volume para competir com o ambiente externo.
Não utilize fone em apenas um ouvido, pois isso pode causar perda assimétrica da audição.
Os fones de inserção estão mais próximos do canal do ouvido que os modelos de concha – equivale à comparação entre maior e menor distância entre uma pessoa e uma caixa de som, por exemplo. Assim, o mesmo volume definido pelo tocador (60% de sua capacidade, por exemplo) pode ser mais alto quando se usa um fone de inserção do que um de concha.
Fones com controle de volume podem ser perigosos: depois de chegar à capacidade máxima do aparelho, o usuário ainda consegue aumentar o som via esse acessório. Só use se não ultrapassar o limite recomendado.
Com nível sonoro de 85 decibéis, o máximo recomendado por especialistas, o usuário pode ouvir oito horas de música ininterruptamente. Nesse volume, é possível escutar a voz de um interlocutor próximo.
Quando maior o volume, menor o tempo de uso dos fones: 95 decibéis, quatro horas; 100 decibéis, duas horas; 105 decibéis, 1 hora.
Para que o usuário tenha uma idéia de quanto representam os decibéis, confira dados da Sociedade Brasileira de Otologia: conversação a um metro tem 60 decibéis, avenida movimentada tem 85 decibéis, um piano tocando forte tem 95 decibéis, uma furadeira tem 105 decibéis, um show de rock perto da caixa de som tem entre 105 e 120 decibéis e uma serra elétrica tem 110 decibéis.
Existe uma predisposição individual para a pessoa desenvolver ou não perda auditiva. Portanto, aquele amigo que usa o tocador digital num volume alto e não apresenta problemas não deve ser uma referência.
Se perceber qualquer problema de audição — dificuldade para ouvir as pessoas e necessidade de aumentar o volume da TV, por exemplo — procure um especialista.


Disponível em: http://www.noaa.com.br/

Acesso em; 17.06.09

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