segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Notícias boas e más da música coral brasileira


Coro da Camerata Antiqua de Curitiba


Coisas boas em Curitiba

Quero neste breve texto relatar dois fatos acontecidos nesta semana que envolvem o Canto Coral, em Curitiba e em São Paulo. Um fato extremamente positivo e outro bem negativo. O fato extremamente positivo foi o excelente concerto que assisti com o Coro da Camerata Antiqua de Curitiba na Capela Santa Maria, em Curitiba. Com um repertório todo voltado à produção musical da América Latina o Coro deu mostras de uma excelência em termos técnicos e de musicalidade. A maestrina Maria Antonia Jimenez fez uma escolha muito feliz de obras musicais interessantes sempre com um texto poético significativo. Eu mesmo aprendi um bocado com a apresentação. Confesso, por exemplo, que não conhecia a grande arte do escritor cubano José Martí, do qual um belo poema foi utilizado numa obra (que eu também não conhecia) da compositora também cubana Beatriz Corona. Do ponto de vista educativo o concerto foi sensacional: todos os textos cantados foram disponibilizados para o público, junto com boas traduções. Projeções bem realizadas foram tremendamente úteis, e graças a elas fiquei conhecendo a pintura belíssima do equatoriano Oswaldo Guayasamín, homenageado em uma das obras apresentadas ("Entre el espanto y la ternura" também de Beatriz Corona). Um concerto bom como este não deveria ser apresentado apenas duas vezes no mesmo local. Este é o tipo de concerto para ir a escolas ou espaços públicos. Entre o numeroso público vi uma cena que me comoveu: um jovem casal com dois filhos explicava na orelha das pequenas crianças do que se tratava a música, e flagrei o pai entusiasmado quando um dos slides apresentava a imagem de um berimbau quando foi apresentada a peça de Edu Lobo que fala do instrumento. Apesar de não ouvir nada do que os pais cochichavam para as crianças (belo exemplo), senti que estava testemunhando algo bom de ver.

Coisas ruins em São Paulo
O fato negativo a que me refiro foi o anúncio de que os dois corais do Teatro Municipal de São Paulo serão fundidos em apenas um. O Teatro Municipal de São Paulo conta atualmente com dois coros profissionais: o Coral Paulistano, fundado por Mário de Andrade em 1936 é o coral de câmera do Teatro. O outro coro, o Coral Lírico, sempre foi mais voltado para óperas. Muitas vezes os dois coros se juntavam, mas abolir na prática o coro de câmera é mais uma das muitas asneiras da atual direção do teatro. O poder absoluto do diretor artístico do teatro (John Neschling) tem feito coisas de arrepiar, como sua recente briga com um diretor de teatro que provocou o cancelamento da apresentação encenada da ópera "O ouro do Reno" de Richard Wagner. Ópera nunca apresentada em São Paulo, por mero capricho será apresentada apenas em forma de concerto. Outra ação, digna da extinção do Coral Paulistano, é o fato de uma das glórias do canto lírico brasileiro, Adriane Queiroz, membro da Ópera Estatal de Berlim, e que atuou na gravação da Sinfonia Nº 8 de Mahler regida por Pierre Boulez, cantar em um segundo elenco na recente produção da ópera Don Giovanni de Mozart. O Teatro Municipal de São Paulo viveu há pouco tempo anos de glória, que a atual assessoria de imprensa da prefeitura de São Paulo ignora e esconde. Na gestão do maestro Abel Rocha o Teatro Municipal de São Paulo tornou-se um verdadeiro teatro lírico de primeira qualidade, com feitos importantíssimos, como a encenação de Bob Wilson da ópera Macbeth de Verdi e a primeira montagem em São Paulo da obra prima de Debussy, Pelléas et Mélisande. Vale lembrar que a grande maioria dos papéis destas primorosas montagens era entregue a cantores brasileiros, coisa que não se repete atualmente.

 

Lembro da tristeza da jornalista Marleth Silva, do jornal Gazeta do Povo, quando da extinção do Jornal da Tarde, da cidade de São Paulo. Minha tristeza é muito parecida. Por 5 temporadas fui o maestro do Coral Lírico do Teatro Municipal de São Paulo, e convivi com um sistema de excelência que raramente se ve aqui no país. Por um capricho e por uma ação autoritária isto vai desaparecer. Assim como a jornalista, no caso do Jornal da Tarde, lamento pelos empregos que desaparecerão e pela falta de respeito à história cultural de nosso país.

Maestro Osvaldo Colarusso
Falando de Música - Gazeta do Povo

Morre Oscar Castro Neves, um dos principais exportadores da Bossa Nova

 

Morreu na última sexa-feira de câncer, em Los Angeles, o músico Oscar Castro Neves, um dos responsáveis pela divulgação da bossa nova no exterior, junto a Tom Jobim e João Gilberto. Ele tinha 73 anos.

Nos anos 1950, Castro Neves formou o conjunto Irmãos Castro Neves, um dos grupos precursores do movimento. Em 1962, estava junto com Tom Jobim na histórica apresentação no Carnegie Hall, em Nova York.

Castro Neves participava das famosas reuniões musicais realizadas na casa de Nara Leão, frequentadas também por Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli e Chico Feitosa, entre outros integrantes da bossa nova.

Instrumentista, arranjador, compositor e produtor musical, acompanhou estrelas como Michael Jackson, Barbra Streisand, Stevie Wonder e João Gilberto --que como Castro Neves, passou grande parte da carreira no exterior.

Em manifestação em rede social, o seu irmão Pedro Paulo comunicou aos amigos e familiares "a passagem pacífica" de Castro Neves, "junto à sua esposa Lorry e suas duas filhas, Bianca e Felicia".

"Nosso inesquecível Oscar nos deixou com muito amor que vai continuar para sempre através de suas muitas realizações e, sobretudo, sua música", disse o irmão em sua página no Facebook.

O músico lançou nove discos, sendo o último de 2006, "All One". Ele participou também de álbuns de Tom Jobim, Elis Regina --como no mítico "Elis & Tom", de 1974--, Wilson Simonal, Djavan, Sergio Ricardo, entre outros.

Em 2008, Castro Neves participou, como instrumentista e codiretor musical, do espetáculo "Bossa Nova 50 anos", realizado na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro.

Castro Neves tratava-se havia meses contra um câncer e passou seus últimos dias em sua casa em Los Angeles, com a família. (DENISE LUNA)

Galeria Olido promove oficina que explora tradição e contemporaneidade na dança


"Oficina Teórica: Processos Dramatúrgicos" acontece todos os sábados do mês

A sala de acervo e pesquisa do Centro de Dança Umberto da Silva, na Galeria Olido, recebe este mês a "Oficina Teórica: Processos Dramatúrgicos - Contemporaneidade e Tradição na Criação em Dança", durante todos os sábados, das 14h às 17h.

A ideia é abrir espaço para que variadas vertentes se encontrem, dando vazão a um trabalho uniforme que apresente unidade visual única, compreendendo o contato entre corpo, música e imagem por meio da sensibilidade.

O projeto junta os trabalhos de Valéria Cano Bravi e Núcleo Pé de Zamba. Valéria é coordenadora docente do curso de dança da Universidade Anhembi Morumbi e mestra em artes cênicas. Ganhador do Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna, o Pé de Zamba traz, em sua trajetória, influências oriundas da cultura tradicional brasileira. A finalidade é o reconhecimento dos elementos que criam uma ponte entre a expressão do corpo e o público. Dessa forma, são desenvolvidas a análise sensorial de imagens e as vivências corporais que estão intrínsecas à proposta deste trabalho com enfoque artístico.

A oficina, gratuita, tem como objetivo abordar a dramaturgia através da história e antropologia do corpo. São 20 vagas, dez delas destinadas para bailarinos, arte-educadores e artistas que trabalham com o corpo. Interessados devem enviar e-mail com carta de interesse e minicurrículo para o endereço independentecontato@gmail.com.

Serviço: Galeria Olido – Centro de Dança Umberto da Silva (sala de acervo e pesquisa). Av. São João, 473, Centro. De 5 a 26. Sáb., das 14h às 17h. Grátis

Amanda Monteiro

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Como Conseguir uma Bolsa de Estudos



O Prouni foi criado com o objetivo de facilitar o ingresso ao ensino superior a alunos de baixa renda. Para pleitear uma vaga no Prouni você precisa fazer o exame nacional do ensino médio, ENEM, além de prestar o vestibular para a instituição de seu interesse. Muitas vezes a faculdade pode usar o próprio ENEM como critério de avaliação para o vestibular.Você precisa também se inscrever no Prouni. O processo seletivo do Prouni tem uma única etapa de inscrição.

Condições para conseguir uma bolsa do Prouni.

ter cursado o ensino médio completo em escola da rede pública;

Possuir renda familiar de até um salário mínimo por pessoa para bolsas integrais

Possuir renda familiar de até 3 salários mínimos por pessoa para bolsas de até 50%

ter cursado o ensino médio totalmente em instituição particular com benefício de bolsa integral.

ter cursado todo o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e em instituição privada com bolsa integral durante o período na instituição privada.

Possuir alguma deficiência física ou de aprendizado;

ser professor da rede pública de ensino, no efetivo exercício do magistério da educação básica e integrando o quadro de pessoal permanente de instituição pública e que estejam concorrendo a bolsas nos cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia. Nesses casos não é consideradoo critério de renda.

Inscrições do Prouni

As inscrições para o Prouni são feitas exclusivamente pela internet, através do site onde o candidato poderá escolher até três opções de curso e instituição. No site do programa você encontra a lista de universidades e cursos que participam do Programa A convocação dos candidatos pré-selecionados é feita baseado no desempenho no ENEM.

OSESP Turnê Internacional Europa 2013 07 a 27 de outubro


ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
MARIN ALSOP REGENTE
NELSON FREIRE PIANO
SWINGLE SINGERS GRUPO VOCAL (PARTICIPAÇÃO ESPECIAL)

A Osesp realiza em outubro sua Turnê Internacional 2013, que já pode ser considerada uma das mais prestigiosas de sua trajetória. Serão três semanas percorrendo treze cidades de seis países da Europa – França, Alemanha, Suíça, Áustria, Inglaterra e Irlanda –, para apresentações em consagradas salas de concerto, de história e tradição musical marcantes.

Sob a batuta da regente titular Marin Alsop, a Orquestra leva como solista convidado o pianista Nelson Freire, além de contar com a participação do grupo vocal Swingle Singers em um programa especial.

No repertório, duas composições de autores brasileiros – uma sinfonia de Camargo Guarnieri e uma peça de Clarice Assad; outras obras de três autores do século XX -- Prokofiev, Bernstein e Berio –, e três peças centrais do cânone sinfônico, de Beethoven, Chopin e Mahler.

LOCAIS INÉDITOS

Pela primeira vez, a Osesp se apresenta em três importantes espaços: a Salle Pleyel, principal sala de concertos de Paris; o Teatro da Filarmônica de Berlim, casa de uma das mais destacadas orquestras do mundo; e o Royal Festival Hall, localizado no Southbank Centre, principal centro de artes de Londres.

Na França, toca também na cidade de Toulouse. Na Alemanha, em Colônia e Wiesbaden. Na Inglaterra, passa por Manchester; e, na Irlanda, por Dublin. Na Áustria, faz três concertos em Salzburgo, além de um em Viena e um em Linz; e, na Suíça, se apresenta nas cidades de Zurique e Genebra. Veja a programação completa abaixo.



OSESP NO FESTIVAL "THE REST IS NOISE"

A Osesp participa do festival "The Rest is Noise", que acontece no Southbank Centre, em Londres, e tem a programação inspirada no livro homônimo do crítico norte-americano Alex Ross (publicado no Brasil como O resto é ruído). Com um programa especialmente concebido para o evento, a Orquestra leva para o Royal Festival Hall um repertório que tem como fio condutor a música erudita no contexto social e político dos anos 1960, incluindo duas obras dedicadas a Leonard Bernstein – a Sinfonia (1968), de Luciano Berio (com participação dos Swingle Singers), e a Sinfonia nº 4 – Brasília (1963), de Camargo Guarnieri –, além das Danças Sinfônicas de West Side Story (1961), de Bernstein.



MARIN ALSOP

Regente titular da Osesp a partir de 2012, a nova-iorquina Marin Alsop foi a primeira mulher a ser premiada com o Koussevitzky Conducting Prize do Tanglewood Music Center, onde foi aluna de Leonard Bernstein. Formada pela Universidade de Yale, é diretora musical da Sinfônica de Baltimore desde 2007. Lidera atividades educacionais que atingem mais de 60 mil alunos: em 2008, lançou o OrchKids, programa destinado a prover educação musical, instrumentos e orientação aos jovens menos favorecidos da cidade. Como regente convidada, apresenta-se regularmente com a Filarmônica de Nova York, a Orquestra da Filadélfia, a Sinfônica de Londres e a Filarmônica de Los Angeles, entre outras. Em 2003, foi a primeira artista a receber, no mesmo ano, o Conductor’s Award, da Royal Philharmonic Society, e o título de Artista do Ano, da revista Gramophone. Em 2005, foi a primeira regente a receber a prestigiosa bolsa da Fundação MacArthur.



NELSON FREIRE

Nelson Freire começou a estudar piano com três anos de idade e, aos cinco, fez sua primeira apresentação, tocando a Sonata em Lá, K. 331, de Mozart. A partir de 1959, o pianista começou uma carreira internacional, se apresentando nas maiores salas de concerto do mundo e trabalhando com os mais prestigiados regentes, como Pierre Boulez, Lorin Maazel, Kurt Masur e André Previn, e orquestras, como a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres, a Sinfônica de Nova York e a Filarmônica de Israel. Com uma extensa discografia, fez parte da histórica série Great Pianists of the 20th Century (Philips, 1999). Artista exclusivo da Decca desde 2001, gravou Beethoven, Chopin, Schumann e Debussy. Sua gravação dosConcertos de Brahms, com a Gewandhaus Orchestra, ganhou vários prêmios internacionais, como o Classic FM 2007, o Gramophone de "Disco do Ano" e o Diapason d’or, além de ficar entre os finalistas do Grammy.

SWINGLE SINGERS
Um fenômeno internacional do canto a capella, os Swingle Singers, por quase meio século, têm ultrapassado os limites da voz humana. Sua agilidade vocal e timbragem, combinadas à performance cênica cativante, têm encantado gerações de audiências pelo mundo todo. Ganhador de um Grammy pelo álbum de estreia Jazz Sebastien Bach (1963), o grupo passou por várias formações e reúne, atualmente, sete vozes capazes interpretar com a mesma maestria e paixão, tanto baladas folks, como improvisos funk, e até fugas. Saiba mais: http://www.swinglesingers.com/.

Veja programação completa: www.osesp.art.br

 
 

O que torna a Dinamarca o país mais feliz do mundo


O que faz a Dinamarca feliz? De acordo com o ranking de felicidade da Organização das Nações Unidas (ONU), os dinamarqueses são a população mais feliz do mundo.

Para chegar ao ranking, a ONU fez perguntas diretas ao povo a respeito de sua felicidade e otimismono momento, além de perspectivas de vida. Depois, a pesquisa levou em conta o PIB per capita da população, expectativa de vida saudável, percepção de corrupção no país e liberdade, por exemplo.

Com elevados índices de educação, saúde e renda (veja abaixo), a Dinamarca saiu na frente. Mas o que, realmente torno os dinarmaqueses felizes é "o extremo grau de confiança que as pessoas têm umas nas outras", segundo o professor de Economia Christian Bjornskov, que tem um PhD no tema "felicidade e economia" pela Aarhus Business School.

"Nós perguntamos para as pessoas se elas acham que desconhecidos são dignos de confiança. Cerca de 70%, na Dinamarca, diz que sim. No Brasil, esse índice é de apenas 7%", compara o professor. Mas por que isso torna as pessoas mais felizes? Segundo ele, melhora as relações sociais e "as pessoas ficam felizes em saber que não precisam ter pequenas preocupações", diz. Perder a carteira ou tentar encontrar um endereço na rua deixam de ser pequenas preocupações cotidianas, então, segundo ele.

A confiança que os dinamarqueses têm nas instituições do seu país – especialmente políticos e polícia, também os torna um povo mais feliz. "As pessoas se acostumam com bens materiais, não é isso que as faz felizes, mas se você realmente combater corrução, elas confiam no país e isso ajuda na felicidade", afirma Bjornskov.

Para um brasileiro, confiar em políticos pode parecer estranho, mas a Dinamarca conta com um sistema judiciário que aparentemente não deixa corrupção impune. Até 1840, explica Bjornskov, quem fosse pego em esquema de corrupção passaria o resto da vida na cadeia.

O professor acredita que essas políticas rigorosas tenham tido como resultado a honestidade atual na política: "Você vai rir, mas o último grande escândalo político que tivemos por aqui foi quando um ex-primeiro ministro não conseguia justificar todas suas despesas". Quanto dinheiro foi gasto sem explicação? "Cerca de 145 dólares. Aquilo foi um escândalo". O professor se refere a Lars Lokke Rasmussen, que foi primeiro-ministro entre 2009 e 2011.

Fonte: Exame

Objetos da família real portuguesa são encontrados durante obra do metrô do RJ

 

Cosméticos franceses, vidros de perfume e um frasco de água de colônia com o (sugestivo) nome de "anti-catinga": tudo isso estava no lixo da Casa de Bragança, a dinastia portuguesa que governou o Brasil na época do Império.

O material foi encontrado durante as escavações que precederam a construção de uma fábrica de componentes para a expansão do metrô no centro do Rio de Janeiro. Antigamente, no local, era depositado o lixo do palácio imperial.

Antes de chegar ao que era um nobre "lixão", os arqueólogos tiveram que escavar sobre os escombros de casas e colinas que foram derrubados durante o plano de urbanização realizado no final do século XIX e início do século XX, época em que o Rio de Janeiro ainda era a capital do país.

A tal "lixeira" hoje revela um dos maiores achados arqueológicos do Brasil. Até agora, os pesquisadores catalogaram cerca de 210 mil de itens em bom estado de conservação, mas calcula-se que será possível recuperar até 1 milhão de peças no local.

Entre os objetos se destacam uma escova de dente com alusão ao imperador Dom Pedro II – ela contém uma inscrição em francês que diz "Vossa Majestade o Imperador do Brasil", o que pode indicar que pertencia ao imperador ou a alguém próximo a ele – pratos e vasilhas de cerâmica, cachimbos com restos de tabaco, produtos de herbário e farmácia.

Alguns itens encontrados são ainda mais antigos, como manufaturas indígenas do século XVII. Pesquisadores acreditam que esses objetos podem revelar aspectos sobre a sociedade da época até então desconhecidos – por exemplo: como era feita a coleta de lixo? Como eram as relações comerciais?

Como as obras de expansão do metrô carioca se prolongarão até 2016, as escavações precisarão ser interrompidas pelos próximos 3 anos. Depois disso, o trabalho de escavação da "lixeira" da família Bragança recomeçará.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Percepção da Dor em Estudantes de Música da Cidade de São Paulo



Enquanto muitas informações sensoriais chegam ao nosso cérebro minuto a minuto, não somos conscientes de grande parte delas e dos movimentos de nosso corpo.  O sistema nervoso recebe e processa continuadamente todas as informações sobre a posição, movimentos das partes do corpo e do corpo como um todo, sobre estado das vísceras, a textura, forma e temperatura dos objetos que tocamos e sobre a integridade de nossos tecidos.

Essas informações são selecionadas, filtradas e encaminhadas a diferentes regiões neurais, que as utiliza de diferentes formas.

Estando a atenção voltada para aspectos do ambiente, não percebemos nosso corpo detalhadamente, já que a parte consciente orienta o comportamento e o raciocínio a ações e escolhas que poderão ser armazenadas na memória para serem acessadas posteriormente.

A parte inconsciente servirá para coordenar nossos movimentos de modo a manter a postura e o equilíbrio corporal e efetuar ajustes das vísceras de acordo com as necessidades fisiológicas. A parte consciente, chamada de somestesia (sensibilidade do corpo), é constituída de várias submodalidades: tato, propriocepção (faculdade de distinguir posições estáticas e dinâmicas do corpo e suas partes, termosensibilidade e a dor, que é a capacidade de identificar estímulos muito fortes, potenciais ou reais causadores de lesões nos tecidos). (Kandel et al. 2003, Guyton, 1993, Lent, 2001) Como tantas profissões que trabalham com movimentos repetitivos, a profissão do músico pode, seja qual for o instrumento estudado ao longo dos anos de prática, levar a dores e lesões, que podem apontar para problemas de saúde. O treinamento do músico para a vida profissional tem seu principal pilar de sustentação nas aulas privadas de instrumento. Conservatórios, universidades e escolas livres de música oferecem tradicionalmente aulas coletivas de teoria musical, percepção, história da música e prática de conjunto, entre outras disciplinas. O estudo do instrumento é desenvolvido sem profundo conhecimento da demanda de trabalho muscular, das estruturas do corpo envolvidas e sua fisiologia, da consciência da dor e dos possíveis problemas que poderão surgir a partir desse sinal. Sem esse tipo de informação e treinamento, a atividade musical poderá acarretar desequilíbrios musculares, articulares, posturais e mesmo psicológicos, com poucas exceções (Leaver et al 2011; Horvath 2008; Brasil 2010).
 
É interessante notar como Sear (1942, 172) já realçava a diferença na abordagem dos professores de canto e os de instrumento de então: "Vale refletir que o professor-cantor acha necessário [deter] um conhecimento sobre a anatomia da garganta, mas que percentagem de professores de piano tem ao menos uma leve noção sobre a musculatura da mão?" Esta reflexão, feita a partir de uma nota contendo termos da literatura médica e divulgada pelos patrocinadores de Horowitz para explicar o cancelamento de um concerto, ainda ecoa nas esferas profissionais no Brasil.
 
Os Referenciais Curriculares Nacionais (2010, 84-85) para os cursos de Bacharelado e Licenciatura em Música, elaborados pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, recomendam o estudo da prevenção de lesões por esforço repetido (LER) e disfunções de postura. Apesar disso, a abordagem do tema nas universidades ainda ocorre timidamente.
 
Em outubro de 2011 foi realizado o I Simpósio Paulista de Saúde do Músico no Instituto de Artes da Unesp, organizado pelas autoras deste artigo. Foi notória a baixa adesão de professores de instrumento da comunidade paulista a discussões tão pertinentes à vida cotidiana do músico profissional e tão crucialmente importantes na formação de professores de música.
 
Dawson (2006, 36) relata que vários artigos informativos voltados para a prevenção e tratamento de lesões e doenças que acometem músicos têm sido publicados nos EUA desde os anos 80. Palac (2008) faz um levantamento das ações na área de saúde voltadas para as demandas na área de performance musical nos EUA desde então. Menciona o simpósio que acontece anualmente desde 1983, chamado Medical Problems of Musicians (mais tarde chamado de Medical Problems of Musicians and
 
Dancers) e a criação da Performing Arts Medicine Association (PAMA) a partir desse simpósio, cujo periódico oficial denomina-se Medical Problems of Performing Arts. Relata também que uma importante conferência chamada Health Promotion in Schools of Music (HPSM) foi organizada em 2004 com a presença da National Association of Schools of Music (NASM), a National Association for Music Education (NAME) e contou com apoios institucionais como a Grammy Foundation e a National Endowment for the Arts. A revista Music Educators Journal de n. 3, vol. 94 (Jan. 2008) incluiu cinco artigos voltados para problemas relacionados à saúde do músico e, tanto o NAME como a NASM instruem professores de música e escolas de música a adotarem medidas para dar assistência a seus alunos a acessarem informações sobre profissionais de saúde e sobre como prevenir doenças ocupacionais (Palac 2008, 19).
 
O alto grau de performance exigido dos instrumentistas, dada a evolução e técnica dos instrumentos, acaba por solicitar uma excessiva dedicação do intérprete que, na tentativa de conseguir a perfeição e o total domínio técnico, muitas vezes ultrapassa seu limite físico. O instrumentista, seja solista, músico de orquestra ou integrante de qualquer outro tipo de agrupamento musical, arca com enormes demandas físicas, sendo estas consideravelmente potencializadas por pressões financeiras e profissionais (do próprio músico, do professor, maestro, colegas de profissão, da mídia na busca de intérpretes sempre perfeitos, muito jovens e da alta competitividade existente no meio).
 
O estresse diário de atividades repetitivas, rotineiras e necessárias para um bom desempenho técnico é prejudicial ao organismo e o efeito acumulativo de substâncias tais como as catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina) e o cortisol nos tecidos pode eventualmente exceder o limiar de tolerância fisiológica e neurológica. Essas atividades repetitivas, acrescidas de posturas viciosas inadequadas e do superuso, ultrapassam os limites de tolerância das estruturas anátomo-fisiológicas e produzem incapacidades. O estresse psicológico associado às injúrias decorrentes do superuso pode prejudicar ou mesmo interromper uma carreira por desencadear processos, como no caso da distonia focal primária (aquela que caracteriza a distonia focal em músicos).

O primeiro passo para a prevenção é identificar quais são as possíveis disfunções ligadas a cada grupo de instrumentistas e correlacioná-las às estruturas musculoesqueléticas mais exigidas. Uma vez identificadas as disfunções, deve-se direcionar o tratamento das afecções ligadas à prática instrumental utilizando-se protocolos de tratamento preventivo e curativo.

Segundo Palac (2008, 18), "Entre um e dois terços dos estudantes [de música] de escolas secundárias sofrem de dores, sofrimentos físicos ou aflições, tendo ou não aulas particulares".  De acordo com Brito et  al.(1992) apud Moura (2000), as lesões podem se apresentar de diversas formas e três são as principais causas que desencadeiam doenças ocupacionais nesta população: desordens musculoesqueléticas (62%), compressão nervosa (18%) e disfunção motora (10%). Uma das principais queixas associadas às desordens musculoesqueléticas é a presença de dor .
 
Ao contrário dos atletas brasileiros, que hoje já têm acesso a uma avançada medicina dos esportes, os músicos no Brasil têm pouco acesso a informações e esclarecimentos sobre as possíveis consequências de sua prática desassistida por profissionais da saúde.
 
Objetivos
 
Em 2007, com o intuito de detectar possíveis problemas de saúde na população de estudantes de música na cidade de São Paulo, observou-se a presença de dor nos alunos da então chamada Universidade Livre de Música (ULM), hoje reestruturada como Emesp – Escola de Música do Estado de São Paulo.
 
O objetivo específico foi o de mapear a incidência de dor em instrumentistas de acordo com seu instrumento, tempo de prática diária, tipo e intensidade da dor. A partir desses dados e de levantamentos futuros em outras escolas, realizaremos novos estudos, cujo objetivo final é o de quantificar e comparar graus de comprometimento e surgimento da dor. Posteriormente, buscaremos esclarecer e conscientizar profissionais, educadores e estudantes de música sobre quais são os processos físicos e mentais que levam à percepção da dor e a importância desse sinal significativo.
 
Método
 
Realizou-se o levantamento do número de estudantes que apresentavam dor em 2007 na escola citada. Foram distribuídos 900 questionários aos alunos regulares. Através do questionário, os estudantes foram orientados a responder as questões referentes à presença de dor, sua constância e duração, instrumento(s) que tocavam, locais e tipo de dor apresentada, assim como outros dados pessoais.
 
Resultados Parciais
 
Dos 900 questionários distribuídos, 240 (35,5%) foram respondidos e devolvidos. A dor esteve associada à atividade musical em 34,1% dos estudantes. Outros 32,1% apresentavam dor após o estudo, sendo o acréscimo no número de horas de estudo proporcional em percentagem ao aumento da dor, exceto àqueles que ultrapassavam 5 horas de estudo.

O violino foi o instrumento que apresentou a maior percentagem de estudantes com presença de dor (81,8%), seguido pela tuba (75%), oboé e bombardino (66,6%) O local do corpo mais acometido foi o antebraço (direito e esquerdo) e a boca para os instrumentos de sopro; para as cordas e percussão, foi o braço direito ou esquerdo, ou ambos ao mesmo tempo. A região cervical foi mais comprometida nos instrumentos de sopro, cordas e percussão.

 

Conclusões

Foram encontrados dados muito próximos àqueles relatados pela literatura internacional. Estudo britânico realizado por Leaver et al.

(2011) avaliou, através de questionário, o local e a presença de dor em músicos de seis orquestras profissionais em dois momentos: nas últimas quatro semanas e após doze meses.  Foram devolvidos e respondidos 51% dos questionários; 86% reportaram dor musculoesquelética após doze meses da primeira avaliação, sendo desses, 41% com dor incapacitante. Comparativamente, entre as duas avaliações, houve aumento em 18% da presença de dor na coluna lombar, 20% no pescoço e 14% no cotovelo.

Os estudos variam muito de acordo com a forma de avaliação, a abordagem, o nível e tipo de profissional, estilo, se são estudantes e que nível de estudo, se amadores, envolvidos ou não numa prática regular, grau e tempo de estudo do instrumento. Tais estudos podem revelar discrepâncias nas porcentagens e incidências de lesões.

Encontramos de 43 a 87% de prevalência de problemas relacionados ao estudo de música (Paull e Harrison 1998).

Warrington et al. (2002), após avaliar membros superiores de 140 músicos, jovens e adultos, encontrou traumas, doenças degenerativas e dor não específica em ambos os grupos. A dor não específica foi encontrada com prevalência relevante e preocupante no grupo jovem, já que poderia ser tratado preventivamente.

Atletas contam hoje com uma grande quantidade de informações a respeito do corpo, suas estruturas musculares e manutenção através da bem desenvolvida medicina dos esportes. Os músicos usam seus músculos tanto quanto os esportistas, porém o nível de conhecimento das estruturas envolvidas, quando existente, é incipiente e limitado a poucas pessoas. Além disso, músicos utilizam pequenos músculos em demasia – o que exige uma sintonia refinada entre o corpo e o cérebro – sem o preparo de aquecimento e alongamento, e freqüentemente sem o trabalho necessário de trofismo da musculatura de suporte (tronco).

Um achado que causa estranheza em nosso estudo é a menor incidência de dor em músicos que praticam mais de 5 horas diárias, o que pode apontar para distintas compleições e resistências a grandes solicitações. Esse grupo de pessoas pode servir de referência à comunidade, que passa a acreditar que este é o padrão normal.

Um conjunto de atitudes deve ser repensada na formação e performance musicais. Faz-se urgente dar-se a devida importância à consciência corporal e atenção aos gestos, e deve-se encarar a "boa" dor como um sinal que aponta para um desequilíbrio das funções normais no funcionamento do corpo. Esta deve ser tratada antes que se torne uma "dor má", aquela "que ocorre em condições patológicas, assim como o trauma no nervo, causando doença debilitante" (Ladarola e Caudle 1997, 239). Cuidar de forma preventiva, controlar e preservar as boas condições de saúde é ainda a melhor solução.

Festival É Tudo Verdade recebe inscrições


 
Estão abertas as inscrições para a 19ª edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários, que acontece entre os dias 3 e 13 de abril de 2014 nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, e após esse período, em circuito de itinerâncias pelo país.

O evento, cujo objetivo é promover e proporcionar reflexão sobre o gênero documentário, conta com mostras competitivas e não-competitivas, programas especiais, retrospectivas e atividades paralelas, como debates, lançamentos de DVDs e a Conferência Internacional do Documentário.

O É Tudo Verdade aceita documentários em qualquer formato, desde que tenham sido finalizados em 2013 e não tenham sido inscritos em edições passadas do festival, para as competições Brasileiras de Longa ou Média-Metragem (a partir de 40 minutos) e de Curta-Metragem (até 30 minutos), para as mostras não-competitivas O Estado das Coisas, Foco Latino-Americano e para as retrospectivas. Obras realizadas em regime de coprodução internacional com o Brasil podem ser inscritas também nas competições internacionais de Longa ou Média-Metragem e de Curtas.

As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 16 de dezembro.

Os filmes selecionados para as mostras competitivas concorrem a prêmios de Melhor Documentário em suas categorias, consistindo em troféus e somas em dinheiro, e a prêmios diversos concedidos por parceiros do evento.
Para mais informações, acesse o site www.etudoverdade.com.br.

Convênio incentiva pequenos negócios da Economia Criativa




Parceria entre Sebrae e Ministério da Cultura prevê cursos de gestão empresarial, qualificação profissional e iniciativas de acesso ao mercado

Brasília – O Sebrae e o Ministério da Cultura (MinC) vão realizar uma série de ações para estimular o desenvolvimento dos pequenos negócios da Economia Criativa, setor que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) responde por 2,84% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a cerca de R$ 104 bilhões. O convênio que firma a parceria foi assinado nesta terça-feira (24), no Ministério da Cultura, em Brasília, com a presença do presidente do Sebrae, Luiz Barretto, e da ministra Marta Suplicy.

Economia Criativa envolve o segmento empresarial que tem a criatividade e o capital intelectual como principais recursos produtivos. É o caso do artesanato, arte popular, audiovisual, artes visuais, design, desenvolvimento de games aplicativos, editoração, moda, música, comunicação, entre outras atividades. O Sebrae atua com mais de 150 projetos nesse ramo no Brasil.

"Ser criativo é inerente ao brasileiro e, em um país de dimensões continentais e de imensa diversidade cultural, a Economia Criativa exerce um peso importante. A intenção do Sebrae ao firmar esse convênio é incentivar a qualificação dos empreendedores do segmento e gerar oportunidades de negócios e espaço no mercado para esses grandes talentos", afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

A ministra Marta Suplicy comemorou a parceria com o Sebrae, que considerou histórica. "As pessoas que atuam com a Economia Criativa são inovadoras, mas têm carências na gestão de negócios. Esse é um ponto que poderá ser melhorado com a expertise do Sebrae. Sabemos que os empreendedores querem se formalizar e obter renda a partir do seu trabalho".

O convênio terá duração de 36 meses. Uma das ações dessa parceria será a realização de mapeamento dos chamados territórios da Economia Criativa. São bairros, cidades ou regiões que reúnem atividades desse segmento, com potencial para gerar emprego e renda de forma sustentável. O levantamento irá avaliar quais as suas vocações e principais demandas.

Outra iniciativa será a capacitação em gestão empresarial e a qualificação técnica de profissionais e empreendedores criativos. Sebrae e MinC vão oferecer cursos, seminários e editar publicações voltadas para esses temas. O convênio também tem como um de seus eixos a promoção do acesso a mercado para os pequenos negócios criativos. Será criado um site no modelo de bolsa de negócios, em que empreendedores poderão conhecer outros empresários e trocar experiências para que, futuramente, desenvolvam e comercializem produtos.

O setor da Economia Criativa gera 8,54% dos empregos formais no país, com uma renda salarial média de R$ 2.293,64, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Essa renda média é 44% mais elevada do que nos setores da economia tradicional.

Mais informações:

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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

John Neschling funde os corais Lírico e Paulistano, do Theatro Municipal de Sao Paulo


Os músicos dos corais Lírico e Paulistano, ambos sediados no Theatro Municipal, foram chamados nesta terça pela direção da casa para serem comunicados de que os grupos serão fundidos em um só a partir do ano que vem. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do teatro, hoje dirigido pelo maestro John Neschling.

A ideia de Neschling é priorizar o novo coral em montagens líricas, o que reforça orientação do maestro desde que assumiu o cargo, no começo deste ano, de direcionar para a ópera a programação do Theatro Municipal.

Diferentemente do Lírico, hoje o coral Paulistano não está voltado primordialmente para a ópera. Seu repertório é dedicado a músicas para orquestra, composições brasileiras e eruditos contemporâneos.

Os músicos foram informados de que por ora não vai haver demissões e de que o novo coral passaria a ter o nome Coral Lírico Paulistano.
 

Aprovada PEC que desonera CDs de artistas brasileiros


Mesmo com a reclamação da bancada amazonense, os senadores aprovaram nesta terça-feira, 24, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que isenta de impostos os CDs e DVDs com obras de artistas brasileiros. Apesar das resistências de quem alega prejuízo à Zona Franca de Manaus, a vontade dos artistas presentes no Plenário prevaleceu entre os senadores. A matéria será promulgada na próxima terça-feira, 1ª, sugestão da ministra da Cultura, Marta Suplicy, que acompanhou parte da votação sentada ao lado do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e outra parte, entre os demais senadores.
 

 

O líder do governo na Casa, senador Eduardo Braga (PMDB-AM), foi um dos principais opositores à proposta e acusou os demais colegas de se deixar influenciar pela presença dos artistas que tomaram a tribuna de honra do plenário. "É um claro lobby de empresários usando artistas. Porque hoje em dia, artista não ganha dinheiro com venda de CD, mas com shows."

Para Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), a presença maciça de cantores no Senado ao longo das duas últimas semanas foi determinante para a posição dos colegas. "Muitos senadores votaram muito mais na simbologia da proposta do que no conteúdo", destacou.

 

Entre os presentes estavam as cantoras Marisa Monte, Sandra de Sá e Rosemary, a produtora Paula Lavigne, além de Fagner, Ivan Lins, Leo Jayme, Xandy do Grupo Revelação, e integrantes do grupo Lelek''s. O empresário Liro Parissoto, terceiro suplente de Eduardo Braga, empresário do setor na Zona Franca, também acompanhou a votação ao fundo, ao lado de assessores pessoais do senador.
 

O texto foi aprovado com 61 votos favoráveis e quatro contrários. Há duas semanas, na votação do primeiro turno, as discussões renderam um placar apertado - foram 50 dos 49 votos a favor necessários, além de 4 contrários e uma abstenção. Antes de passar pelo Senado, a proposta ficou sete anos parada na Câmara dos Deputados.
 

Os defensores da proposta dizem que a isenção pode diminuir os preços em até 20%. O senador Braga, contudo, classificou a PEC como um "crime contra a economia brasileira". "É importante destacar que aqui se pretende dar imunidade tributária a todo e qualquer suporte material. Arquivo digital, de uma replicadora, até arquivo de nuvem da Apple", afirmou. Segundo ele, isentar a indústria da música em todo o País vai atingir diretamente os cerca de três mil empregados do polo industrial de Manaus, onde há isenção fiscal.

A cantora Rosemary rebateu as críticas dos senadores contrários. "Os senadores Alfredo Nascimento, Eduardo Braga e Vanessa Grazziotin precisam entender que a PEC não irá prejudicar em nada a economia da Zona Franca de Manaus. Todos nós artistas continuaremos a prensar nossos CDs e DVDs nas fábricas instaladas lá. O que nós não queremos são impostos tão altos que tornam inviável produzir nossa arte de forma independente", disse a cantora.

MinC prorroga prazo para edital da Copa do Mundo 2014



O Ministério da Cultura prorrogou o prazo para as inscrições no edital denominado "Concurso Cultural 2014" que visa ampliação e fomento da programação cultural das 12 cidades-sede durante a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. No último dia 06 de setembro, a Fundação Cultural de Curitiba promoveu, no auditório do Teatro Londrina, no Memorial de Curitiba uma oficina gratuita de capacitação para a participação no edital e contou com a presença de mais de cem interessados em participar do processo.

Com a ampliação do prazo para o dia 4 de novembro de 2013, mais pessoas poderão participar do grande festival que o Ministério da Cultura pretende produzir, em parceria com os governos Municipal e Estadual das 12 cidades-sede da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014, para apresentar a riqueza e diversidade cultural do País para brasileiros e estrangeiros, entre os dias 10 de junho e 15 de julho.

Com a prorrogação, as inscrições serão suspensas durante esta quinta-feira, 19, e retornam a partir do dia 20. Além da ampliação do prazo, o edital teve algumas alterações, com destaque para o Grupo Cultural O – Audiovisual, que teve mudanças em suas especificidades técnicas e na forma de pagamento.

Lançado no último dia 8 de agosto, o edital denominado "Concurso Cultura 2014" premiará, no mínimo, 206 projetos que estejam dentro de um dos quatro eixos do pilar 'Conteúdos Culturais'. Entre os eixos estão:

•Brasil Audiovisual que promoverá a produção audiovisual brasileira atendendo média metragem, documentários, animação e ficção;

•Brasil Criativo que engloba conteúdos artísticos, em formato digital, de artesanato, moda, arquitetura, design e gastronomia, de expressão local e linguagens ligadas a economia criativa;

•Brasil Diverso que prevê projetos que manifestações tradicionais de todos os Estados do País, atividades entre Pontos de Cultura e valorização do patrimônio material e imaterial brasileiro;

•Brasil das Artes dirigido para exibições artísticas nas áreas da música, teatro, circo, dança, literatura e artes visuais.

Intercâmbio – No intuito de promover o intercâmbio entre as manifestações tradicionais de cada estado, o concurso prevê ainda a circulação de exibições. Por exemplo, o projeto selecionado no Acre se apresentará no Recife (PE); do Amazonas em Belo Horizonte (MG); do Piauí em Porto Alegre (RS); do Alagoas em Curitiba (PR); do Rio Grande do Sul em Natal (RN); do Sergipe em Brasília (DF); de Mato Grosso do Sul no Rio de Janeiro (RJ); do Espírito Santo em Manaus (AM); do Paraná em Salvador (BA); do Tocantins em São Paulo (SP); e da Paraíba em Cuiabá (MT).

Os projetos serão escolhidos por uma Comissão de Avaliação e Seleção composta por 40 pessoas, dentre elas, representantes da sociedade civil (Conselho Nacional de Política Cultural), das Secretarias de Cultura das 12 cidades-sede e do MinC (Representações Regionais, instituições vinculadas e Secretarias).

As inscrições para o concurso Cultura 2014 – antes previstas até o dia 23 de setembro – terminam no dia 4 de novembro e deverão ser feitas exclusivamente pelo sistema SalicWeb, disponível em www.cultura.gov.br. Podem participar pessoas físicas e jurídicas de direito privado, com ou sem fins lucrativos, e grupos não constituídos juridicamente.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A DIPLOMACIA DO JAZZ DURANTE A GUERRA FRIA



Há mais de 50 anos atrás, no auge da Guerra Fria, havia pouco espaço para o diálogo intercultural e as duas superpotências procuravam colmatar a lacuna. Nesta batalha pelos "corações e mentes" dos povos do mundo, os Estados Unidos optaram por uma resposta improvável, mas extremamente eficaz às iniciativas soviéticas: a construção de amizades internacionais através do jazz.
Os estados europeus iam desistindo dos seus domínios na Ásia, África e no Pacífico, e um concurso quase selvagem foi-se desenvolvendo entre a União Soviética e os Estados Unidos para cortejar essas nações recém independentes. Abriu-se a porta à ideia de que as trocas culturais entre nações influenciavam a percepção da "raça" e da cultura, não só no estrangeiro, como também internamente. Acreditou-se que os contactos interculturais modelavam atitudes, influenciavam as crenças no sistemas políticos internos e ajudavam a compreender os olhos com que uma nação interpreta o mundo. Além disso, a cultura de uma nação, em si mesma, ajudava a prever as atitudes e práticas que a mesma iria adoptar nos assuntos estrangeiros. O jazz era um fenómeno incomparável na e para a América, representativo de uma fusão entre as culturas africanas e a novíssima cultura afro-americana pulvilhada e misturada pelo american way of life.
A Guerra Fria teve uma enorme influência em muitos aspectos da sociedade americana e da sociedade da URSS. Em 1946, Winston Churchill usou pela primeira vez a expressão "cortina de ferro" para falar da separação entre a União Soviética e os seus estados satélites, dum lado, e o Ocidente não comunista, do outro. Uma cortina que se manteve até 1991, data da desintegração da União Soviética. Esta influência foi-se assumindo cada vez mais por causa dos valores antagónicos em jogo. De um lado, os Estados Unidos recitando o capitalismo e a democracia; do outro, a União Soviética aclamando o comunismo e o autoritarismo.

Mas este conflito foi diferente. Na verdade, foi tanto uma luta com intervenções militares (como a Guerra da Coreia ou do Vietname, bons exemplos das tentativas americanas de pôr termo ao expansionismo comunista) como uma guerra na qual foram travadas várias batalhas culturais entre as duas superpotências. Foi, acima de tudo, uma guerra de ideias, travada em várias frentes. Procurava-se uma nova forma de conquistar ou, arrisco dizer, uma nova forma de colonizar através da execução desta ideia de cultura sem fronteiras, homogénea, igualitária, de fácil acesso e compreensão. Sobretudo os EUA deram os primeiros passos no sentido da uniformização planetária (ou aquilo a que alguns chamam de "cultura mundo") e da cosmopolitização contemporânea. Mas isso fica para outras núpcias...
A URSS encontrou na cultura um óptimo veículo para realizar os seus intentos, sobretudo através da música e do ballet clássico. Nesta batalha pelos "corações e mentes" dos povos do mundo, os Estados Unidos optaram por uma resposta improvável, mas extremamente eficaz às iniciativas soviéticas: a construção de amizades internacionais através do jazz. Os músicos de jazz eram o postal ideal para enviar aos olhos e ouvidos do mundo, impingindo uma certa América e espalhando a sua marca capitalista e democrática ao mesmo tempo que aliviavam as tensões políticas no meio das ortodoxias da Guerra Fria pela partilha desta experiência comum, social e cultural, veiculada pelo jazz. A diplomacia do jazz, uma espécie de arte democrática, pretendia acabar com mitos como o de uma América representativa da "supremacia branca", do imperialismo cultural e da arrogância racial, numa altura em que se começou a construir o discurso internacional em torno dos direitos civis, da discriminação e da liberdade cultural.Mas esta retórica era ilusória - quem não se lembra do assassínio de Emmet Till (um jovem negro de 14 anos que foi morto no Mississipi, em 1955, quando flirtava uma rapariga branca)?

Como uma primeira manobra de uma guerra que mal tinha começado (e durou por mais de duas décadas) o congressista Adam Clayton Powell Jr. propôs que Dizzy Gillespie formasse uma big band para representar os EUA como embaixadores musicais. O Departamento de Estado e da Administração Eisenhower concordou e o grupo embarcou para o Sul da Europa e do Médio Oriente, em 1956. Dizzy e a sua orquestra eram embaixadores consumados - tocando as pessoas de todas as esferas sociais. Num dos concertos em Zagreb, na Jugoslávia, um espectador deixou-se levar pelo entusiasmo e chegou mesmo a exclamar: "o que este país precisa é de menos embaixadores e mais sessões de jam!". A diplomacia do jazz tinha começado.
Mais tarde, nesse mesmo ano, Benny Goodman e a sua banda viajaram para a Ásia Oriental; em 1958, o "Dave Brubeck Quartet" visitou a Europa Oriental, o Médio Oriente e o Sul da Ásia; Louis Armstrong e os "All Stars" visitaram África em 1960-1961, e Benny Goodman fez de novo as malas, agora para partir para a União Soviética, em 1962. No ano seguinte, a "Duke Ellington Orchestra" e o seu carismático líder percorreram o Médio Oriente e o Sul da Ásia.
Estas iniciativas da diplomacia cultural continuaram sob a direção do Departamento de Estado até 1978, e inúmeros músicos de jazz, incluindo Benny Carter, Miles Davis, Woody Herman, Hines Earl, Oscar Peterson, Terry Clark e Sarah Vaughan, correram o mundo em nome da América, espalhando o american way of life e atraindo as atenções nos cantos mais remotos.
A "pureza da arte soviética" foi sendo "poluída" à medida que a Variety, o Times e a Vanity Fair iam relatando a influência do jazz na URSS e até a Rádio Moscovo não resistiu aos encantos sonoros deste gênero musical. A jazz music abriu as portas a um certo entendimento da cultura americana - uma nação livre e sem distinções raciais - e revelou-se uma via única a ligar as pessoas, transcendendo as barreiras políticas e sociais.

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Melhore sua mente através da leitura



A leitura é uma ótima maneira de desenvolver o seu cérebro. Além de aumentar o seu vocabulário ecapacidade de interpretação, também ajuda no armazenamento de informações importantes. Ao ler os clássicos da literatura mundial, você aumenta suas habilidades de escrita e compreensão de textos.
Se você deseja melhorar a sua mente por meio da leitura, veja como os clássicos da literatura podem ajudar:

1. Aumento de vocabulário

Ao ler os clássicos, você vai encontrar muitas palavras que não fazem parte do seu cotidiano. Aprender novas palavras ajuda a enriquecer o seu vocabulário. Ter um amplo vocabulário é como ter um grande arsenal de palavras. Isso permite que você se expresse de maneira mais eloquente. Desenvolvendo essa habilidade você será capaz de se comunicar com precisão e criar uma percepção de mundo inteligente.

2. Melhorar a escrita

Ler os clássicos da literatura é a maneira mais fácil de melhorar a sua escrita. Durante a leitura você acaba absorvendo a gramática e o estilo do autor. Isso contribui para o desenvolvimento da sua escrita melhorando a concordância e gramática.

3. Desenvolver a fala

Antes de se tornar um bom orador, você precisa ser um bom escritor. Estudar as obras que foram desenvolvidas por gênios vai ensinar você a se expressar com clareza e estilo. Ao melhorar seu domínio do idioma, você vai se tornar mais persuasivo, e poderá desfrutar de uma vantagem sobre as pessoas menos articuladas.

4. Novas ideias

Observar as mesmas ideias que as outras pessoas gera um pensamento genérico e repetitivo. Para ser original você precisa desenvolver novas ideias, e isso você pode retirar dos clássicos da literatura. Ao ler os livros você desenvolve a sua inspiração e tem a oportunidade de melhorar a sua criatividade.

5. Perspectiva histórica

Uma pessoa que apenas lê jornais e revistas fica dependente dos preconceitos e modas do seu tempo. Por isso, a leitura de livros antigos é importante para aumentar a sua perspectiva história e desenvolver o senso crítico. Os clássicos são importantes para estimular a sua mente a partir de pensamentos e experiências de outras pessoas.

6. Entretenimento educativo

A leitura de grandes livros é um passatempo divertido. Você pode encontrar muitas curiosidades sobre a história e também o vocabulário da época em que a obra foi escrita. Outra opção é procurar as versões mais modernas dos clássicos, isso também ajuda a aumentar o entretenimento durante a leitura.

7. Sofisticação

Se você gosta de se destacar nas conversas entre amigos, ter conhecimento dos clássicos da literatura é essencial. Você aprofundará suas ideias e desenvolve o senso crítico. Além disso, quando você tem propriedade para falar sobre certo assunto você pode até ganhar uma discussão.

8. Leitura mais eficiente

Ler diversos livros aumenta a sua rapidez na leitura. Por isso, a ideia é procurar livros de diferentes épocas e temas para desenvolver uma leitura mais eficiente.

9. Desenvolve o senso crítico

Se você é um escritor ou blogueiro ignorar os clássicos é um erro. Independentemente do tema que você aborda em seus textos, você precisa ser persuasivo e desenvolver seu senso crítico. A melhor maneira de aprender é com os mestres. Portanto, não perca tempo! Passe algum tempo com os clássicos e tire vantagem sobre isso.
10. Aumenta o repertório
Ler é um ato valioso para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional. A literatura clássica é forma de ter acesso às informações e, com elas, buscar melhorias para o mundo. Repertório cultural é importante para escrever bons textos e ser crítico.

9 livros que você não pode deixar de ler

Arthur Schopenhauer

A Arte de Escrever, de Arthur Schopenhauer

Este livro de Arthur Schopnehauer, um dos mais importantes filósofos alemães, é uma antologia de ensaios selecionados do livro “Parerga e Paralipomena”. Neles, o autor traz reflexões ao mesmo tempo profundas, entusiasmadas, ferinas e irônicas sobre o ofício de escrever e, portanto, de pensar. Um livro importante para todos os que se dedicam a este ofício.
Rubáiyát, de Ommar Khayyam

É uma das obras poéticas que mais me estimularam nos últimos anos. Pois contém diversos níveis de interpretação, podendo, ao mesmo tempo, ser lido superficialmente como uma ode ao hedonismo ou, mais profundamente, como um livro de poesia mística da melhor qualidade. Seu autor, Omar Khayyam, é um dos maiores poetas da literatura islâmica.

Lisístrata: A Greve do Sexo, de Aristófanes

Peça grega escrita por Aristófanes. Ainda que tenha sido escrita há cerca de 2.500 anos, é super atual, retratando a guerra entre os sexos. Em sua história, as mulheres de Atenas, lideradas por Lisístrata, revoltam-se contra as guerras provocadas pelos homens e descobrem a única maneira de conseguir a paz em toda a Grécia: enquanto a guerra perdurar, elas não mais abrirão as pernas para os seus maridos… O texto é cômico e ao mesmo tempo uma reflexão sobre as diferenças na arte de governar entre homens e mulheres. Um dos melhores livros que li este ano. A tradução realizada por Millôr Fernandes com certeza conta muito para o resultado final.
Hai-Kais, de Millôr Fernandes
Um coletânea dos hai-kais escritos por Millôr Fernandes entre 1959 e 1986, trazendo toda a concisão, ironia e sagacidade típicas do autor. Hai-kais são um estilo de poesia japonesa, contendo apenas 3 versos. Millôr é um dos maiores escritores deste tipo de poesia em lingua portuguesa.

Vidas Secas, de Graciliano Ramos

Considerado por muitos como a obra prima de Graciliano Ramos, o livro retrata a vida de uma família que vive no sertão brasileiro e todos os sacrifícios por que passam para sobreviver. Cada capítulo conta a história sob a perspectiva de uma personagem, Fabiano e sua família, incluindo Baleia, sua cadela, incrivelmente a personagem mais humana do romance!

A Revolução dos Bichos

Ao mesmo tempo uma fábula e uma sátira mordaz, A Revolução dos Bichos é a história dos animais de uma granja se rebelam contra o Homem que os oprime e assumem o poder. Em seguida, começam a cometer todos os mesmos erros que qualquer poder revolucionário comete ao assumir o governo: de oprimido torna-se opressor. Ao lado de 1984, é a grande obra prima de George Orwell.

Além do Bem e do Mal, de Nietzsche

Um dos principais livros de um dos maiores filósofos alemães de todos os tempos: Friedrich Nietizsche. O próprio autor o considerava sua mais importante e abrangente obra. É uma excelente porta de entrada para o seu pensamento, pois nele são abordados quase todos os temas de sua filosofia. Simplesmente um livro fundamental.

O Romance de Tristão e Isolda, de Joseph Bédier

Escrito no século XII por Joseph Bédier, este livro extraodinário contém os elementos típicos das histórias de amor cortês e cavaleirismo da época. Tristão é um nobre cavaleiro que se enamora por Isolda, a Loura, que entretanto é prometida ao Rei Marc, de quem é súdito. A narrativa contém todos os elementos típicos das histórias da era medieval: amor proibido, lutas contra dragões, poções de amor etc. É fantástico. Eu o li no começo da minha adolescência e até hoje a história me empolga.

O Casamento do Céu e do Inferno e outros escritos, de William Blake

O grande clássico literário de William Blake, poeta e pintor inglês do século XIX. Em O Casamento do Céu e do Inferno, através de aforismos, Blake formula uma posição religiosa e política revolucionária, em que nega a realidade da matéria, da punição enterna e da autoridade. Deste livro, seu poema mais famoso é o “Provérbios do Inferno”, em que figuram famosos versos como “O caminho do excesso leva ao palácio da sabedoria/ A Prudência é uma rica, feia e velha donzela cortejada pela Impotência/ o tolo não vê a mesma árvore que o sábio vê/ Prisões se constroem com as pedras da Lei; Bordéis, com os tijolos da religião”, entre tantos outros. É um livro que não canso de ler e reler ao longo dos anos.

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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O Continuum entre Bach e Chopin


 

Um extenso tratado poderia ter sido escrito a respeito da influência de Bach sobre os românticos. Existe, sem sombra de dúvidas, um continuum entre Bach e Chopin.

Frederic F. Chopin (1810-1849) parece ter sido o último “Bach” dos românticos. Polonês e francês, vindo do catolicismo europeu, ele escreveu quase que exclusivamente para o piano, um instrumento que se tornou dominante somente após a morte de Bach. Este, por sua vez, era um alemão burguês com uma bagagem e uma educação luteranos.  Bach era um artesão cujo trabalho estava enraizado na sua comunidade e tinha uma visão organizada do universo, o que era refletido em seu trabalho escultural. Chopin era um exilado, um artista sem raízes, que levava uma vida desregrada e boêmia.  

Johann S. Bach (1685-1750) era contrapontístico por excelência e trabalhava ligado à multiplicidade da forma. A música de Chopin é pessoal, de pequena escala, melódica e harmônica ao mesmo tempo, ligada a sentimentos e estados de espírito. Chopin costumava aquecer os seus dedos, todos os dias, tocando O Cravo Bem Temperado. Em 1839 ele publicou uma coleção de 24 prelúdios abrangendo as 12 tonalidades maiores e menores. Bach fez o mesmo.  

Na verdade existe um continuum que liga Bach a Chopin. Bach foi um defensor ardente do “sistema bem temperado” (ou de temperamento igual) para os instrumentos de teclado. Ele superou, de longe, seus contemporâneos na habilidade de incorporar expressivas notas “erradas” e acordes dissonantes nas suas composições. Sua técnica cromática, hoje tida como moderna, foi adotada por seu filho Carl Philipp Emmanuel Bach. Isso passou a ser um dos princípios dos primeiros românticos e Chopin foi o maior e mais original expoente deles, na primeira metade do século XIX. Nada disso seria possível sem o “temperamento igual”. “O Cravo Bem Temperado” difere do caráter dos “Estudos” (Études)de Chopin, principalmente no que diz respeito aos prelúdios mas, com toda a certeza, Chopin tinha em mente os prelúdios do Cravo Bem Temperado quando compilou os seus próprios prelúdios nesse livro.   

Bach organizava sua vida passo por passo, como numa escala cromática. Já Chopin tinha uma vida parecida com o “círculo das quintas”: as maiores e menores são colocadas juntas não por pertencerem à mesma tonalidade (como vemos em Bach), mas por pertencerem ao grupo de bemóis ou ao grupo de sustenidos na armadura de clave (como vemos em Chopin). 

1900, UM SÉCULO QUE ACABA QUANDO COMEÇA - Reflexões sobre 100 anos de música



Há semanas estive em Brasília, a convite do Ministério da Cultura, e depois dos assuntos tratados, assisti um concerto da Orquestra Sinfônica Simon Bolivar da Venezuela. Foi emocionante ver a qualidade, a segurança e a espontaneidade daqueles jovens músicos tocando a emblemática “Sagração da primavera” de Stravinsky, dirigida por Dudamel. Este conduzia de cor a obra com a nonchalance de como se estivesse interpretando Alma Llanera com seus pupilos. Seria algo parecido a estudantes de pintura reproduzirem com  perfeição, numa igreja da capital, o teto da Capela Sistina, oba de Michelangelo, que comparo à Sagração da Primavera em importância artística e histórica.

Essa música, que em 1940 se tornou trilha sonora de um antológico filme infantil de Walt Disney, Fantasia, agora é brilhante e bem-humoradamente executada por jovens, não assustando mais ninguém – bem diferente do que ocorreu no Théâtre des Champs-Élysée de Paris naquele 29 de maio de 1913. Apesar disso, parece que a feitiçaria na qual a obra se baseia contuinu provocando em mim serias perturbações. É com se eu a estivesse ouvndo pela primeira vez e com a repetida sensação de que, para além daquilo, não seria mais possível fazer música em nosso tempo. Algo parecido a sensação de Brahms ao ouvir a  Nona de Beethoven, o que lhe custou vinte anos de reflexões, inseguranças e angústias para compor sua primeira sinfonia.

Naquele início dos 1900, a agressão às avessas de Jeux de Debussy, desarmava por completo  pathos romântico já agonizante – obra estreada no mesmo teatro de Paris no qual duas semanas depois seria ouvida a première de Sagração. Sete meses antes , em Berlim, a primeira execução de Pierrot Lunaire de Shönberg, propunha a própria extinção da Tonalidade (vocabulário, gramática e forma musical do Ocidente). Para completar o quadro demulidor, a apresentação da composição de Stravinsky armava a mais estupenda confusão na mente das pessoas com sua cacofonia. Isso tudo prenunciava um século de grandes dificuldades para os caminhos da criação artística. Tanto é que os “ismos” de estilos que surgiram não chegaram a completar uma década. O pânico causado por essas obras e a própria hecatombe mundial de 1914 a 1918, talvez tenha levado artistas de todo o mundo a mergulhar num estranho neoclassicismo, em busca possivelmente, de apoios estético–filosóficos em meio àquele “caos”  dos códigos de comunicação espiritual.

No segundo pós-guerra houve  uma recuperação desenfreada do dodecafonismo dos anos 1920, de Shöenberg e Webern. Parece que mundo da música havia  encontrado “paz” e outra vez o espirituo de “vanguarda” numa linguagem de comunicação unificadora de mentes. Em países e regiões de culturas das mais diversas, escrevia-se música com uma lupa, uma pinça e uma calculadora...  Esse frenesi racionalista em, porém, não ultrapassou uma década, com a chegada dos explosivos anos 1960, que lançaram pelos ares com seus Happenings e aleatorismos.

A chegada da música eletrônica nessa época abria perspectivas infinitas. Pela primeira vez na história, o ser humano passava a fazer música sem que fosse raspando uma corda, assoprando um tubo ou batendo em um tambor. Os estúdios da rádio Colônia, Alemanha, viraram a vanguarda do mundo, motivando instalação de muitos outros em outros países. O que aparentava ser um manancial interminável de recursos para uma nova música, contudo, não encontrou uma dinâmica produtiva e de consumo regular, permanecendo como fenômeno no nível das experiências e curiosidades históricas da época.

O rock progressivo do final da década de 1960 tirou muito mais proveito do eletronismo, expandindo enormemente a nova linguagem popular oriunda dos sintetizadores, com Jimi Hendrix à frente. O “boom” criativo daquela música, porém, também não ultrapassou a umadécada. Na segunda metade dos anos 1970, a juventude que curtia estatelada no chão o som psicodélico das guitarras e teclados “envenenados”, levantou-se, abandonou as drogas e começou a dançar novamente, lembram-se do estilo chamado discoteque? Recuperou-se o “bate-estaca” sem sincopas e liberdade criadora transformando o eletronismo dos teclados, das guitarras e das percussões  na mais vulgar e redundante música pop, que perdura até hoje no grande mercado da música da cultura pop.

As últimas décadas do século XX confirmaram este estado de coisas. À medida que a tecnologia disparava usas investigações e descobertas, numa velocidade tal que o conhecimento humano na área chega a dobrar a cada dois anos, do ponto de vista artístico não se viram movimentos, vanguardas, nem de novas tendências. O delírio cultura da Belle époque e das duas primeiras décadas do século passado deu lugar ao frenesi tecnológico do início do século XXI. Os grandes conglomerados artísticos que formavam estilos no início do século XX foram substituídos por equipes anônimas e técnicos da atualidade. O feroísmo individual e reservado dos inventores de técnicos do início dos 1900 (Ford, Santos Dumont, Edison) foi substituído, nos dias que correm, por artistas desenvolvendo pesquisas herméticas e subjetivas.

Que tipo de fenômeno teria havido em Paris no palco do Théatre des Champs-Élysées naquele maio de 1913 entre os dias 14 e 29 de Jeux à Sagração de Primavera? Estive em Paris por ocasião das comemorações do centenário dessas fatídicas duas semanas. Fui ao Champs-Élisées. Andei por seus corredores, sua platéia, toquei naquele palco, fitei pessoas. Mas sai daquele “templo” mais perplexo que nunca. Parece que os anos passados não foram suficientes para entendermos o que ocorreu neste íntimo espaço de tempo, neste deslumbrante século da história humana...

Júlio Medaglia

Revista Concerto – junho de 2013 – Atrás da Pauta – p. 10

Coro - O que é?


 
Etmologia. O port. esp. it. coro; fr. choeur, ambos do século XII; ing. chorus; al. Chor, ambos do século XVII, é o lat. chorus; gr. khorós, dança em coro, coro, canto executado pelo "coro".

Definição. Conjunto de cantores que executam, em uníssono ou a várias vozes, obras musicais. Extensivamente, designação das composições polifônicas executadas por esses conjuntos, e cuja característica fundamental é a presença de mais de uma voz em cada parte.
 
Para participar de um coro, o cantor não precisa possuir dotes excepcionais. São necessários, entretanto, afinação correta, que resulta da exata percepção dos intervalos sonoros, sentido rítmico e alguma prática de solfejo, além da musicalidade, conhecimento dos diversos estilos do repertório coral e disciplina rigorosa.

Nas sociedades corais populares, a técnica vocal é geralmente rudimentar. Os grupos profissionais devem apresentar, no mais alto nível, os requisitos mencionados, tendo em vista as dificuldades das obras que interpretam e a responsabilidade das apresentações públicas. Cantores que dispõem de vozes mais trabalhadas e potentes muitas vezes perturbam as execuções, porque, num coro, é fundamental evitar qualquer destaque individual.

Técnica. Independente do número de participantes, o objetivo básico de todo coro é atingir uma perfeita homogeneidade, de forma que nenhuma das partes desequilibre o conjunto quanto ao volume e ao timbre.

Cabem ao regente e ao assistente do coro a seleção e a preparação técnica das vozes, e a unificação dos diversos timbres, mediante trabalho minucioso com cada parte separadamente, para obter movimento expressivo das partes e transformar o coro em instrumento dócil e fiel às intenções da obra a ser executada. Além disso, é necessário que se articulem nitidamente todas as sílabas do texto literário que inspirou a música. Os coros podem ser constituídos exclusivamente por vozes masculinas, femininas ou infantis, ou podem ser coros mistos, de que participam elementos de sexos e idades diferentes. O coro normal é a quatro vozes mistas: soprano, contralto, tenor e baixo.

O repertório reúne peças cantadas em uníssono, à oitava, ou composições polifônicas, com partes diferentes. Há obras para coros múltiplos, compostos para mais de um conjunto. O coro a cappella, ou, no Brasil, coro orfeônico, é aquele em que seus componentes cantam sem nenhum acompanhamento instrumental.

O canto coletivo, religioso ou profano, responde a uma necessidade de agrupamento, e sua função socializadora é constante através dos tempos, em todas as civilizações. Desde a pré-história os homens cantavam em conjunto, encontrando nessa prática uma forma insuperável de integração nas suas atividades sociais.

A música na Antiguidade caracteriza-se pela existência de grandes massas corais, que entoam hinos religiosos, canções guerreiras e canções de trabalho. O teatro grego dá ao coro, ora falado, ora cantado, um papel predominante.

Histórico. O canto gregoriano da Igreja católica adota os coros em uníssono, ou à oitava, até o século X. Nas primeiras tentativas polifônicas, principalmente entre os séculos X e XIII, distinguem-se os registros graves e agudos das vozes masculinas e infantis, para as partes diferentes do órgão ou do descante. O grande repertório polifônico floresce e atinge o apogeu nos séculos XV e XVI. Os cantores deviam ser dotados de qualidades extraordinárias, dada a complexidade das peças que executavam. As grandes capelas disputavam cantores famosos. Introduzem-se os castrati, que interpretam as partes de tessitura elevada.

Dos primeiros tempos cristãos até o fim do Renascimento, cabe ao coro o papel de maior importância em toda a música sacra. O repertório profano, de inspiração popular ou erudita, tem seu clímax na canção francesa e no madrigal italiano, para quatro vozes mistas.

Com o nascimento da harmonia tonal e a criação da ópera, há uma renovação da música coral com a utilização do coro na missa, na ópera e no oratório, gêneros que predominam na Europa meridional, ao passo que os países de religião reformada desenvolvem a paixão e a cantata religiosa. O coral luterano assegura a participação dos fiéis no culto por meio do canto comunitário. Um novo estilo, com a realização do baixo cifrado pelo órgão, acrescenta um discreto acompanhamento instrumental às vozes. Todas as capelas requisitam músicos de importância e mantém corpos estáveis.

No século XVIII, desenvolvem-se as academias e os conservatórios, que roubam o monopólio religioso da música vocal de conjunto. No século XIX, multiplicam-se as associações corais regulares, às vezes de dimensões gigantescas, e a maioria dos compositores dedica grande atenção ao coro, que, frequentemente, passa a integrar obras sinfônicas.

Anualmente, é grande a atividade musical no terreno erudito, e deve-se mencionar o ressurgimento do repertório folclórico da tradição ocidental, harmonizando para várias vozes, e o aproveitamento de motivos africanos, asiáticos e ameríndios.

No campo da música erudita, verifica-se a restauração da declamação coletiva, o coro falado, nos moldes da Antiguidade, que requer uma nova técnica quanto ao tom, à dicção e às modalidades expressivas, e abre um novo caminho para a utilização do coro.

 

 

JORGE ANTUNES (1942 - )


BRASIL – MÚSICA CONTEMPORÂNEA

Jorge Antunes nasceu no Rio de Janeiro em 1942. Começou seus estudos musicais em 1958 e em 1960 ingressou na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil (atual UFRJ), na classe de violino do Prof. Carlos de Almeida. Em 1964 começou o curso de composição e regência na mesma escola, estudando com Henrique Morelembaum, José Siqueira e Eleazar de Carvalho. Simultaneamente ele seguiu o curso de composição de Guerra Peixe na Pró-Arte do Rio de Janeiro.

Até 1964 Antunes abraçou a corrente nacionalista em suas obras instrumentais, influenciado por Villa Lobos. Mas já em 1961 começou a se interessar pela música eletrônica, ao mesmo tempo em que ingressava no curso de Física da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi). Depois de construir vários geradores, filtros, moduladores e outros equipamentos eletrônicos, Antunes fundou o Estúdio de Pesquisas Cromo-Musicais, destacando-se desde então como precursor da música eletrônica no Brasil. Em 1962 compôs a primeira obra brasileira feita exclusivamente com sons eletrônicos: Valsa Sideral. A partir de 1966 ele começa a se destacar como um dos nomes mais representativos da vanguarda musical brasileira e participa de vários festivais nacionais e internacionais.

Em 1965 ele dá início a importantes pesquisas no domínio da correspondência entre os sons e as cores e compõe uma série de trabalhos a que dá o nome de CROMOPLASTOFONIAS, para orquestras, fitas magnéticas, luzes, usando também os sentidos do olfato, do paladar e do tato. 

Em 1967 ele foi convidado pelo Instituto Villa Lobos do Rio de Janeiro, para organizar o seu Centro de Pesquisas Musicais e foi nomeado Professor de Música Eletroacústica do mesmo Instituto, onde ministrou aulas de composição e para onde transferiu seu laboratório. Entre 1965 e 1968 participou intensamente dos movimentos artísticos de vanguarda do Rio de Janeiro, apresentando suas Cromoplastofonias e seus Ambientes em salões de artes plásticas e integrando o grupo precursor do chamado poema-processo.

Em 1969 ele ganhou uma bolsa para estudos pós-graduados em composição no Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires, como vencedor do concurso bienal que selecionava um compositor de cada país das Américas para realizar estudos no Centro Latinoamericano de Altos Estudios Musicales. Com a bolsa, Antunes trabalhou durante dois anos sob a orientação de Alberto Ginastera, Luis de Pablo, Eric Salzman, Umberto Eco, Francisco Kröpfl e Gerardo Gandini. Em 1969 e 1970 ele trabalhou no Laboratório de Música Eletrônica do Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires.

Em 1970 ele continuou suas pesquisas no Instituto de Sonologia da Univesidade de Utrecht, com uma bolsa do governo holandês. Em Utrecht ele se especializou em Computer Music sob a orientação de Gottfried Michael König, Greta Vermeulen, Stan Tempelars e Fritz Weiland, trabalhando com o computador Electrologia X-8. Dentre suas obras importantes deste período destaca-se a Music for Eight Persons Playing Things.

Em 1971/73 ele ganhou uma bolsa do governo francês para um curso de aperfeiçoamento no Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, onde atuou como compositor-estagiário sob a orientação de Pierre Schaeffer, Guy Reibel e François Bayle. No mesmo período iniciou o Doutorado em Estética Musical na Sorbonne, Universidade de Paris VIII, tendo Daniel Charles como orientador. Em junho de 1973 Antunes foi convidado pela Universidade de Brasília para dirigir o Curso de Composição Musical no Departamento de Música, onde ele é atualmente Professor Titular. Na Universidade ele reorganizou, com equipamentos profissionais, seu antigo estúdio de Música Eletrônica, e fundou o GeMUnB (Grupo de Experimentação Musical), um conjunto de oito músicos especializado em música contemporânea e em live-electronics que fêz uma turnê de concertos na Europa em 1975.

Em 1976/77 Antunes teve mais uma longa estadia em Paris com apoio da Universidade de Brasília e uma nova bolsa do governo francês para concluir sua tese de doutorado Son Nouveau, Nouvelle Notation.

Entre 1978 e 1989 ele desenvolveu intensa atividade cultural e política em Brasília junto a movimentos populares e de intelectuais pela democratização do país. Durante este período ele escreveu várias obras engajadas politicamente, tipo de corrente estética a que aliás sempre esteve ligado, mas sempre com uma linguagem musical de vanguarda. Data desta época sua famosa Sinfonia das Diretas (Sinfonia das Buzinas) e o polêmico Hino Nacional Alternativo (Hino ao Novo Brasil). Durante o mesmo período ele dirigiu vários projetos musicais na Universidade de Brasília (Núcleo de Pesquisas Sonológicas, Orquestra de Câmara da UnB, Festivais de Música Contemporânea, etc.) e fêz várias viagens à Europa para participar de Festivais e dirigir concertos.

Em 1992/93 foi contemplado com a Bolsa Vitae, uma bolsa de Pós-Doutorado do CNPq e uma licença da Universidade, para realizar pesquisas durante um ano na Europa e no Oriente Médio (Berlin, Baden-Baden, Freiburg, Amsterdam, Tel Aviv, Jerusalém e Paris). Durante este período ele concluiu sua nova ópera OLGA.

De janeiro a julho de 1993 ele foi compositor-em-residência nos Ateliers UPIC, dirigidos por Iannis Xenakis, onde trabalhou no domínio da informática musical e da correspondência som & imagem, realizando as fitas de sons eletrônicos a serem utilizadas simultaneamente à parte sinfônica de sua nova ópera. Em 1993 sua obra Idiosynchronie foi distinguida com o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO.

Em 1994 Antunes foi eleito membro titular da Academia Brasileira de Música, teve participação especial no Festival de Música Eletroacústica de Bourges, na França, e recebeu o Prêmio de Música Criativa do Festival de Londrina, na Paraná. Neste mesmo ano organizou e coordenou o I Encontro de Música Eletroacústica, em Brasília, em que foi fundada a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica. Antunes foi eleito presidente da S.B.M.E. tendo, em 1997, sido reeleito presidente por mais um período.

Entre fevereiro e maio de 1995 realizou uma série de atividades na França, participando do Festival Présences 95, onde foi estreada sua nova obra Rimbaudiannisia MCMXCV, encomendada pela Radio France. No período realizou obras eletroacústicas, sob encomenda, nos Estúdios de Música Eletroacústica do Groupe de Recherches Musicales de Paris, dos Ateliers UPIC de Massy e do Groupe de Expérimentation Musicale de Bourges.

A obra Rimbaudiannisia MCMXCV recebeu, em 1996, o Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores da UNESCO e foi apresentada, em estréia brasileira, durante a XII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, no Rio de Janeiro.

Em 1997 ele ganhou uma bolsa da Fundação Rio-Arte para compor um Balé instrumental-eletrônico. Também em 1997 ele organizou e dirigiu o II Encontro de Música Eletroacústica, em Brasília, desta vez em caráter internacional. Na oportunidade foi realizada assembléia geral da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica quando Antunes foi reeleito seu presidente.

Em fevereiro 1998 ele é convidado pela Universidade de Aveiro, Portugal, para ministrar master-classes durante as Jornadas de Música Eletroacústica. Em junho de 1998 foi convidado pelo Instituto Goethe e pelo grupo Músicos Contemporáneos de Córdoba, Argentina, para ministrar conferências e realizar concertos com suas obras.

Também em 1998 ele recebeu o prêmio Estancias 1998 do Ministério da Cultura do governo espanhol. Com este prêmio Antunes ministrou master-classes no Laboratorio de Informática y Electrónica Musical (LIEM) de Madrid, onde ele trabalhou durante o período julho-agosto realizando novas obras eletroacústicas. Na II Bienal de Música Eletroacústica do Estado de São Paulo (II BIMESP), realizada em outubro de 1998 e que comemorou os 50 anos da música eletroacústica, Antunes recebeu homenagem especial como precursor deste tipo de música no Brasil.

No biênio 1999/2000 Antunes escreveu duas grandiosas obras coral-sinfônicas por ocasião dos festejos dos 500 anos do Brasil: Cantata dos Dez Povos, encomenda da Universidade de Brasília, e Sinfonia em Cinco Movimentos, encomenda do Ministério da Cultura. Em 1999 participou do Festival da SIMC, na Romênia, onde regeu a Orquestra Sinfônica de Iasi apresentando sua Rimbaudiannisia para coro infantil e orquestra.

Em outubro de 2001 Antunes representou mais uma vez o Brasil no Festival da SIMC, na cidade de Yokohama no Japão. Para esse festival foi selecionada sua obra eletroacústica Hombres tristes y sin título rodeados de pájaros en noche amarilla, violeta y naranja. Após a estada no Japão, Jorge Antunes esteve em Paris onde apresentou concertos monográficos de suas obras, realizou conferências na Sorbonne, Université de Paris VIII, e realizou obras novas, sob encomenda, no Estúdio 116 do GRM na Radio France.

Em 2002, no ano em que foram comemorados os 60 anos de nascimento de Jorge Antunes, o compositor recebeu homenagens significativas em várias partes do mundo. Em junho, a convite da Fundação Gaudeamus de Amsterdam, Antunes esteve na Holanda onde foi homenageado com vários concertos monográficos de suas obras. Em julho de 2002 Antunes recebeu, do ministério da Cultura da França, o título de Chevalier des Arts et des Lettres, um dos mais importante títulos honoríficos outorgados pelo governo francês. Em setembro de 2002 a Assembléia Legislativa do Distrito Federal, Brasil, outorgou a Antunes o título de Cidadão Honorário de Brasília.

Em 2003 a editora Sistrum publicou uma biografia de Jorge Antunes escrita por Gerson Valle, intitulada: Jorge Antunes, uma trajetória de arte e política. No mesmo ano alguns CDs monográficos, com obras de Antunes, foram publicados pela Academia Brasileira de Música, pela gravadora Mode Records de Nova York, pela Editora da UnB e pelas Edições Paulinas-Comep de São Paulo. Em novembro de 2003 Jorge Antunes organizou e coordenou o III Encontro Internacional de Música Eletroacústica, em Brasília. Na Assembléia Geral da Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica, SBME, Antunes foi reeleito presidente para a gestão 2004-2006.

Entre abril e agosto de 2004 Jorge Antunes passou uma temporada na Europa, estreando suas novas obras e dando conferências na França, na Áustria e na Alemanha. Em novembro de 2004 Jorge Antunes estará participando pela décima terceira vez do Festival da SIMS (Sociedade Internacional de Música Contemporânea), que este ano se realizará na Suiça. A obra brasileira selecionada pelo júri do Festival foi Eoliolinda, escrita por Antunes em 2001 para uma Orquestra de Flautas.

Em 2005 Jorge Antunes publicou, com o apoio da SACEM, Paris, un CD com sua obra monumental Cantata dos Dez Povos. No mesmo ano ele recebeu homenagens em Crest, França, durante o Festival Futura, em que foi organizado um concerto intitulado Portrait Jorge Antunes. Ele publicou também um outro CD, com o apoio da Associação de Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), com a gravação do registro histórico de sua obra Sinfonia das Diretas. Seu terceiro livro da série "Sons Novos" foi publicado pela Editora Sistrum, com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura do governo do Distrito Federal.

Também em 2005, o cineasta Carlos Del Pino fez o longa metragem intitulado "Maestro Jorge Antunes, Polêmica e Modernidade", com o apoio do projeto Doc-TV do Ministério da Cultura e da Radiobrás. O filme narra a saga de Antunes desde sua juventude no bairro proletário do Rio de Janeiro, atuante na política estudantil, como compositor engajado na luta por justiça social, até sua projeção internacional como compositor de vanguarda. Esse filme foi transmitido nacionalmente em toda a rede de televisões educativas brasileiras em novembro de 2005.

Em 12 de abril de 2006 foi estreada sua obra Blaue Elegie für Nikolaus von Myra, para mezzo-soprano e oito violoncelos. A composição tem 25 minutos de duração e foi encomendada pela fundação Stichting Dijkverzwaring, da Holanda, para o Cello Octet Conjunto Ibérico dirigido pelo Maestro Elias Arizcuren. O concerto foi realizado no novíssimo teatro de Amsterdam, o Muziekgebouw aan 't IJ. A solista foi a mezzo-soprano holandesa Gerrie de Vries.

Em outubro de 2006 sua ópera Olga foi estreada na programação oficial do Theatro Municipal de São Paulo. Em 2007 Jorge Antunes foi contemplado com o prêmio Bolsa Permanente da Fundación Carolina de Madri, Espanha e recebeu encomenda da Orchestre de Flûtes Français, dirigida por Pierre-Yves Artaud, para compor um concerto para saxofone barítono e orquestra de flautas. A estréia mundial dessa obra foi realiada em 13 de março de 2008, na Salle Alfred Cortot, em Paris. O solista foi o saxofonista Claude Delangle e o regente foi o próprio Jorge Antunes.

Durante sua estada em Madri e em Paris, no primeiro semestre de 2008, Jorge Antunes realizou vários concertos e palestras, destacando-se o concerto monográfico de suas obras no novo Auditório do Museo de Arte Reina Sofia, em Madri, e concertos e palestras na Université de Paris VIII, em Paris. Em 2009 Antunes foi premiado pela Funarte com a Bolsa Estímulo à Criação Artística, para compor um Poema Sinfônico em homenagem ao centenário de Mestre Vitalino. A obra, intitulada O Massapê Vivo, será estreada em final de outubro de 2009, durante a XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, no Rio de Janeiro. Em 2010 criou o Grupo Ópera de Rua.

Prêmios obtidos:

Premio Città di Trieste 1970; Prêmio da Fundação Sigma-Alfa-Yota Interamerican Music Awards 1970; Prêmio Angelicum di Milano 1971; Prêmio AVRO da Semana de Música Contemporânea Gaudeamus 1971; Premio Riccardo Zandonai de Rovereto 1971; Prêmio do Concurso Nacional de Composição Musical do Rio de Janeiro 1972; Prêmio do Concurso Nacional de Composição Biênio da Colonização e Imigração do Rio Grande do Sul 1975; Prêmio do Concurso Nacional de Composição para Violão 1976; Prêmio do Concurso Nacional de Composição da Paraíba 1976; Prêmio Funarte, Rio de Janeiro, 1983; Prêmio Vitae, São Paulo, 1991; Prêmio APAC de Brasília (Música para Teatro) 1991; Prêmio de Recomendação da Tribuna Internacional de Compositores, UNESCO, Paris, 1993; Prêmio Música Criativa, Londrina, Brasil, 1994; Prêmio de Recomendação da Tribuna International de Compositores, UNESCO, Paris, 1996; Bolsa Rio-Arte 1997, Rio de Janeiro; Prêmio Estancias 1998, Madrid; Chevalier dans l'Ordre des Arts et des Lettres, França, 2002; Cidadão Honorário de Brasília, Assembléia Legislativa, DF, Brasil, 2002; Condecoração 33 Anos de UnB, Reitoria da Universidade de Brasília, 2005. Condecoração UnB 45 Anos, Reitoria da Universidade de Brasília, 2007; Beca de Permanencia de la Fundación Carolina, Madrid, España, 2007; Bolsa de Estímulo à Criação Artística, Funarte, 2009.

Principais concertos e festivais:

Tribuna Internacional dos Compositores, Paris, 1967; I Festival Interamericano de Música do Rio de Janeiro, 1967; I Festival de Música da Guanabara, 1969; Semana de Música Gaudeamus, Amsterdam, 1971; Festival da SIMC, Londres, 1971; Festival da SIMC, Graz, 1972; XX Olimpíada München Festival, 1972; VI Autunno Musicale di Como, 1972; Festival da SIMC, Reykjavik, 1973; Semana de Música Gaudeamus, Hilversum, 1973; Tribuna Internacional dos Compositores, Paris, 1973; I Encontro Internacional de Arte Contemporânea, La Rochelle, 1973; Décimo Diorama da Música Contemporânea, Genebra, 1973; VIII Bienal de Paris, 1973; II Encontros Internacionais de Arte Contemporânea, La Rochelle, 1974; Steierischer Herbst, Graz, 1974 ; IX Autunno Musicale a Como, 1975; Festival de Orsay, 1975; Musikfestival im Altmuhltal, Frankfurt, 1976; VI Festival de Música Contemporânea de Dublin, 1976; I e II Simpósio Internacional de Compositores, São Bernardo do Campo, 1977 e 1979; Festival da SIMC, Israel, 1980; Festival da SIMC, Graz, 1982; Festival da SIMC, Montréal, 1984; Festival Aspekte, Salzburg; 1992; Festival da SIMC, Varsóvia, 1992; Tribuna Internacional de Compositores, Paris, 1993; Festival Internacional Synthèse de Música Eletroacústica, Bourges, 1994; Festival Futura, Crest, 1994; XXV Festival de Campos do Jordão, São Paulo, 1994; XIV Festival de Música de Londrina, Brasil, 1994; Festival Présences 1995, Paris; Festival Internacional Synthèse de Música Eletroacústica, Bourges, 1995; 9º Festival Latinoamericano de Música, Caracas, Venezuela, 1995; Festival Futura de Crest, France, 1995; Cycle Acousmatique Son-Mu 96, GRM, Paris, 1996; Tribuna Internacional de Compositores, Paris, 1996; Festival da SIMC, Copenhagen, 1996; II Encontro de Música Eletroacústica, Brasília, Brasil, 1997; International Computer Music Conference, ICMC'97, Tessaloniki, Grécia, 1997; Ciclo de Música Experimental / Hacia las Fronteras del Mercosur, Córdoba, Argentina, 1998; Jornadas de Música Eletroacústica de Aveiro, Portugal, 1998; V Jornadas de Informática y Electrónica Musical, Madrid, 1998; II BIMESP, Bienal de Música Eletroacústica do Estado de São Paulo, 1998; Festival da SIMC, Romênia, 1999; Festival Futura, Crest, França, 2000; Festival Musikorama, Hong-Kong, 2000; Festival da SIMC, Yokohama, Japão, 2001; Festival Jorge Antunes, Zwölle, Holanda, 2002; IIIème Rencontre Internationale de Musique Électroacoustique, Brasilia, Brésil, 2003; Festival da SIMC, Suiça, 2004; Festival Multiphonies, Paris, GRM, 2004; Portrait Jorge Antunes, Festival Futura de Crest, France, 2005; XVII International Music Festival of Morelia, Mexico, 2005. Festival Internacional de Linguagem Eletrônica FILE 2007, São Paulo; Festival de Música Contemporânea Gendai-Ongaku, Japão, 2007; Conciertos del LIEM, Madrid, 2008; Festival Futura, Crest, 2009; EMS09, Buenos Aires, 2009; Festival Futura de Crest, France, 2009; XVIII Bienal de Música Brasileira Contemporânea, Rio de Janeiro, 2009: XVI Festival Latinoamericano de Música, Caracas, Venezuela, 2010; XVI Festival Latinoamericano de Música, Caracas, Venezuela, 2010; Festival Resonancias de la Modernidad “50 Años del CLAEM - Di Tella”, 2011, Buenos Aires, Argentina.