quarta-feira, 30 de junho de 2010

Julho, mês dos Festivais.

Como acontece todos os anos, seguindo a iniciativa do Maestro Eleazar de Carvalho ao idealizar o Festival de Música de Campos de Jordão, o mês de julho oferece, a quem se interessar, festivais de música erudita por todo o país.
Estes eventos proporcionam ótimas oportunidades tanto para quem quer aperfeiçoar seus estudos musicais quanto para quem gosta de bons programas de música erudita.
A fim de colaborarmos com os interessados nestes eventos, indicamos abaixo alguns deles e como obter informações sobre o que lhe interessar.

33º Festival de Prados – MG
De 18 a 31 de julho
Informações tel. (11) 5571-0120

X Festival de Música de Ourinhos – SP
De 18 a 25 de julho
www.ourinhosfestivaldemusica.com.br

X Festival de Inverno de Petrópolis – RJ
25 de junho a 18 de julho
www.dellarte,com.br/festival

7º Festival de Música de São José do Rio Preto – SP
De 18 de junho a 04 de julho
(17) 3211-9408

XII Festival Eleazar de Carvalho – PE
www.eleazarfundec.org.br

III Festival de Música de Câmara de Caxias do Sul – RS
De 11 a 16 de julho
www.ucs.br/ucs/orquestra

II Festival Virtuosi de Gravatá – PE
www.virtuosi.com.br

42º Festival de Inverno da UFMG – MG
De 20 a 29 de julho
www.ufmg.br/festival

25º Festival Internacional de Inverno da Universidade Federal de Santa Maria – RS
De 25 de julho a 1 de agosto
www.ufsm.br/festivaldeinverno

Festival de OuroPreto e Mariana – MG
Fórum das Artes
De 08 a 25 de jlho
www.festivaldeinverno.ufop.br

2º Festival Internacional Carlos Gomes – Campinas – SP
De 12 de julho a 1 de agosto
http://www.festgomes.com.br/

Festival de Inverno Serra do Itapety Mogi das Cruzes – SP
De 10 de jlho a 1 de agosto
www.culturapmmc.com.br

Boa Sorte


Revista Concerto – Julho 2010

Coral na Praça 2010

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Teatro São Pedro de São Paulo


2º Concerto da Orquestra do Theatro São Pedro
30 de junho às 20:30

Ópera Francesa
Regência Emiliano Patarra
Taís Bandeira, soprano
Adriana Clis, mezzo
Atalla Ayan, tenor
Douglas Hahn, barítono


Theatro São Pedro,
R. Barra Funda, 177
São Paulo - SP

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O Trompete

Antiqüíssimo e bastante empregado em diversas culturas pelo globo, o trompete ganou especial relevo tanto na Mesopotâmia das narrativas bíblicas quanto no velho Egito. Sempre ostentou versatilidade: nas civilizações antigas, servia, para anunciar o começo de uma batalha ou, entre outras funções, chamar a atenção dos fiéis para uma cerimônia religiosa; no “Apocalipse”, 12 anjos utilizam o trompete para anunciar os sinais do final dos tempos. Mais próximo à atualidade. Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-47) conferiu ao trompete um tema alegre, em sua abertura da marcha nupcial de Sonho de uma Noite de Verão. Já Gustav Mahler (1860-1910) empregou o trompete como solista do movimento inicial se sua Quinta Sinfonia num andamento de uma aterradora marcha lenta “como um cortejo fúnebre”.
Há múltiplas formas de trompete, mas o empregado nas atuais orquestras sinfônicas é o chamado “moderno”. No passado, o tubo do instrumento era reto e portanto, bastante longo, com quase 2,5 m de comprimento. Foi a partir do Renascimento que se tubo pasou a ser enrolado sobre simesmo. Facilitando seu manuseio. E, desde meados do século XIX o trompete ganhou três pistões - o que lhe possibilitou produzir , cromaticamente, todos os sons que sua extensão permite, incluindo semitons.
Sem pistões, o chamado trompete “natural” só é capaz de produzir os harmônicos naturais de um som fundamental (essencialmente as notas de um acorde tonal).
Exemplares dessa espécie integram conjuntos instrumentais que se dedicam a “interpretações historicamente informadas” do repertório anterior ao século XIX - do Renascimento ao Barroco e ao Classicismo. Como era costume nesses períodos , a fim de recobrir todo a âmbito sonoro, vários instrumentos naturais (afinados de maneira distinta um doso outros) precisavam ser convocados; só assim se conseguia recobrir o campo de tessitura exigido por determinadas obras. É curioso o fato de, na primeira metade do século XVIII, os instrumentistas que recebiam melhor salário terem sido aqueles que se especializavam na execução dificílima dos pequenos e sueragudos trompetes, os clarinos. Logo depois, já na época da Haydn e Mozert, eeses intrumentos caíram em desuso e só voltaram a ser tocados pelos intérpretes “Historicistas” do século XX.

A Fisionomia do Trompete.

O trompete é um instumento de sopro de metal, que consta de um tubo - cilíndrico em três quartos de sua extensão, o qual se torna cônico, antes de terminar em um pavilhão. No outro extremo, por onde o instumento é soprado, o trompete possui um bocal (ou embocadura) em forma de taça. Os trompetes em Dó e em Si Bemol são utilizados com maior freqüência atualmente e, em ambos os instrumentos pode ser percebidos três registros distintos: grave, com sonoridade sombria; médio, com sons muito claros e brilhantes; e agudo, onde os sons podem se tornar até mesmo estridentes. Antes do metal, vários materiais foram empregados; tubo de cana, bambu, madeira ou osso, e até chifres de animais.
Na história da música ocidental, encontramos uma verdadeira pletora de obras nas quais o trompete, ou um grupo deles, desempenha papel de grande importância.
Do final do Renascimento, são especialmente extraordinárias as partituras dos Gabrielli (tio e sobrinho) para a “estereofônica” basílica de São Marcos, de Veneza. Durante o Barroco, quando o reino da música instrumental concertante expandiu-se por todoa a Europa, Torelli, Vivaldi, Handel, Bach, Telemann e Purcell, entre outros, dedicaram a ele belas obras. Já o período Clássico, entraram para o repertório dos grandes trompetistas, sobretudo, os concertos de Mozart (pai) e Haydn (os irmãos Michael e Joseph). E se durante o Romantismo o trompete foi quase esquecido, a parte um concerto de Hummel e muitas obras no gênero “divertimento leve”, no século XX ele recobrou a imaginação de compositores com força redobrada. Devemos a compositores como Stravinsky, Hindemith, Tinsné, Schimit, Ligeti, Henze, Zimmermann, Berio, Rihm, Scelci, Takemitsu e Kagel uma soma de obras originais, em que o trompete é presença preponderante.

PROGRAMA DE CONCERTO DA OSESP

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo renova contrato de gestão com a Fundação Osesp

Foi assinada a renovação do contrato de gestão da Fundação Osesp com a Secretaria de Estado da Cultura. A validade do contrato é de cinco anos, desde 2010 até 2014, assegurando a continuidade dos trabalhos da Orquestra e de todos os demais quadros da Fundação Osesp. Nas metas do novo contrato, a Osesp assumiu também o compromisso de ampliar suas já consolidadas atividades de formação de plateia e democratização do acesso à cultura.
A renovação do contrato de gestão comprova o sucesso do projeto da Fundação Osesp. Nosso compromisso é fomentar o crescimento da música sinfônica no país, incentivando também projetos de formação, educação e cidadania, com uma gestão profissional e transparente.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Missa Solene na Cadetral da Sé em honra de São Josemaria Escrivá

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No próximo sábado, dia 26 de junho, o Voz Ativa Madrigal, como acontece todos os anos desde a canonização de São Josemaria Escrivá, participará da Solene Concelebração Eucarística em honra do Santo.
A missa, que no ano anterior recebeu mais de quatro mil fiéis, terá início às 10H00 na Catedral da Sé, na Praça da Sé, centro de São Paulo.

Serviço:
Concelebração Eucarística em Honra de São Josemaria Escrivá
Sábado, 10H00
Cadetral da Sé
Praça da Sé S/N
São Paulo - SP

terça-feira, 22 de junho de 2010

Neschling tenta outra vez

Companhia de ópera do polêmico ex-diretor da Osesp é adotada pelo governo federal e inicia no dia 24 turnê pelo país; ao custo de R$ 10,4 milhões, “O Barbeiro de Sevilha” tem cenário de desenhos animados

Dezessete meses após ser demitido da direção da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), por desentendimento com o então governador José Serra, o maestro John Neschling estréia novo trabalho no Brasil.
Trata-se de “O Barbeiro de Sevilha” (1815), peça que marca também o primeiro trabalho da Companhia Brasileira de Ópera.
“Tentei encontrar algo que o Brasil precisasse, e não era outra Osesp. Daí essa ópera” diz Neschling, que hoje rege orquestras em vários países da Europa como free-lance.
A ópera estréia em Belo Horizonte no dia 24 e passa, até novembro, por 15 cidades brasileiras. A companhia é um esforço conjunto do maestro com o diretor-executivo José Roberto Walker, ex-gestor financeiro da Secretaria da Cultura do Estado nos anos 90 e um dos responsáveis por trazer Neschling para a Osesp em 1996.
A idéia foi adotada pelo Ministério da Cultura, que pagou metade dos R$ 10,4 milhões exigidos pelo projeto. O resto foi bancado pela Petrobras e pelo BB.
“A relevância cultural de nosso trabalho agora será avaliado pela opinião pública”. Diz Walker. “Espero que possamos fazer outra montagem no ano que vem, independente do partido que estiver no governo”.
A preocupação é natural já que, demitido pelo PSCB, Neschling e Walker encontraram agora refúgio no governo federal do PT.
Situação que pode ser invertida nas eleições deste ano. “Não tenho nada contra o PSCB, meu problema é com o Serra” diz Neschling. . “Sou um artista. E será desastroso para a área cultural se ele for eleito presidente.”
O Barbeiro de Sevilha terá 85 récitas, a maioria com duas horas e meia (algumas são para o público infantil).
A companhia contra com 50 músicos e 24 cantores, que vão se alternar nas viagens. “Não foi possível fazer contratos fixos, ainda não temos estrutura para isso” diz Walker. Como cenário, uma tela reproduz um desenho animado com os personagens da ópera, que ganham vida e se materializam no palco. Os ingressos vão de R$ 1 a R$ 84.
“Embora poucos saibam, sou regente de ópera”, diz Neschling. Antes da Osesp. O maestro dirigiu casa de óperas na Suíça e na França.

Ivan Finotti
Folha de São Paulo – Ilustrada – 14/06/10


Agenda Companhia de Ópera

24 jun - Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG.
30 jun – Teatro do SESI – Porto Alegre – RS
14 jul – Teatro Pedro Ivo – Florianópolis – SC
21 jul – Teatro Positivo – Curitiba – Pr
29 jul – Teatro Amazonas – Manaus – Am
05 ago – Teatro da Paz – Belém – PA
25 ago – Teatro Santa Rosa – João Pessoa – PB
03 set – Teatro Nacional – Brasília – DF
10 set – Teatro Tobias Barreto – Aracajú - SE
15 set – Teatro Castro Alves – Salvador – BA
22 set – Teatro Santa Isabel – Recife – PE
20 out – Teatro Coliseu Santista – Santos – SP
26 out – Teatro Alpha – São Paulo – SP
20 nov – Teatro Pedro II – Ribeirão Preto – SP
34 nov – Teatro Municipal – Rio de Janeiro - RJ

Colaborou: Edison Matos

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Jundiai promove "Concerto de Inverno no Solar"

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Osesp Itinerante visita as cidades de Jaboticabal e Barretos

Este mês, o projeto Osesp Itinerante estará nas cidades de Jaboticabal e Barretos para uma série de atividades didáticas e apresentações musicais gratuitas.

No dia 27 de junho, o projeto leva o Coro de Câmara da Osesp à cidade de Jaboticabal. O grupo se apresentará sob regência de Naomi Munakata no Cine Teatro Municipal, às 19h. No repertório, obras de compositores brasileiros, como Marlos Nobre, Ronaldo Miranda e Luiz Gonzaga, e do repertório sacro, como Exultate Deo, de Alessandro Scarlatti, entre outras.

Entre os dias 28 de junho e 1° de julho, a Osesp Itinerante estará em Barretos com apresentações do Coro de Câmara e dos quintetos de Cordas, Sopros e Metais, formados por músicos da Osesp - os integrantes destes grupos também ministrarão oficinas de instrumentos* durante a permanência do projeto na cidade.

* Para as oficinas, é recomendável levar o próprio instrumento.

A turnê Osesp Itinerante conta com o patrocínio da Volkswagen e correalização do SESCSP. Mais informações para o público local podem ser obtidas nas unidades do SESC: (16) 3977 4477 (Barretos).

Osesp Newletter - junho 2010

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Chopin - Uma vida em uma noite


Em pleno bicentenário de seu nascimento, Fredéric Chopin, um dos principais compositores e um dos mais consagrados pianistas da história musical, será homenageado no Club Transatlântico.

Será no próximo dia 22 de junho, às 20h, com o evento: Aula concerto “Uma noite na vida de Chopin”, com o maestro Alexei Lisounenko. No evento o público sai da passividade de ouvinte e passar a interpretar a música e a vivenciar o que o compositor e o intérprete experimentam, quando executam uma obra. Os ingressos custam R$ 35,00 para sócios e R$ 45,00 para não-sócios.
O maestro é descendente das tradicionais famílias de músicos russos, Lisounenko e Medevedev, é formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e teve como mestres o maestro Lutero Rodrigues(UNESP) e a maestrina búlgara Maria Vassileva.
O Club Transatlântico surgiu há 56 anos como um espaço para reunir os alemães que viviam no Brasil e seus familiares. Hoje, situado na rua José Guerra, na Chácara Santo Antonio, zona sul de São Paulo, transformou-se num espaço de negócios e o complexo conta com uma completa infra-estrutura para eventos, inclusive os culturais e artísticos, além das opções de gastronomia, entre elas dois restaurantes e bar.
Serviço:
Uma vida em um noite
22.06.10 - 20H00
Clube Transatlantico
Rua José Guerra, 130
Chácara Santo Antônio
São Paulo SP
Informações e reservas (11) 2133 8600 ou
http://www.clubtransatlantico.com.br/

Encontro de Gerações em Diadema


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TE DEUM - ANTON BRUCKNER

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE- Unidade São Paulo.

PARCIVAL MÓDULO - REGENTE
EDNA D'OLIVEIRA - soprano
EDINEIA DE OLIVEIRA-mezzo
ERIC HERRERO-tenor
CARLOS EDUARDO BASTOS- baixo

Serviço:
Universidade Prestireriana Mackenzie
Rua da Consolação, 930
São Paulo SP
18/06/10 - 20H00

terça-feira, 15 de junho de 2010

VIII° Encontro de Música Antiga de Recife / Olinda


O Conservatório Pernambucano de Música (CPM) está preparando
o VIII° Encontro de Música Antiga de Recife / Olinda
(concertos, palestras, cursos de canto e instrumentos barrocos)

datas: de 4 a 11 de agosto de 2010
local : Convento de São Francisco em Olinda (PE)

Professores :

Xavier Julien Laferrière (França) - violino barroco
Karine Serafin (França) - canto barroco
Marc Perbost (França) - flauta doce & oboé barroco
Rosangela de Lima (PE/França) - flauta doce & flauta transversa barroca
Leonardo Loredo de Sá (RJ/França) - alaúde
Raquel Aranha (SP) - violino barroco & dança barroca
Mário Orlando (RJ) - viola da gamba & danças da renascença
Edmundo Hora (SP) - cravo & baixo contínuo
Homero de Magalhães Filho (RJ/França) - conjuntos vocais & instrumentais

Produção executiva : Roseane Hazin
Coordenação : Viviane Pimentel
Direção artística : Homero de Magalhães Filho

Maiores informações:
homrib-cpm2010@yahoo.com

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Brasil e sua música clássica

O Voz Ativa sempre teve como principal objetivo a interpretação de obras brasileiras. Para além deste objetivo, assumimos uma meta um tanto quanto ousada, mas que é, sem dúvida, um dos principais motivos de nossa existência. Em nossa opinião o Brasil carece de personalidade quando se propõe a interpretar Música Popular Brasileira em canto coral, o que nos impulsionou a buscá-la. A complexidade desta proposta, nossas experiências e a grande dificuldade encontrada na busca de resultados neste sentido serão, em momento oportuno, participada com nossos leitores. Para que pudéssemos colocar em prática o que nos propúnhamos o primeiro passo foi identificar os motivos que promoviam tal interpretação. Hoje estou convicto que um dos principais motivos, se não o principal, para esta incapacitação dos interpretes brasileiros está intimamente vinculado ao processo didádico-pedagógico que norteia a maioria dos professores de canto no Brasil caracterizado, principalmente, por um acentuado preconceito com a nossa música e uma exacerbada exaltação a produção européia e, com menos entusiasmo, a produção americana.
No entanto, apesar de termos a sensação que estamos remando contra a maré, temos encontrado com certa regularidade, no que diz respeito ao descaso generalizado com nossa produção erudita, a mesma preocupação em importantes personalidades de nossa música.
John Neschiling, no Programa de Concerto de julho de 2008, no texto de apresentação desta edição, externou seu descontentamento com este procedimento e sua preocupação em mudar este lamentável perfil. Gostaríamos de partilhar com nossos leitores que não tem acesso a estes programas esse, talvez despretensioso texto, mas que proporciona a quem se interessar importante material para reflexão.

“Quando ainda estudava no ginásio, no Rio de Janeiro, tínhamos no currículo a matéria Canto Orfeônico, introduzida por Villa-Lobos. Tínhamos um professor que ensinava uma linguagem manual intitulada “manossolfa” e fazia ditados melódios cuja melodia dificilmente captávamos. Cantávamos os hinos Nacional e da Bandeira , da Independência e da República, e errávamos sistematicamente as melodias, adaptando-as à lógica dos simplistas musicais, jamais ignorando as belezas melódicas e harmônicas inventadas por Francisco Braga, Francisco Manoel da Silva, ou Leopoldo Miguez. O que importa, no entanto, é que tivemos a noção de que existia uma música brasileira, além daquela que ouvíamos no rádio, e que havia compositores com estes nomes bonitos como Barrozo Neto, Luciano Gallet e Alexandre Levy, cujas as obras (diziam os livros) também eram importantes. Desde aquela época tive enorme interesse em conhecer essas maravilhas escondidas pela ‘história do pouco caso’ que dedicamos a nossa criação musical clássica. Durante décadas foi tremendamente difícil ouvir essas obras. Vez por outra, nos concertos da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira) dirigida por Eleazar de Carvalho, aos quais, na minha infância e juventude, assistia religiosamente, eram apresentadas algumas peças brasileiras. Quase sempre eram exibidas como introdução aos concertos e recebidas com muito escárnio pelo público que esnobavam os “batuques e congadas” “maracatus e modinhas”, desprezando essas composições nativas e amando as oras européias, muitas das quais indignas dessa adoração.
Mais tarde, quando estudava música na Europa e nos EUA, percebi o interesse com que eram estudados e ouvidos os compositores de cada país, mesmo que fossem gênios celebrados pela humanidade. A França cultivava Satie e D’Indy, os austríacos estudavam Harmann e Schimnidt, na Itália ouvia Renzetti e Malipiero e nos EUA foi apresentado a Ives e Schumann (William, por favor...).
Por que no Brasil não se ouvia Nepomuceno, Lobo de Mesquita, Gallet e Fructuoso Vianna?
Nos anos setenta foi convidado a reger na China. Muito antes da abertura que caracteriza a China atual, fui ensaiar num país recém-saído da Revolução Cultural que o mantivera num isolamento criativo durante longos anos. Resolvi levar uma obra brasileira e escolhi a segunda das Bachianas Brasileiras, de Villa. Onde conseguir o material? Os chineses não pagavam direitos autorais, e fui pedir permissão a Dona Mindinha para executar a obra nestas circunstâncias. A viúva de Villa não só permitiu como me emprestou o material de orquestra do Museu Villa-Lobos, recém-criado. Ao chegar à frente da Orquestra de Pequim, fiz um discurso emocionado, afirmando o meu orgulho por ser o primeiro regente brasileiro a executar na China uma obra-prima do nosso compositor maior. Pus o material nas estantes e comecei a ensaiar. Notei que alguns músicos tinham grande dificuldade em acertar as notas. Parava constantemente e corria os erros no oboé, no clarinete, nas cordas ou no saxofone. O meu intérprete dizia coisas em chinês que eu não entendia, e os músicos continuavam a tocar errado. Sem saber o que fazer, pedi para as partes dos instrumentas, que, evidentemente, não havia revisado. Notei imediatamente que estas vinham eivadas de erros de cópia e que os pobres músicos estavam tocando o que liam. Profundamente envergonhado, tanto por mim como por meu país, que demonstrava assim um descaso quase criminoso com sua criação artística mais genial e que eu havia anunciado com pompa antes do trabalho, propus trocar o programa. Os músicos chineses, ao notarem o meu desconforto, tomaram uma atitude excepcional: após fazerem tantas cópias quanto necessárias da partitura do regente (que eu havia corrido antes de viajar), cada um dos instrumentistas levou o seu material para casa e, no dia seguinte, tive uma leitura impecável da Segunda Bachiana e do nosso Trenzinho Caipira com percussão e tudo.... Prometi a mim mesmo , naquela ocasião, que, se alguma vez tivesse oportunidade de pesquisar e editar corretamente obras do nosso imenso repertório de composições clássicas, que se estende desde o século XVIII aos nossos dias ininterruptamente, faria isso com energia e dedicação. (...)”
Reprodução parcial do Texto de John Neschilng editado no Programa de Concerto da Osesp Junho/Julho de 2008. p. 8-9

quinta-feira, 10 de junho de 2010

VII Festival de Música Clássica São José do Rio Preto

Inscrições: até 15 de junho de 2010


Baixar o arquivo de inscrição no link: www.festivalemusica.com.br/download/FormIncricao_2010.doc

Enviar para:
contato@accessorizze.com.br ou martha@accessorizze.com.br

Cursos:
Violino, viola, violoncelo, canto lírico (*), contrabaixo, sopros e metais, piano e pedagogia musical.
(*) O curso de canto lírico com a professora Martha Herr estará condicionado ao número de inscritos. Os interessados devem proceder a inscrição, encaminhar email a direção do festival e aguardar as informações para proceder sua inscrição com segurança. Não efetuem nenhum pagamento para este curso ate sinalização da direção.

Taxas:
R$ 50,00 por curso + 25,00 de alojamento (caso necessário) para todo o período
Grade dos docentes: www.festivalemusica.com.br/grade_docente.asp

Maiores Informações:
(17) 3211 9408.


Curadoria e Direção Executiva:
Martha Lucia Patriani D’Andrea

Coro da Camerata Antiqua de Curitiba: audições para novos integrantes.


Vagas disponiveis:

Soprano – 01 vaga Adicionar imagem
Contralto – 01 vaga
Tenor – 01 vaga
Baixo (profundo) – 01 vaga

Direção Artística: Wagner Polistchuk
Inscrições: 1º de junho a 02 de julho de 2010
Edital:
www.icac.curitiba.org.br
http://camerataantiquadecuritiba.blogspot.com
www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br
Informações: (41) 3223-5710

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Teatro São Pedro de São Paulo, faz concerto de estréia de sua orquestra


Na próxima quinta feira dia 10 de junho ás 20:30 horas a estreia da Orquestra do Teatro São Pedro e Coro de 70 cantores também do Theatro São Pedro.
Programa em homenagem a Carlos Gomes.
Uma realização do Governo do Estado de São Paulo com produção e direção artística: APAA - Associação Paulista dos Amigos da Arte.
Regência: Roberto Duarte
Coro: Mara Campos.
Solistas: Adriane Queiroz, Lício Bruno, Saulo Javan e Sergio Weintraub.

Serviço:
Theatro São Pedro
Sala Principal - 636 lugares (balcão 1 - 110, balcão 2 - 124, platéia - 396); 06 lugares para deficientes físicos na platéia (sendo 3 p/ acompanhantes)
Rua Barra Funda, 171 - Barra Funda
São Paulo - SP
Estações do Metrô Próximas: Marechal Deodoro
Ar-condicionado
Acessibilidade para Pessoas com Necessidades Especiais (exceção para os balcões 1 e 2)
Ingressos: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Indicação Etária: LIVRE
Informações: (11) 3667-0499 (de quarta a domingo, das 14h até 19h)
Horário da bilheteria: de quarta a domingo, das 14h às 19h ou até o início do espetáculo; para os concertos matinais aos domingo, abertura às 10 horas
Cartões: Visa e Visa Electron
Venda Antecipada: www.ingressorapido.com.br / (11) 4003-1212.

Orquestra Filarmônica Metropolitana e Voz Ativa Madrigal, interpretam Flávio Romano


Hoje as 21h00, no Teatro Santa Cruz a Orquestra Filarmônica Metropolitana e o Voz Ativa Madrigal participam do Flávio Romano in Concert. Todo o Concerto é dedicado a obras de Flávio Romano, que também participará interpretando ao piano algumas de suas obras.
O concerto terá participação especial do Ballet Contemporâneo da Associação AJPS

Serviço:
Flávio Romano in Concert
09, jun, 2010 - 21h00
Teatro Santa Cruz
Rua Orobó, 277 - Alto de Pinheiros
(serviço de Vallet)
Informações e ingressos: 3168-9808

Sons da Cidade - Jundiai


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Feriado




Devido ao feriado, amanhã e sexta-feira não haverá edição em nosso blog.
Desejamos a todos um super feriado, cheio de alegrias e muito descanso.
Retomamos nossas atividades na próxima segunda-feira.

Natalia Miranda
Secretaria.

Padre José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830)


Seja pela quantidade, seja pela qualidade das obras, o padre José Maurício Nunes Garcia distingue-se como o grande compositor brasileiro de todo o período colonial.
Tendo atuada em época imediatamente posterior à da rica música mineira produzida durante a fase áurea de extração do ouro (séc. XVIII), sua obra possui linguagem particular, facilmente reconhecível e que se destaca da espécie de estilo comum que pode ser encontrado nos autores mineiros e mesmo hispano-americanos.
José Maurício viveu dias de glória, mas morreu em dificuldades. No entanto, ao contrário de outros compositores, sua figura nunca foi totalmente esquecida. Ele conquistou sucessivos admiradores que procuraram preservar sua memória, mas foi a partir da década de 1940, que sua vida e obra passaram a ser objeto de longos e aprofundado estudo da musicóloga Cleofe Person de Mattos que, além de transcrever e promover a execução de suas peças, editou um catálogo delas e uma biografia que até hoje é referência para quem deseja saber mais sobre o compositor. Mais recentemente, pesquisadores como André Cardoso e Ricardo Bernardes têm contribuído para recolocar sua ora em circulação.
Neto de escravos, José Maurício Nunes Garcia nasceu no dia 22 de setembro de 1767. Seu pai falece alguns anos depois e é sua mãe quem cuida de sua educação: José Maurício estuda filosofia, gramática, retórica, humanidades. Já sua formação musical fica a cargo do músico mineiro Salvador José de Almeida Faria. É provável que Salvador tenha transmitido ao futuro padre um pouco das tradições musicais de seu estado, além da técnica de compositores italianos e portugueses do séc. XVII. Em 1782, aos 16 anos, José Maurício compõe sua primeira obra, Tota Pulchra es Maria, uma antífona escrita para soprano, flauta, coro e orquestra de cordas. O jovem compositor já devia ter uma atividade profissional consistente, sabe-se que ele dava aulas desde os 12 anos, pois em 1784 é um dos fundadores da irmandade de Santa Cecília, destinada a reunir os “professores da arte da música” do Rio de Janeiro.
Aos 25 anos, José Maurício Nunes Garcia é ordenado padre. Para Cleofe Person de Mattos, a escolha pela carreira eclesiástica foi menos uma vocação do que um recurso para alcançar status no campo da música, superando as dificuldades decorrentes do “defeito da cor”. Segundo André Cardoso, esse seria o único meio que poderia levá-lo ao posto de mestre-de-capela. De fato, em 1798 José Maurício assume tal função na Sé do Rio de Janeiro, e nos dez anos seguintes desenvolve intensa atividade composicional, atuando ainda como organista e regente.
É também em 1798 que ele dá início a seu famoso curso gratuito de música, destinado a jovens pobres e que se transformará em futuro celeiro de profissionais da música no Rio de Janeiro. Mais tarde a iniciativa inspiraria um discípulo, Francisco Manuel da Silva, na criação de um grande estabelecimento gratuito de ensino musical: o Imperial Conservatório de Música (hoje Escola de Música da UFRJ). A atividade de professor não limitou só às aulas, tendo José Maurício escrito manuais teóricos, com destaque para o “Compêndio de música e método de pianoforte”, dedicado a seus filhos mais velhos Apolinário José e José Maurício Nunes Garcia Junior. Sim, filhos, pois desde pelo menos 1805 José Maurício era ligado a Severina Rosa de Castro que viria a ser mãe de seus seis herdeiros. José Maurício Júnior foi aluno de pintura de Debret e legou para a posteridade o único retrato de seu pai, que ilustra este texto.
Em 1808, fugindo das tropas de Napoleão, a família real e parte da corte portuguesa, liderada pelo príncipe regente D. João VI, refugiam-se no Brasil e o Rio de Janeiro vê-se elevado a capital do reino. São conhecidas as profundas transformações sociais e culturais que tal fato implicou, fazendo com que a cidade gradualmente se aproximasse dos padrões europeus. Modificações também são sentidas na vida musical, sendo criados o Teatro de Ópera e a Real Capela de Música, nos moldes da congênere lisboeta.
Começa a chegar ao Rio de Janeiro um número expressivo de cantores e instrumentistas, e José Maurício é designado por D, João mestre da Real Capela. Tem início então o mais profícuo período composicional do sacerdote-músico. E suas composições refletem uma renovação estilística, com o aproveitamento dos novos recursos vocais e instrumentais. “O que caracteriza este período como de transição é a síntese através da qual José Maurício adapta sua música e sua linguagem, obtendo um estilo hibrido em sua criação, ainda com resquícios fortes da primeira fase, mas já alçando vôos em direção ao estilo que iria caracterizar sua segunda fase; mais madura e moderna”, afirma Ricardo Bernardes. Entre 1808 e 1811, José Maurício compõe cerca de 70 obras, com destaque para a Missa de Nossa Senhora da Conceição para 8 de dezembro de 1810, a mais sofisticada e complexa das que havia composto até então e que revela um autor que, aos 43 anos, encontrava-se em plena maturidade.
Porém, esse período de bonança duraria pouco, já que em 1811 chega ao Rio Marcos Portugal, o mais célebre compositor português de sua época, para assumir as funções de diretor do Teatro de Ópera e compositor da Real. Sua chegada encerra o período de José Maurício à frente da instituição, bem como ofusca o destaque que este havia adquirido como músico da corte, embora ele continuasse a compor ocasionalmente e a assumir solenidades menores. Cronistas da época deixaram registrado o clima de rivalidade que se instalou entre os compositores, mas o fato é que o estilo italianizado de Marcos Portugal agradava em cheio ao gosto da corte instalada no Rio.
Vale notar, nesse período, o contato de José Maurício com o compositor austríaco Segismund Neukomm, que entre 1816 e 1821 permaneceu no Brasil. A amizade estabelecida entre os dois foi relevante para a evolução da linguagem musical do sacerdote, fazendo com que ele tivesse a oportunidade de estrear no Brasil obras de Haydn e Mozart.
Embora continuasse escrevendo, a última década de vida de José Maurício foi de decadência física e econômica, a ponto de ter que fechar o curso gratuito que desde 1798 mantinha em sua casa. Sua última obra, escrita em 1826, foi a Missa de Santa Cecília, encomendada pela irmandade homônima e um de seus maiores legados artísticos. Em 1830, José Maurício falece em “extrema Miséria”, segundo Cleofe Person de Mattos.
Porém, se em sua época teve o talento ofuscado, o que se notou ao longo dos anos foi um contínuo interesse por suas obras, e hoje José Maurício figura com justiça entre os mais brilhantes compositores nascido no Brasil, ao lado de nomes como Carlos Gomes e Villa-Lobos

Tripas e crinas


A música erudita brota de processos altamente abstratos cuja condição primeira é a anotação sobre o papel: ela tem existência real mesmo antes de ser tocada.

A diferença entre música erudita e popular (duas denominações ruins, mas inevitáveis) é que uma é escrita, e a outra, não. Num velho filme brasileiro, intitulado “Quem roubou meu samba” (de José Carlos Burle e Hélio Barroso), o samba em questão devia ser assobiado continuamente para não ser esquecido. A música popular não depende da escrita; seus modos foi suficientemente simples para que a memória dê conta da ação criadora.
Ao contrario, a música erudita brota de processos altamente abstratos cuja condição primeira é a anotação sobre o papel. Salvo engano, é um caso único: ela tem existência real mesmo antes de ser tocada, independente do som concreto. Marcada numa partitura, pode ser lida em silêncio. Não há necessidade de que o compositor saiba tocar um instrumento qualquer (era o caso de Berlioz, por exemplo)
A grande música do Ocidente é, em primeiro lugar, “cosa mentale”. Para em seguida provocar os sentimentos mais vivos, as paixões mais violentas.

A cor da música

Jean-Jacques Rousseau abismava-se ao constatar que uns poucos fios de crina esfregados em cordas feitas com tripas de boi chegassem a provocar tanta comoção na alma. Falar dessas comoções não é nada simples. Muitos acreditam que uma análise meramente técnica e descritiva alcança o cerne da composição, e se arepiam quando as metáforas, grade recurso sugestivo, começam a despontar.
No entanto, elas, as metáforas, foram o grande modo de compreensão musical até o final do século 19, antes que um árido formalismo imperasse sem piedade nas musicologias. Compositores e literatos usavam os mesmos instrumentos literários ara se expressarem. Gunoud falava de serpentes se enrolando, ao descrever a abertura do “D. Giovanni” de Mozart, e Gaudelaire, sobre “Tanhäuser” dizia ver “gradualmente, por todas as transições de vermelho e de rosas, a incandescência da fornalha”.

Maneira de ser

Inaugurada em 1841, destruído por incêndio no século 19 e pelas bombas dos aliados no extremo fim da Segunda Guerra Mundial, o teatro Semperoper (Semper era o arquiteto), em Dresden, na Alemanha, preservou, miraculosamente, uma acústica incomparável pelas características de transparência sem dureza, deixando soar os harmônicos num conjunto que se entrelaça.
A Orquestra de Dresden possuía, ela também, sonoridade característica. Hoje, em São Paulo, Chicago ou Tóquio as orquestras não se distinguem: todas buscam sons rutilantes, impositivos. No passado era bem diferente, e as grandes formações individualizavam-se; por sorte, a Staatskapelle de Dresden manteve-se fiel a si mesma, e sua sonoridade inconfundível correspondente à bela sonoridade da sala.
Tudo parece natural, espontâneo, mesmo cândido, sem afetações. Nesses sons, há algo de azulíneo, adjetivo aqui autorizado pelos vermelhos de Baudelaire. Ela foi criada no século 16 e teve , entre seus maestros titulares, Weber, Wagner e Richard Strauss.

Outro dia

No Semperoper, segunda feira passada, houve um concerto, metade dedicado a Richard Strauss, metade à “Heróica” de Beethoven. O teceto que concluiu “O cavalheiro da Rosa” foi sublimemente cantado (Melanie Diener, Genia Kühmeier e Bernarda Fink) Neeme Järvi dirigi com maravilhosa liberdade nos andamentos; tudo fluía, numa narrativa cheia de expressões delicadas.
Alejo Carpentier escreveu que as mais belas e intensas emoções de sua vida o tomaram em poltronas, nas salas de concerto ou de ópera. Estava Aberto de razão.

Jorge Coli
Folha de São Paulo- Caderno Mais – 9/05/2010

Colaborou: Edison Matos.