Orquestra Sinfonica Brasileira (OSB), com a regência de Roberto Minczuk
RIO - Os 62 músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) formalizaram nesta quarta, 22, o pedido de afastamento de seu maestro e diretor artístico, Roberto Minczuk, junto à fundação que a administra. Insatisfeitos há algum tempo, os instrumentistas tomaram a decisão - unânime, segundo alguns deles -, na terça-feira, em assembléia. Apesar de garantirem que o próximo concerto, na Sala São Paulo, marcado para sábado, será realizado, eles sustentam que não aceitam mais ser regidos por Minczuk, que está no cargo desde 2005.
A insatisfação não vem de hoje, e se deve, conforme relatos informais (com medo de represálias, ninguém quer ter a identidade divulgada), ao fato de o maestro se ausentar com freqüência dos ensaios, por conta de suas múltiplas atividades - é diretor artístico do Teatro Municipal do Rio e da Filarmônica de Calgary, no Canadá.
O tratamento dispensado pelo maestro aos músicos é outro motivo de descontentamento (ele é tido como ríspido e autoritário), assim como o acordo coletivo apresentado a eles, com vigência a partir de janeiro de 2009, que prevê dedicação exclusiva à OSB, além do aumento da carga de trabalho. Eles também temem nova leva de demissões.
O maestro foi procurado pelo Estado na tarde desta quarta-feira, mas disse, através de uma assessora pessoal, que não se manifestaria enquanto não fosse oficialmente informado pela Fundação OSB sobre seu posicionamento. Na terça, Minczuk chegou a se reunir com os músicos, mas eles mantiveram sua posição. Já a assessoria da orquestra informou que o presidente da fundação, Eleazar de Carvalho Filho, chegará de Nova York nesta quinta, 13, e só então tomará conhecimento da situação.
Somente o conselho curador da OSB, formado por 12 pessoas, tem o poder de decidir sobre uma questão como essa. De acordo com a assessoria, o pedido dos músicos não havia sido formalizado até o fim da tarde de hoje. Preocupados, os instrumentistas esperam por um encontro com Carvalho Filho para expor suas razões. Fazem questão de assegurar que não se trata de uma greve, e que, portanto, tocarão normalmente no sábado (o concerto terá como convidado o violonista Yamandú Costa).
"O concerto de São Paulo vai sair de qualquer maneira. Quem pagou vai assistir a uma bela OSB", afirmou Ubiratã Rodrigues, violinista que preside a comissão dos músicos. Rodrigues prefere não dar declarações sobre os motivos que levaram ao pedido de demissão do maestro até que a fundação se pronuncie.
Uma das mais tradicionais orquestras do País, a OSB é mantida pela Vale e pela prefeitura do Rio. Há três anos, Minczuk assumiu o cargo no lugar de Yeruham Scharovsky (os músicos apoiavam outro nome). Na época, o regente disse estar realizando um sonho antigo, por ter estreado na OSB, como primeiro-trompista. Ele chegou com o status de ter sido regente associado da Filarmônica de Nova York, ter conduzido as filarmônicas de Israel e Londres e participado da revitalização da Osesp, como assistente do maestro John Neschling (hoje seu desafeto).
Conhecido por ser extremamente exigente - já foi chamado de o "Bernardinho da música erudita", na comparação com o técnico da Seleção Brasileira de Vôlei Masculino -, ele é reconhecido, por críticos e os próprios músicos, como responsável por uma melhora substancial da qualidade dos concertos da OSB. E também por ter conseguido elevar os salários.
O relacionamento com os músicos, no entanto, vem azedo há algum tempo, por conta de demissões e de seu temperamento. Minczuk foi alvo de outro pedido como o feito pelos instrumentistas da OSB, por parte dos corpos artísticos (orquestra, coro e balé) do Municipal. Os funcionários solicitaram seu afastamento também por suas ausências constantes.
Disponível em: http://www.estadao.com.br/arteelazer/not_art264532,0.htm
Acesso em: 22 de outubro 2008
Colabação: Luciana Pansa
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