Embora eu tivesse concordado com seu ponto de vista, minha experiência apontava para um outro foco. Já participei de projetos financiados com verbas públicas que se propunham a oferecer graciosamente música erudita para a uma fatia social que não tinha acesso a esta música e o que se percebia era um desinteresse em assistir ou participar de atividades que envolviam estas expressões artísticas. Os motivos desta realidade são múltiplos, mas esta é a atual realidade, motivo pelo qual me posicionei com ressalvas para o que apontava seu olhar.
No domingo passado estive na Sala São Paulo para assistir um concerto dos Coros de Câmera e Sinfônico da Osesp. Tal concerto fez parte do projeto “Concertos Matinais” promovidos pela instituição aos domingos às 11H00 a preços mais que populares (R$ 2,00 inteira e R$ 1,00 meia).
A sala estava completamente tomada por um público heterogêneo tanto no que diz respeito à classe social quanto à faixa etária. Via-se idosos, crianças de colo, estudantes, adolescentes, jovens, senhoras, excursão de escolas e, pelo que pude perceber em conversas alheias, muitos cantores de corais amadores.
O programa tinha como tema o ano Brasil França, com repertório composto por obras de compositores franceses do período romântico e do século XX que, como sabemos, embora seja baseado em harmonia tonal, ela se apresenta mais complexa o que a distancia do padrão que a mídia disponibiliza e que, por conseqüência, pode causar estranheza a ouvidos não acostumados.
Ao final do concerto o que se viu foi o público ovacionando o grupo de cantores e sua Maestrina, Naomi Munakata, comprovando que quem estava naquela sala sabia por que e para que ali estava.
Aquela manhã me fez duplamente feliz, uma sala de concertos repleta de jovens, muitos deles humildes, para ouvir um concerto de canto coral é motivo de regozijo. Fico então pensando que Robson Cavalcante estava correto em seu ponto de vista, existia efetivamente uma fatia de interessados que estava sendo exlcuída dado a maneira como estava sendo conduzida a comercialização dos ingressos e feliz estou porque houveram pessoas na administração da Osesp que sentiram este desajuste e tornaram este tão significativo projeto em realidade.
Ricardo Barbosa
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