Depois de testar a inovação durante o carnaval baiano do ano passado, o Ecad quer levar para as principais avenidas do país o "Ecad.Tec Som". O equipamento, que fica acoplado aos caminhões que carregam os músicos, possui um cartão de memória com autonomia para até 16 horas de gravação dos shows. Protegido por uma caixa de metal lacrada, o dispositivo é preparado para aguentar solavancos e esguichos de água. Encerrado o evento, o conteúdo da memória é transferido para um computador, para ser analisado e identificado pelo Ecad.
A maior vantagem do recurso é que ele dispensa a necessidade de manter um técnico de gravação ao lado do trio elétrico. Até o ano passado, um funcionário do Ecad tinha a ingrata missão de acompanhar de perto a cantoria durante toda a festa, com um gravador de fita cassete nas mãos.
Historicamente, o Carnaval é o evento mais representativo de execução musical do país para o Ecad, superando inclusive a temporada de fim de ano. Em 2008, as festas de fevereiro renderam R$ 10 milhões em recolhimento de direitos autorais, 11% a mais que no ano anterior. O período, diz Glória Braga, superintendente executiva do Ecad, é o que mais puxa o volume de shows realizados no ano. "Neste ano vamos instalar 250 gravadores digitais nos principais clubes, coretos e blocos de rua das regiões Sudeste e Nordeste", diz. "O objetivo é ampliar a arrecadação realizada no Carnaval em cerca de 10%, como fizemos em 2008."
No ano passado, o Ecad - que é uma entidade civil de natureza privada, formada por dez associações de músicos - arrecadou R$ 332 milhões, 10% a mais que no ano anterior. Desse montante, 18% fica com o Ecad e 7% com as associações que formam a entidade. O valor distribuído aos donos dos direitos autorais das músicas cresceu 8,4% e atingiu R$ 271 milhões. Ao todo, 73,7 mil titulares de canções foram beneficiados. Entre as obras contempladas, 73% foram nacionais e 27% estrangeiras.
Um dos segmentos que mais puxaram a captação de direito autoral foi o de shows e eventos, que saltou 25,6% em 2008, enquanto a coleta feita com emissoras de rádio subiu 14% e a de música ao vivo tocada em pequenos estabelecimentos, 10%.
Segundo o Ecad, a alta do segmento de shows ocorre porque a instituição tem ampliado sua capacidade de captação de eventos pelo interior do país e a maioria dos artistas tem suado a camisa para realizar shows, como forma de compensar o avanço da pirataria de CDs e DVDs. A situação gera um fenômeno, por assim dizer, paradoxal. A pirataria, mesmo que indiretamente, acaba ajudando a aumentar a arrecadação de direito autoral.
Em 2009 o Ecad pretende gastar R$ 7 milhões com tecnologia. O investimento, diz Glória, será usado para comprar novos equipamentos de gravação, que tendem a ser espalhados por estabelecimentos de todo o país.
Até o início do ano passado, todo o trabalho de gravação feito pela instituição dependia da atuação de 250 funcionários que, diariamente, partiam para as ruas para efetuar as gravações. O trabalho em campo continua, mas a operação está mais fácil. Nos últimos seis meses, esses profissionais trocaram seus gravadores convencionais por um equipamento composto por um computador de bolso, um telefone celular e uma impressora móvel. Não importa onde estiverem, é possível recuperar, em tempo real, o débito de determinado estabelecimento ou imprimir um boleto bancário no ato da visita.
Hoje, no banco de dados do Ecad, estão cadastrados cerca de 341 mil estabelecimentos que fazem uso de música, ao vivo ou mecanicamente. São mais de 279 mil titulares de música registrados, em uma lista que chega a 1,4 milhão de obras.
André Borges
Colaborou: Luciana Pansa
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