terça-feira, 22 de junho de 2010

Neschling tenta outra vez

Companhia de ópera do polêmico ex-diretor da Osesp é adotada pelo governo federal e inicia no dia 24 turnê pelo país; ao custo de R$ 10,4 milhões, “O Barbeiro de Sevilha” tem cenário de desenhos animados

Dezessete meses após ser demitido da direção da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), por desentendimento com o então governador José Serra, o maestro John Neschling estréia novo trabalho no Brasil.
Trata-se de “O Barbeiro de Sevilha” (1815), peça que marca também o primeiro trabalho da Companhia Brasileira de Ópera.
“Tentei encontrar algo que o Brasil precisasse, e não era outra Osesp. Daí essa ópera” diz Neschling, que hoje rege orquestras em vários países da Europa como free-lance.
A ópera estréia em Belo Horizonte no dia 24 e passa, até novembro, por 15 cidades brasileiras. A companhia é um esforço conjunto do maestro com o diretor-executivo José Roberto Walker, ex-gestor financeiro da Secretaria da Cultura do Estado nos anos 90 e um dos responsáveis por trazer Neschling para a Osesp em 1996.
A idéia foi adotada pelo Ministério da Cultura, que pagou metade dos R$ 10,4 milhões exigidos pelo projeto. O resto foi bancado pela Petrobras e pelo BB.
“A relevância cultural de nosso trabalho agora será avaliado pela opinião pública”. Diz Walker. “Espero que possamos fazer outra montagem no ano que vem, independente do partido que estiver no governo”.
A preocupação é natural já que, demitido pelo PSCB, Neschling e Walker encontraram agora refúgio no governo federal do PT.
Situação que pode ser invertida nas eleições deste ano. “Não tenho nada contra o PSCB, meu problema é com o Serra” diz Neschling. . “Sou um artista. E será desastroso para a área cultural se ele for eleito presidente.”
O Barbeiro de Sevilha terá 85 récitas, a maioria com duas horas e meia (algumas são para o público infantil).
A companhia contra com 50 músicos e 24 cantores, que vão se alternar nas viagens. “Não foi possível fazer contratos fixos, ainda não temos estrutura para isso” diz Walker. Como cenário, uma tela reproduz um desenho animado com os personagens da ópera, que ganham vida e se materializam no palco. Os ingressos vão de R$ 1 a R$ 84.
“Embora poucos saibam, sou regente de ópera”, diz Neschling. Antes da Osesp. O maestro dirigiu casa de óperas na Suíça e na França.

Ivan Finotti
Folha de São Paulo – Ilustrada – 14/06/10


Agenda Companhia de Ópera

24 jun - Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG.
30 jun – Teatro do SESI – Porto Alegre – RS
14 jul – Teatro Pedro Ivo – Florianópolis – SC
21 jul – Teatro Positivo – Curitiba – Pr
29 jul – Teatro Amazonas – Manaus – Am
05 ago – Teatro da Paz – Belém – PA
25 ago – Teatro Santa Rosa – João Pessoa – PB
03 set – Teatro Nacional – Brasília – DF
10 set – Teatro Tobias Barreto – Aracajú - SE
15 set – Teatro Castro Alves – Salvador – BA
22 set – Teatro Santa Isabel – Recife – PE
20 out – Teatro Coliseu Santista – Santos – SP
26 out – Teatro Alpha – São Paulo – SP
20 nov – Teatro Pedro II – Ribeirão Preto – SP
34 nov – Teatro Municipal – Rio de Janeiro - RJ

Colaborou: Edison Matos

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