Antonio Meneses ensaiando com Karajan (c.1984)
Antonio Meneses, um dos maiores violoncelistas brasileiros de todos os tempos e inegavelmente um dos grandes especialistas desse instrumento na atualidade, é o convidado especial da cerimonia de abertura do ano letivo na Escola de Música (EM). Ele ministrará a aula inaugural da instituição no próximo dia 16 de março, às 11 horas, na Sala da Congregação e abordará o tema "O violoncelo e a técnica da interpretação". O instrumentista é atualmente professor do Conservatório de Berna, na Suíça, e vem oferecendo nos últimos anos numerosos workshops e cursos de aperfeiçoamento na Europa, Américas e Japão.
Antonio Meneses ensaiando com Karajan (c.1984
Meneses faz cerca de oitenta apresentações por temporada, seja como solista de orquestra (a convite de regentes consagrados como Claudio Abbado e Sir Simon Rattle, para citar apenas dois), seja como integrante do conjunto de câmara Beaux Arts Trio. Embora viva há décadas no exterior, entre os Estados Unidos e países da Europa, vem ao Brasil com frequência para apresentações.
O músico começou a estudar violoncelo por influência do pai, trompista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1977, aos 19 anos, foi o vencedor do prestigiado Concurso Internacional de Munique e em 1982 do Concurso Tchaikovsky o que lhe valeu um convite para gravar ao lado do lendário Herbert von Karajan - um dos mais emblemáticos regentes do século XX. O encontro com Karajan foi decisivo para a carreira de Meneses, pois ampliou seu prestígio como intérprete e expandiu enormemente o público dos seus concertos e recitais.
"Eu notei logo que o importante para o Karajan era organização e a forma - a forma para ele era de uma importância imensa mesmo", lembra o músico, em sua biografia lançada no final do ano passado, os primeiros encontros com o carismático maestro.
O livro, cujo título é Antonio Meneses - Arquitetura da Emoção (Algol Editora), foi escrito pelos jornalistas João Luiz Sampaio e Luciana Medeiros a partir de quase sessenta horas de entrevistas com o músico.
Ele tem valorizado um repertório pouco usual. Gravou, por exemplo, o concerto D'Albert, várias obras de David Popper e três concertos para violoncelo e cordas de Carl Philipp Emanuel Bach. A música brasileira aparece com frequência em suas apresentações ao vivo e nos seus CDs, com destaque para a de Heitor Villa-Lobos, de quem gravou os dois concertos para violoncelo e orquestra, a fantasia, também para violoncelo e orquestra, as Bachianas Brasileiras 1 e 5, e, com Cristina Ortiz, a integral da obra para violoncelo e piano do compositor.
Aliás, é impressionante a sua produção fonográfica, sempre de altíssimo nível. Antonio Meneses protagonizou mais de 20 gravações, muitas das quais, como os registros do Don Quixote, de Richard Strauss, e do Concerto Duplo, de Brahms (que contou também com a violinista Anne-Sophie Mutter), em colaboração com Karajan, são consideradas modelares.
UFRJ
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