sexta-feira, 6 de março de 2009

Concertos no Brasil e no exterior celebram 50 anos da morte de Villa-Lobos

A data exata é apenas 17 de novembro, mas as homenagens pelos 50 anos da morte de Heitor Villa-Lobos já estão acontecendo. De Londres a Tóquio, passando pelas principais capitais brasileiras, o que não falta são concertos com obras de nosso maior músico erudito.
No Rio, cidade natal do compositor, o pianista Luis Carlos Moura Castro dá recital amanhã, na série Música nos Museus, que abrirá grande espaço à obra de Villa-Lobos.
Na mesma data, o maestro John Neschling rege a Filarmônica de Varsóvia, na capital polonesa, em um programa iniciado com os "Choros no 6".
"Em duas semanas estarei dirigindo a Orquestra Nacional da Grécia, e meu solista será o Antonio Menezes , com o 'Concerto para Violoncelo' do Villa. Portanto, vamos comemorando", diz Neschling, cuja integral dos "Choros" vem sendo aclamada pela imprensa internacional e que programou uma série de obras do compositor para a Osesp tocar neste ano.
Não será a única orquestra brasileira a fazê-lo. A Filarmônica de BH, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (Brasília), a Sinfônica Municipal de Campinas e a OSB (Rio) são outros grupos que incluem peças de Villa-Lobos em sua temporada.
Em fevereiro, a soprano Adriane Queiroz canta as "Bachianas Brasileiras no 5" na Staatsoper de Berlim; em maio, Roberto Tibiriçá faz apresentações comemorativas em Portugal e na Venezuela, enquanto, em agosto, Roberto Minczuk vai ao Japão, para um concerto incluindo cinco das nove "Bachianas Brasileiras". No mesmo mês, o Cuarteto Latinoamericano faz, na Cidade do México, a integral dos quartetos de cordas do compositor.
Ano da França
O maestro e oboísta Alex Klein, que regeu aquele que possivelmente foi o primeiro concerto de Villa-Lobos do ano (no dia 3, em Portugal), pretende cruzar a efeméride, em junho, no festival Oferenda Musical, que acontece em São Paulo, dentro das comemorações do Ano da França no Brasil.
"Villa-Lobos, apesar de ter chegado 'já feito' em Paris, foi ainda muito influenciado pelo movimento musical francês da época, e influenciou a França com seu próprio brasilianismo individual", afirma.
Nelson Freire começa em Paris, no dia 23, uma série de recitais de piano solo por capitais europeias, incluindo, ao lado de Brahms, Schumann, Chopin e Debussy, obras de Villa-Lobos, como as "Cirandas" e "Dança do Índio Branco".
"Esta última finalizou muitos recitais meus quando era criança, entre 1956 e 1959. Depois disso, nunca mais toquei. Foi uma redescoberta", diz.
Cristina Ortiz também vai tocar Villa-Lobos na Europa. Além de Itália, Suíça e Inglaterra, executa o "Momoprecoce" com a Banda Sinfônica do Estado de SP, em junho; faz apresentações em BH; e fecha o ano na Espanha, ao lado do violoncelista Antonio Meneses.
O Museu Villa-Lobos, no Rio, abriga, em março, uma exposição de fotos, filmes, documentos e partituras, e organiza, em novembro, seu tradicional festival de tributo ao compositor.

DVDs e antologia

O ano prevê ainda o lançamento dos DVDs "Alma Brasileira", de Marcelo Bratke, pela Biscoito Fino, em fevereiro, e da Sinfônica do Teatro da Paz (Belém), sob regência de Mateus Araújo, em março, com as "Bachianas Brasileiras no 7".
Na área editorial, a Academia Brasileira de Música e a Funarte preveem para o mês de fevereiro o lançamento de uma edição revista, em quatro volumes, do "Guia Prático" --uma antologia de cantos folclóricos, hinos, temas ameríndios e peças do repertório universal recolhidos, selecionados e arranjados por Villa-Lobos, para uso educacional.
E, no segundo semestre, a Publifolha deve lançar "Folha Explica Villa-Lobos", do violonista Fabio Zanon. "O universo sonoro de Villa-Lobos é uma coisa arrasadora, que esmaga qualquer questiúncula sobre seu alinhamento com a questão de nacionalidade ou com os cânones formais", afirma. "Nossa ideia de Brasil seria muito mais pobre sem a leitura efetuada por Villa-Lobos de nosso patrimônio musical."

IRINEU FRANCO PERPETUO
Folha de S.Paulo

Colaborou: Luciana Pansa

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