sexta-feira, 13 de março de 2009

O TIM CHEGA AO FIM

Maior festival de música pop da América do Sul foi cancelado pela operadora de telefonia móvel TIM

O TIM Festival, o maior festival de música pop da América do Sul, foi desativado pelo seu patrocinador, a operadora de telefonia móvel TIM. Também foi cancelado o Prêmio TIM de Música, que teve seis versões no Rio de Janeiro. É até agora o maior reflexo da crise econômica no mundo do show biz brasileiro, que parecia imune à turbulência.

Consultada pelo Estado, a assessoria de Imprensa da TIM Brasil divulgou ontem à tarde a seguinte nota oficial: "Confirmamos que a TIM está em negociações com a Dueto para descontinuar o TIM Festival. As partes comentarão o assunto somente após a conclusão das negociações. A partir deste ano estamos descontinuando a realização do Prêmio TIM de Música. Os recursos até então destinados ao projeto serão utilizados em outras alternativas de comunicação para a marca da empresa. A TIM agradece ao produtor e parceiro José Mauricio Machline (produtor do Prêmio TIM) pelo profissionalismo dedicado às seis edições do evento."

A organização do festival foi pega de surpresa pela notícia. "A gente ainda tinha esperanças", disse ontem Monique Gardenberg, dona da Dueto Produções, produtora do festival. Monique ainda esperava convencer a empresa a reconsiderar. Ela acredita que não há mais tempo hábil para realizar o festival com um outro parceiro, mudando de nome. O festival costuma ser realizado em finais de outubro.


A TIM Brasil confirmou a manutenção do patrocínio ao Auditório Ibirapuera, em São Paulo. A empresa ajudou na construção da sala, com R$ 25 milhões. A decisão da TIM causou apreensão no setor, que possui muitos eventos e casas de shows batizados com nomes de patrocinadores - caso do Citibank Hall, o HSBC Hall, Credicard Hall, entre outros.

O cancelamento do TIM Festival, cuja edição anual tinha um custo estimado em cerca de R$ 4 milhões, traz sobretudo um grande prejuízo à diversificada agenda cultural de São Paulo e Rio (o evento também tinha edições menores em Vitória e Curitiba). Em 2007, mobilizou cerca de 70 mil espectadores. Além de estimular o turismo cultural, criava empregos, espalhava tendências e já integrava o calendário de festivais do gênero no mundo - chegou a ser considerado um dos três melhores em seu setor.

Maior mostra de música internacional do País, o festival começou em 1985 como uma versão tropical do Cool Jazz Festival americano. Foi criado pelas irmãs Monique e Sylvia Gardenberg (Sylvia morreu em 1998, e Monique levou o festival adiante).

Abrigado pela companhia de cigarros Souza Cruz, tornou-se um ano depois, em 1986, o Free Jazz Festival, realizado durante 18 anos, e que trouxe ao País artistas como Sonny Rollins, Max Roach, Sarah Vaughan, Art Blakey, Wayne Shorter, Brian Wilson, Little Richard, John Zorn, Philip Glass, Kraftwerk, Björk, Patti Smith, Strokes.

A partir do final dos anos 1990, o festival buscou incluir em sua programação a música eletrônica e correntes híbridas como o acid jazz e o trip-hop. Com a proibição da propaganda de cigarros em eventos públicos, o festival mudou de patrocinador, tornando-se TIM Festival. O "padrinho" da parceria era o publicitário Mario Cohen, que hoje é diretor do Auditório Ibirapuera.

Jotabê Medeiros
O Estado de S. Paulo
Colaborou: Luciana Pansa

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