A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, defendeu, nesta quarta-feira (16/05), no
Senado, transparência no processo de escolha dos livros didáticos selecionados
pelo Ministério da Educação (MEC) para uso na rede pública de ensino. Para ela,
os critérios de aprovação ou não de um livro precisam ser conhecidos como forma
de garantir a fiscalização dos recursos aplicados no programa. A cada ano, o
MEC investe cerca de R$ 1,2 bilhão só na compra dos livros didáticos, segundo
especialistas. “Além de verificar e fiscalizar o uso desses recursos públicos,
é preciso observar as questões relacionadas ao conteúdo didático e os critérios
de escolha”, afirmou.
Em audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e
Esporte (CE), do Senado, organizada para discutir os critérios do MEC na
escolha das obras que serão incluídas no Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD), criticou o fato de obras reprovadas para uso no ensino público poderem
ser usadas pelos alunos das escolas particulares. “O Ministério da Educação
avalia, mas não proíbe. A obrigação do MEC é zelar pela educação de todos”,
afirmou a senadora, autora do requerimento que permitiu a realização da
audiência.
O anonimato dos pareceristas, responsáveis por avaliar os
livros, foi uma das críticas feitas pelo presidente da Associação Brasileira
dos Autores de Livros Educativos (ABRALE), José de Nicola Neto, e pelo
professor e autor de livros didáticos, Francisco Azevedo de Arruda Sampaio,
nesse processo. “É preciso ter clareza, transparência e pluraridade para que os
critérios de exclusão sejam compreendidos”, afirmou o presidente da ABRALE na
audiência pública. Eles também criticaram o fato de os relatórios não poderem
ser contestados pelos autores, o que, segundo Nicola Neto, poderá ser feito no
processo de definição do PNLD de 2013. “O PNDL foi criado há 16 anos e durante
todo esse tempo ninguém teve direito de contestar os resultados, o que é uma
humilhação pessoal”, afirmou a presidente da CNA.
A senadora Kátia Abreu também questionou os participantes
sobre o processo de escolha dos avaliadores e o valor pago pelo MEC aos
pareceristas. “Respeito as universidades do País, mas precisamos conhecer esse
processo”, afirmou a presidente da CNA. Durante a audiência, os especialistas
informaram que a Secretaria de Ensino Básico (SEB), do MEC, escolhe as
universidades que formaram equipes para avaliar os livros inscritos no processo
de seleção. Em relação ao valor pago aos pareceristas, Arruda Sampaio afirmou
que o MEC paga cerca de R$ 10 mil por livro avaliado, valor que é muito
superior ao praticado no mercado. Ele lembrou que o valor efetivamente pago aos
avaliadores pareceristas é de cerca de R$ 1.250 por livro. “Como cada livro é
avaliado por dois ou, no máximo, três avaliadores, o custo máximo por livro que
a universidade terá com estes profissionais não ultrapassa R$ 3.750”, afirmou o
professor, lembrando que outros custos são considerados.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Editores de
Livros Escolares, Antonio Luiz Rios da Silva, também participou da audiência.
Ele afirmou preferir avaliar os “recentes avanços do programa” adotados pelo
Ministério da Educação, para que se possa verificar se as mudanças “resolveram
os problemas” identificados no programa.
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