Analotte Liadov nasceu em São Petersburgo ,
na Rússia, no dia 11 de maio de 1855 e morreu em Veliky Novgorod ,
Rússia, no dia 28 de agosto de 1914, filho de uma família bastante musical e
pouco afeita às chamadas exigências da vida prática’. Herdou dos pais o gênio
musical e também aquilo que, na época, costumava ser chamado, algo
poeticamente, de “lassidão langorosa”. Hoje tal traço de personalidade atende pela
designação mais frugal e pouco otimista de ‘preguiça’. Tal característica
acompanhou-o durante a vida inteira, impedindo-o de enfrentar grandes projetos
que exigissem dele uma dediação por um período de tempo relativamente longo.
Por isso, à exceção da juvenil cena final de “A Noiva de Messina” de Sahiller
(1878) tudo o que ele nos legou foram: uma dúzia de curtas peças orquestrais,
meia dúzia de composições para coro, um pouco de 50 canções e uma pequena
multidão de miniaturas para piano. A severa autocrítica foi outro fator que não
deixou que seu catálogo de obras crescesse muito.
Apesar da indolência do autor, a música de Liadov nos mostra
um artista singular, ainda que conservador, muito refinado e dado aos
requintados experimentos com os timbres instrumentais da orquestra. Aluno
queiro de um grande mestre de orquestração ruusa, Rincky-Korsakov, absorveu em
profundidade as lições desse. E, malgrado a famigerada preguiça, tudo o que ele
conseguiu tornar público nos anos finais de sua carreira encantou a todos
amadores e colegas músicos, Isso porque, denotando um tratamento arejado da harmonia e do ritmo, além do supremo refinamento da
paleta orquestral, sua música sempre ostentou cativante fisionomia. Uma
curiosidade a mais da personalidade artística de Liadov: por não conseguir
acreditar muito que a música fosse capaz de traduzir as paixões humanas, ele
dava preferência a ambientar suas obras em lendas antigas e pertencentes ao
universo feérico dos contos de fada da Rússia e do Oriente. Para evocar esse
universo existente fora da cotidianidade, empregava uma orquestração irisada,
diáfana e repleta de efeitos incomuns.(...)
J. Jota de Moraes
Programa de Concerto – Osesp –
Abril 2009
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