Antiqüíssimo e bastante empregado em diversas culturas pelo
globo, o trompete ganou especial relevo tanto na Mesopotâmia das narrativas
bíblicas quanto no velho Egito. Sempre ostentou versatilidade: nas civilizações
antigas, servia, para anunciar o começo de uma batalha ou, entre outras
funções, chamar a atenção dos fiéis para uma cerimônia religiosa; no
“Apocalipse”, 12 anjos utilizam o trompete para anunciar os sinais do final dos
tempos. Mais próximo à atualidade. Felix Mendelssohn-Bartholdy (1809-47)
conferiu ao trompete um tema alegre, em sua abertura da marcha nupcial de Sonho
de uma Noite de Verão. Já Gustav Mahler (1860-1910) empregou o trompete como
solista do movimento inicial se sua Quinta Sinfonia num andamento de uma
aterradora marcha lenta “como um cortejo fúnebre”.
Há múltiplas formas de trompete, mas o empregado nas atuais
orquestras sinfônicas é o chamado “moderno”. No passado, o tubo do instrumento
era reto e portanto, bastante longo, com quase 2,5 m de comprimento. Foi a
partir do Renascimento que se tubo pasou a ser enrolado sobre simesmo.
Facilitando seu manuseio. E, desde meados do século XIX o trompete ganhou três
pistões - o que lhe possibilitou
produzir , cromaticamente, todos os sons que sua extensão permite, incluindo semitons.
Sem pistões, o chamado trompete “natural” só é capaz de
produzir os harmônicos naturais de um som fundamental (essencialmente as notas
de um acorde tonal).
Exemplares dessa espécie integram conjuntos instrumentais
que se dedicam a “interpretações historicamente informadas” do repertório
anterior ao século XIX - do Renascimento
ao Barroco e ao Classicismo. Como era
costume nesses períodos , a fim de recobrir todo a âmbito sonoro, vários
instrumentos naturais (afinados de maneira distinta um doso outros) precisavam
ser convocados; só assim se conseguia recobrir o campo de tessitura exigido por
determinadas obras. É curioso o fato de, na primeira metade do século XVIII, os
instrumentistas que recebiam melhor salário terem sido aqueles que se especializavam
na execução dificílima dos pequenos e sueragudos trompetes, os clarinos. Logo
depois, já na época da Haydn e Mozert, eeses intrumentos caíram em desuso e só
voltaram a ser tocados pelos intérpretes “Historicistas” do século XX.
A Fisionomia do Trompete.
O trompete é um instumento de sopro de metal, que consta de
um tubo - cilíndrico em três quartos de sua extensão, o qual se torna cônico,
antes de terminar em um pavilhão. No outro extremo, por onde o instumento é
soprado, o trompete possui um bocal (ou embocadura) em forma de taça. Os
trompetes em Dó e em Si Bemol
são utilizados com maior freqüência atualmente e, em ambos os instrumentos pode ser percebidos três
registros distintos: grave, com sonoridade sombria; médio, com sons muito
claros e brilhantes; e agudo, onde os sons podem se tornar até mesmo
estridentes. Antes do metal, vários materiais foram empregados; tubo de cana,
bambu, madeira ou osso, e até chifres de animais.
Na história da música ocidental, encontramos uma verdadeira
pletora de obras nas quais o trompete, ou um grupo deles, desempenha papel de
grande importância.
Do final do Renascimento, são especialmente extraordinárias
as partituras dos Gabrielli (tio e sobrinho) para a “estereofônica” basílica de
São Marcos, de Veneza. Durante o Barroco, quando o reino da música instrumental
concertante expandiu-se por todoa a Europa, Torelli, Vivaldi, Handel, Bach,
Telemann e Purcell, entre outros, dedicaram a ele belas obras. Já o período
Clássico, entraram para o repertório dos grandes trompetistas, sobretudo, os
concertos de Mozart (pai) e Haydn (os irmãos Michael e Joseph). E se durante o
Romantismo o trompete foi quase esquecido, a parte um concerto de Hummel e
muitas obras no gênero “divertimento leve”, no século XX ele recobrou a imaginação
de compositores com força redobrada. Devemos a compositores como Stravinsky,
Hindemith, Tinsné, Schimit, Ligeti, Henze, Zimmermann, Berio, Rihm, Scelci,
Takemitsu e Kagel uma soma de obras originais, em que o trompete é presença
preponderante.
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