As origens da MPB, os principais compositores e intérpretes
de 1890 a 1990, década a década, de Chiquinha Gonzaga a Marisa Monte, de Catulo
da Paixão Cearense a Zezé Di Camargo e Luciano. Relançado semana passada, “MPB
- a história de um século” (Editora Funarte, R$ 70) é um livrão de 528 páginas
que serve de referência a quem quer entender os rumos dessa trajetória, e
acompanhá-la em fotos.
São 400 imagens de artistas de “importância decisiva”, entre
amarelados registros de Patápio Silva, Ernesto Nazareth, Heitor dos Prazeres e
Pixinguinha, imagens icônicas das gerações bossa nova (Tom, Vinícius, Menescal,
Bôscoli, Carlos Lyra e companhia, Sérgio Mendes e o Brasil-66 posando com Nixon
em Washington), da música de protesto, festivais, jovem guarda, até chegar aos
anos 90 do pagode e do sertanejo pop.
A publicação culmina na “nova MPB” que também estourou ali:
Marisa, Cássia Eller, Chico César, Zélia Duncan, alguns “modismos” passageiros
e fenômenos femininos que se perpetuaram (Ivete, Ana Carolina).
Já a novíssima MPB não entrou. “O espírito do livro foi se
ater ao século 20, que foi o consolidador e definidor da MPB. O século 21 está
começando ainda, não dá para se ter uma apreciação crítico-histórica”, diz
Ricardo Cravo Albin, pesquisador aplicado e diretor do Museu da Imagem e do Som
entre 1965 e 1971. Seus textos aparecem no livro também em inglês, francês e
espanhol.
Se a definição do que é MPB pode ser controversa, para Cravo
Albin não haveria sentido dividi-la em gêneros.
“A indústria
fonográfica é que separa em gêneros mercadológicos. Dizer que MPB é apenas
Chico Buarque é uma tolice sem paralelo. MPB é um título geral, que abrange o
rock, a música sertaneja, regional, é um grande guarda-chuva”. Atualmente, é do
Instituto Cravo Albin o mais confiável banco de dados online sobre essa
história, o dicionário com sete mil verbetes está acessível no endereço
dicionariompb.com.br.
“BREVE HISTÓRIA”
O livro é de 1998, estava esgotado desde o primeiro
lançamento e nunca havia sido atualizado. Divide-se em duas partes: na
primeira, atém-se às origens da MPB, ou “uma breve história” de cem anos, com
capinhas de discos, resumos biográficos e contextualização na linha do tempo da
MPB conforme a sua análise
“O nascimento dos
primeiros indícios de música popular brasileira se deu há cerca de 200 anos”,
explica o texto, sendo um dos “mais remotos registros de canto popular” os do
poeta baiano Gregório de Matos.
No entanto, “as bases” do que temos hoje só seriam fixadas
na segunda metade do século 19, com os lundus e modinhas de pioneiros como
Xisto Bahia, Chiquinha Gonzaga e Joaquim Callado, o samba de Donga e João da
Baiana, o choro e os conjuntos instrumentais.
Seguem-se anos dourados, de canções de Sílvio Caldas &
Orestes Barbosa, Ari Barroso e Ataulfo Alves; vozes como Carmen Miranda,
Orlando Silva, Francisco Alves, Mário Reis e Aracy de Almeida; uma certa
profissionalização; o auge dos ritmos nordestinos; a modernização trazida pela
bossa. E daí por diante, até chegar a Cartola, Roberto Carlos, Chico Buarque,
Gil, Caetano e os roqueiros dos anos 80. Na segunda parte do livro, vêm os
maiores nomes de cada década, na forma de verbetes com as devidas fotos.
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