quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um século de música popular brasileira



As origens da MPB, os principais compositores e intérpretes de 1890 a 1990, década a década, de Chiquinha Gonzaga a Marisa Monte, de Catulo da Paixão Cearense a Zezé Di Camargo e Luciano. Relançado semana passada, “MPB - a história de um século” (Editora Funarte, R$ 70) é um livrão de 528 páginas que serve de referência a quem quer entender os rumos dessa trajetória, e acompanhá-la em fotos.
São 400 imagens de artistas de “importância decisiva”, entre amarelados registros de Patápio Silva, Ernesto Nazareth, Heitor dos Prazeres e Pixinguinha, imagens icônicas das gerações bossa nova (Tom, Vinícius, Menescal, Bôscoli, Carlos Lyra e companhia, Sérgio Mendes e o Brasil-66 posando com Nixon em Washington), da música de protesto, festivais, jovem guarda, até chegar aos anos 90 do pagode e do sertanejo pop.
A publicação culmina na “nova MPB” que também estourou ali: Marisa, Cássia Eller, Chico César, Zélia Duncan, alguns “modismos” passageiros e fenômenos femininos que se perpetuaram (Ivete, Ana Carolina).
Já a novíssima MPB não entrou. “O espírito do livro foi se ater ao século 20, que foi o consolidador e definidor da MPB. O século 21 está começando ainda, não dá para se ter uma apreciação crítico-histórica”, diz Ricardo Cravo Albin, pesquisador aplicado e diretor do Museu da Imagem e do Som entre 1965 e 1971. Seus textos aparecem no livro também em inglês, francês e espanhol.
Se a definição do que é MPB pode ser controversa, para Cravo Albin não haveria sentido dividi-la em gêneros.
 “A indústria fonográfica é que separa em gêneros mercadológicos. Dizer que MPB é apenas Chico Buarque é uma tolice sem paralelo. MPB é um título geral, que abrange o rock, a música sertaneja, regional, é um grande guarda-chuva”. Atualmente, é do Instituto Cravo Albin o mais confiável banco de dados online sobre essa história, o dicionário com sete mil verbetes está acessível no endereço dicionariompb.com.br.
 “BREVE HISTÓRIA”
O livro é de 1998, estava esgotado desde o primeiro lançamento e nunca havia sido atualizado. Divide-se em duas partes: na primeira, atém-se às origens da MPB, ou “uma breve história” de cem anos, com capinhas de discos, resumos biográficos e contextualização na linha do tempo da MPB conforme a sua análise
 “O nascimento dos primeiros indícios de música popular brasileira se deu há cerca de 200 anos”, explica o texto, sendo um dos “mais remotos registros de canto popular” os do poeta baiano Gregório de Matos.
No entanto, “as bases” do que temos hoje só seriam fixadas na segunda metade do século 19, com os lundus e modinhas de pioneiros como Xisto Bahia, Chiquinha Gonzaga e Joaquim Callado, o samba de Donga e João da Baiana, o choro e os conjuntos instrumentais.
Seguem-se anos dourados, de canções de Sílvio Caldas & Orestes Barbosa, Ari Barroso e Ataulfo Alves; vozes como Carmen Miranda, Orlando Silva, Francisco Alves, Mário Reis e Aracy de Almeida; uma certa profissionalização; o auge dos ritmos nordestinos; a modernização trazida pela bossa. E daí por diante, até chegar a Cartola, Roberto Carlos, Chico Buarque, Gil, Caetano e os roqueiros dos anos 80. Na segunda parte do livro, vêm os maiores nomes de cada década, na forma de verbetes com as devidas fotos.

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