Denise é uma pequena mulher de grandes e irrepreensíveis
condutas.
Filha de pastor Presbiteriano trazia em si forte
religiosidade o que promovia humanidade e, por consequência, uma sensibilidade
pronta para ser explorada pelo canto.
Denise é soprano ligeiro, voz aguda por natureza, não
encontrava dificuldade em passear por notas agudas, onde se expressava com
naturalidade.
Responsável, nunca assumia o que não poderia cumprir,
característica que acabou por afastá-la do projeto visto que havia concluído o
curso de fonoaudiologia e, dado a sua postura, o trabalho passou a ser um fator
que colocaria em risco sua atividade artística, pois era casada e não haveria
como atender as exigências do grupo.
Denise era de natureza alegre, receptiva e faladora, mas não
“tagarela”, criou rapidamente amizade com todo o grupo. Seu rosto é expressivo
e, provavelmente, por conta de seriedade que conduz tudo o que faz, normalmente
chegava com uma expressão de cansada no ensaio, o que lhe rendeu o carinhoso
apelido de Soneca. Apelido dado pelo Wagner e rapidamente acatado por todo o
grupo.
Soneca teve participação ativa e foi solicitada, por conta
de sua formação, por diversas vezes. Sempre solícita, atendia prontamente tudo
o que lhe era solicitado.
Sua passagem por nosso projeto foi marcada por momentos
intensos e gostosos visto que, como já dissemos era possuidora de bom humor,
mas, apesar da pequena estatura, tornava-se enorme quando pretendia defender um
ponto de vista ou se sentia contrariada no que acreditava.
Sua religiosidade, por vezes, criou barreiras para
interpretação de certos repertórios, principalmente para os que continham
músicas das seitas e religiões afrodescendentes visto que fazia parte de um
seguimento religioso que entende como demoníaca as manifestações religiosas que
trabalham com entidades espirituais das quais se ocupavam tais seitas e
religiões. Todavia, por ser uma pessoa esclarecida, entendeu que seu papel
dentro do processo artístico que se baseia única e exclusivamente em aspectos interpretativos,
nada mais.
Para além dos fatores já apontados que promoveram seu
afastamento, o fato dela pretender ser mãe foi, talvez, o que mais colaborou
para sua decisão, o que derruba qualquer argumento contário.
Sua convivência com o grupo sempre foi saudável e sua
passagem foi importante à medida que ela foi um belo exemplo de que se é
possível fazer música quando se deseja fazer música. Apesar de nunca ter
participado de um coral, aceitou a orientação de sua então professora de canto
para, se fosse aceita, tentar acompanhar, como cantora, o trabalho por nós
realizado, pois no entendimento de sua professora era importante para sua
evolução como cantora.
Seu esforço a tornou peça importante na sonoridade do grupo
e sua responsabilidade foi certamente exemplo para todos.
Nossa gratidão e amizade a nossa “grande” Soneca.
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